Topo

Você já viu um cinema onde pode xingar e falar palavrão? O palmeirense já

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

26/11/2015 17h39

Esqueça o telefone no modo silencioso, os comentários cochichados para não atrapalhar os vizinhos ao lado ou aquele chato 'xiu' vindo da cadeira à frente se você falou mais alto que devia. Esta sessão de cinema é bem diferente da que você está acostumado. Está liberado levantar da cadeira, gritar, xingar e até falar palavrão. Mas só para quem é palmeirense.

O Palmeiras transformou uma sala de cinema de um Shopping na Zona Oeste de São Paulo em arquibancada no jogo contra o Santos pela final da Copa do Brasil. Quem não pôde ir à Vila Belmiro na última quarta-feira, pôde sentir pelo menos mais emoção com os jogadores em tamanho gigante e áudio para blockbuster nenhum botar defeito.

Os gritos começaram antes mesmo de a bola rolar, assim que o telão mostrou a cena final da novela global "A Regra do Jogo". Os ídolos Evair e Amaral também fizeram o papel de animadores de torcida e terminaram o aquecimento para o jogo.

A torcida começou animada cantando o hino do clube e músicas que costumam ser entoadas nas arquibancadas da Arena. Em pouco tempo a felicidade virou tensão quando o Santos teve um pênalti a seu favor. Mas o erro de Gabriel Barbosa, que chutou na trave de Fernando Prass, inflamou os fãs novamente que comemoraram como um gol.

Com o melhor desempenho dos rivais e as várias chances de gol perdidas pelo Santos, no entanto, a preocupação voltou a dominar o cinema e o filme de ação virou suspense. Os semblantes tensos, as mãos no rosto e os olhares de espanto estavam dignos de Hitchcock, principalmente com as chances de ataque do Santos.

E como em um clássico longa não pode faltar um vilão, os palmeirenses elegeram o árbitro Luiz Flávio de Oliveira como o antagonista da história por um pênalti não marcado em Lucas Barrios. Os xingamentos e os palavrões tomaram conta do local. Mas foi nos minutos finais que o jogo tomou ares de filme de terror quando Gabigol driblou Amaral e marcou aos 33 minutos do segundo tempo. Para piorar, Nilson apareceu na cara do gol sem marcação e desperdiçou uma chance incrível já nos acréscimos.

Com o passar do susto, o sentimento geral era de que o resultado nem foi tão ruim assim. "Depois desse lance, vamos ser campeões", gritou um torcedor. Os outros se animaram e ousaram até a soltar gritos de 'é campeão' com o apito final.

Apesar da derrota, os torcedores aprovaram a experiência que não se resumiu a ver o jogo. Eles ainda tiveram alguns benefícios que quem vai ao estádio não tem. A cerveja estava liberada, e houve teve até quem exagerasse na dose tentando se equilibrar entre as escadas da sala. "Tomei demais", bradava um torcedor.

Os quitutes também chamaram a atenção com direito a ceviche, enroladinho de abobrinha com queijo de cabra e uva thompson, carolina de patê de azeitona com alho poró e outras iguarias.

Mas o preço era mais salgado que a tradicional pipoca e em nada lembravam uma entrada de cinema. Os mais baratos eram as entradas destinadas a estudantes que custaram R$ 200. Quem é sócio Avani pagou R$ 250, enquanto a inteira custou nada menos que R$ 400. Pelo Palmeiras, vale tudo.