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Títulos e presença em 51% dos jogos por R$ 25 milhões. Guilherme se pagou?

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

26/08/2015 08h10

A relação entre Guilherme e o Atlético-MG durou quatro anos e cinco meses. Entre altos e baixos, amor e ódio, o meia que chegou como atacante jamais conseguiu se tornar ídolo da torcida alvinegra. Pode ser que daqui 20 ou 30 anos seja reconhecido pela importância que teve nas recentes conquistas atleticanas, especialmente na Copa Libertadores de 2013, mas certamente não foi por cima que ele deixou a Cidade do Galo.

Contratado como presente de aniversário pelos 103 anos do Atlético, em março de 2011, Guilherme custou caro ao clube e foi embora sem render um centavo sequer. Entre salários, luvas, prêmios e valor pago ao Dínamo de Kiev, da Ucrânia, foram mais de R$ 25 milhões para contar com um atleta que atuou em 51% das partidas do Atlético.

Entre lesões, ao todo foram 16, e jogos que ficou no banco de reservas, Guilherme entrou em campo pelo Atlético em 147 oportunidades. A última delas no triunfo sobre o Palmeiras, quando atuou por pouco mais de 20 minutos, mas sem destaque, assim como nas últimas partidas com a camisa alvinegra. Apesar de contratado em março de 2011, Guilherme só teve condição de jogo dois meses depois. Desde então o Atlético disputou 287 partidas.

Revelado pelo Cruzeiro, Guilherme chegou à Cidade do Galo com fama de carrasco do Atlético, devido aos gols e triunfos nos clássicos pelo lado azul. Se diante do rival Guilherme não conseguiu fazer um gol sequer, ele tem um clássico pelo lado alvinegro para se recordar. Na semifinal do Mineiro, quando entrou no intervalo e deu as duas assistências para os gols de Lucas Pratto. Virada atleticana e classificação para a final.

Mas bons momentos foram raros. Os primeiros meses foram de contusões, críticas e luta contra o rebaixamento. Guilherme teve seu primeiro brilho pelo Atlético na final o Estadual de 2012, contra o América-MG, quando foi determinante para vitória e, consequentemente, para a conquista invicta.

As chegadas de Ronaldinho, Jô, Diego Tardelli, além da ascensão de Bernard só dificultaram as coisas para Guilherme, que se tornou um reserva de luxo. Foi quando o jogador trocou de posição. Deixou de ser um atacante para se tornar um meia, o reserva imediato de Ronaldinho. Aliás, os elogios do craque sempre serviram de estímulo para Guilherme, que tinha em Gaúcho um ídolo de infância.

Foi então que saiu o gol contra o Newell’s Old Boys, aos 50 minutos do segundo tempo. O gol de Guilherme levou a decisão da semifinal da Libertadores de 2013 para a disputa de pênaltis. Já com a camisa 17, número usado por ele até o último domingo, cobrou uma penalidade e fez um gol na decisão. E assim também foi na final contra o Olímpia, quando bateu o segundo pênalti da disputa que levou o Atlético a inédito título do torneio.

Decisivo nas finais da Libertadores, Guilherme passou a ter um crédito com a torcida atleticana que até então era novidade. E a grande partida contra o Corinthians, pelas quartas de final da Copa do Brasil do ano passado, quando marcou duas vezes e deu passe para outro gol, alçaram Guilherme ao status de grande jogador. No entanto, com muitas lesões, o meia jamais conseguiu ter uma sequência.

Tanto que a renovação de contrato se tornou uma novela. Entre a primeira proposta e a assinatura de contrato foram longos dez meses. Titular de Levir Culpi, Guilherme perdeu espaço depois que decidiu deixar o Atlético. A frustrada saída para o Cruz Azul determinou o futuro do meia, que não contava mais com o mesmo prestígio que tinha com o treinador. Infeliz, sem jogar ou jogando mal, Guilherme decidiu sair. O destino deve ser o futebol turco. Uma cláusula permitiu a saída do jogador sem nenhum custo.

E assim terminou a história de Guilherme com o Atlético. Foram 147 jogos, 27 gols marcados, seis títulos conquistados (Libertadores, Recopa, Copa do Brasil e três Mineiros) por mais de R$ 25 milhões.