Um gol de raça, marcado pelo artilheiro do time no último minuto, levou o Palmeiras à conquista da Copa do Brasil em 1998. Um gol de oportunismo, feito por um herói improvável, deu ao clube a segunda conquista na competição, 14 anos depois.
Os lances ocorridos em uma tarde chuvosa, no Morumbi, contra o Cruzeiro, e na fria noite da capital paranaense, no Couto Pereira, diante do Coritiba, certamente seguem vivos na mente do torcedor palmeirense. E remetem às figuras dos atacantes Oséas e Betinho, artilheiros palmeirenses nas duas decisões.
Em entrevista ao UOL Esporte, os dois heróis palmeirenses contaram detalhes das conquistas da Copa do Brasil. Nas duas oportunidades, o time alviverde era comandado por Luiz Felipe Scolari. A presença do treinador, segundo Oséas e Betinho, foi fundamental para o título.
"Perdemos o primeiro jogo (1 a 0, no Mineirão), mas sabíamos que tínhamos condições. A motivação começou já nos vestiários. E o Felipão foi muito importante. Ele sabe motivar um grupo. Aprendi muito com ele", relembra Oséas.
Para Betinho, o mérito do treinador em 2012 está ligado à blindagem do grupo. "O Felipão conseguiu fechar o grupo para a conquista, o ambiente era bom. Claro que nem todo mundo precisa ser amigo fora de campo, mas na época o grupo estava bem fechado", relembra.
A segunda conquista, porém, teve um gosto amargo na sequência, já que o time acabou sendo rebaixado para Série B no mesmo ano. "A gente estava muito bem na Copa do Brasil, acabamos deixando isso acontecer. Pensamos que daria tempo para se recuperar e, quando abrimos os olhos, já estava muito difícil. A gente tinha muitos jogadores machucados e sobrou para os meninos da base assumir uma responsabilidade gigante".
Os gols na memória
Oséas marcou o gol do título aos 44 minutos do segundo tempo, após uma falta cobrada por Zinho, de longe. No lance, o goleiro Paulo César espalmou a bola para o lado e viu o atacante fazer 2 a 0.
"Atacante que é atacante tem de acreditar na falha do goleiro. Além disso, o Felipão sempre falava para eu ir no rebote. Ainda nem que estava garoando. Chutei sem ângulo e quando vi a rede balançar foi uma emoção muito grande", disse o ex-atacante, que defendeu o Palmeiras até 2000.
O gol de Betinho também foi marcado após uma cobrança de falta (daquela vez, feita por Marcos Assunção). Àquela altura, o Palmeiras, que venceu por 2 a 0 na partida de ida, perdia por 1 a 0 e sofria com a pressão do Coritiba no segundo tempo.
Betinho desviou a bola de cabeça e praticamente assegurou o título. "Na hora que eu fiz o gol, voltei para o nosso campo e já sabia que éramos campeões. Pensei que dali em diante era só administrar para que a gente pudesse ser campeão de fato", frisou o atleta que hoje defende o Paysandu.
Palmeiras em busca do tri
Para Oséas, o Palmeiras é o favorito contra o Santos na final da Copa do Brasil deste ano. O herói de 1998 ressalta a tradição do clube em disputas de mata-mata -- o atacante participou também da conquista da Libertadores, em 1999, marcando mais um gol na decisão.
"Muitos acham que o Santos é mais time, mas o Palmeiras cresce muito quando chega a uma final. É muito forte e sabe jogar mata-mata", afirmou Oséas, que até arrisca qual jogador irá repetir sua façanha. "Estou muito contente com o Gabriel Jesus. Quem sabe ele pode ser o iluminado."
Já Betinho disse que é preciso esquecer as últimas partidas no Campeonato Brasileiro. Em 2012, o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil em junho daquele ano, durante uma péssima campanha no Brasileirão.
"Uma final é completamente diferente de tudo. São dois jogos diferentes e não importa o que você fez no início da campanha", ressaltou o atacante, que não se considera um ídolo do clube. "Ídolo é Evair, Marcos. Esses monstros que marcaram época."
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