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Modesto ou Nobre. Nomes dos presidentes explicam contraste entre rivais

Jogadores do Palmeiras discutem durante jogo válido pelo Brasileirão - Ricardo Nogueira/Folhapress
Jogadores do Palmeiras discutem durante jogo válido pelo Brasileirão Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Diego Salgado e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo

01/12/2015 06h00

Palmeiras e Santos voltarão a se enfrentar na próxima quarta-feira, na decisão da Copa do Brasil. O 7º confronto de 2015 entre as equipes é marcado por polêmicas em relação à arbitragem, rivalidade e declarações provocativas. Além disso, o duelo traz à tona o contraste financeiro entre os dois clubes.

No começo desta temporada, por exemplo, o Palmeiras conseguiu fechar um contrato de dois anos com patrocinador master. A Crefisa paga ao clube alviverde R$ 23 milhões anuais pelo espaço na camisa, além de ajudar em algumas contratações. Já o Santos não conta com essa receita desde o começo de 2013, quando o vínculo com a BMG foi encerrado. 

No clube alvinegro, o presidente Modesto Roma faz jus ao nome. O dirigente é jornalista de formação e está longe de possuir uma conta bancária que possa ajudar o clube paulista. O máximo que o mandatário fez de incomum foi viajar com o dinheiro do próprio bolso para acompanhar o time na Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano.

Na ocasião, ele assumiu o clube paulista “afogado” em dívidas deixadas pela antiga diretoria. Paulo Nobre, por sua vez, já chegou a investir no Palmeiras. Até julho de 2014, o presidente alviverde havia emprestado mais de R$ 100 milhões ao clube. Segundo ele mesmo, o conceito está errado, mas salvou o Palmeiras de um endividamento maior.

Contratações para 2015 

O investimento palmeirense é bastante superior em relação às contratações. O alvinegro praiano teve um início de ano bem diferente do Palmeiras. Sem grandes contratações, o Santos sofreu debandada de atletas na Justiça por causa de atraso de salários (dois deles foram para o rival alviverde – Arouca e Aranha). 

O Palmeiras contratou 25 jogadores. Apesar de a maioria ter chegado sem custos, o clube desembolsou 6 milhões de euros (R$ 18,7 milhões na cotação de janeiro) para trazer o meia-atacante Dudu, que também era alvo de Corinthians e São Paulo.

A diretoria ainda acertou com o meia Robinho -- no total, pagou R$ 2,5 milhões por 50% dos direitos econômicos que pertenciam ao Coritiba. O clube alviverde também desembolsou cerca de R$ 5 milhões para comprar 50% dos direitos econômicos do atacante Leandro Pereira, já negociado com o futebol belga.

Diferente do Palmeiras de Nobre, o Santos não gastou um centavo com direitos econômicos de atletas em suas contratações nesta temporada. Foram treze jogadores contratados. Tanto para contratar em definitivo ou por empréstimo, o Santos não desembolsou nenhum valor pelos atletas. Só paga os salários. 
 
No Palmeiras, a contratação do atacante Lucas Barrios e do volante Thiago Santos só foi possível graças à Crefisa e a FAM, que pertence ao mesmo grupo. A parceira topou pagar R$ 4 milhões de luvas e também os salários do paraguaio. A empresa também foi responsável pelo pagamento da multa rescisória de R$ 1 milhão para liberar o atleta do vínculo que teria com o América-MG. 
 
Além disso, Modesto Roma precisou buscar recursos financeiros para pagar contas atrasadas - como telefone, água, luz e até uma floricultura. Em janeiro, o Santos teve os telefones cortados e sofreu ameaça de ficar no escuro.
 
O clube passou o primeiro semestre quitando contas. Somente em 2015, o Santos pagou quase R$ 60 milhões em dívidas, somando o "rombo" deixado pela ex-diretoria e os gastos atuais com fornecedores, bancos e folhas salariais.
 
Para minimizar a crise, o Santos reduziu o valor da folha salarial pela metade – de R$ 6 milhões para R$ 3 milhões – somando o departamento de futebol e administrativo. O curioso é que o quadro de funcionário aumentou de 330 para 390 empregados.
 
Além disso, o Santos obteve um empréstimo de R$ 8 milhões do Banco BMG, que colaborou para o pagamento dos atrasados. No entanto, a maior parte desta verba foi utilizada para quitar a dívida com Robinho (eram oito meses de salários atrasados).
 

Aumento das receitas 

Outro ponto de distorção está ligado aos estádios dos dois clubes. Desde novembro do ano passado, o Allianz Parque fez o Palmeiras bater recorde de renda.  Depois de 37 partidas disputada no local, a arrecadação bruta ultrapassou a marca de R$ 77 milhões -- o clube embolsou quase R$ 53 milhões.

Já Modesto Roma ainda trabalha para o Santos construir uma Arena e deixar a Vila Belmiro utilizar a Vila Belmiro apenas como uma espécie de museu. A renda da final da Copa do Brasil mostra a diferença de realidade.
 
Na quarta-feira passada, o estádio santista recebeu 14.166 torcedores, com renda bruta de R$ 1.631.560,00. Na segunda partida, o Palmeiras pode bater recordes da sua nova arena: de público (39.479, diante do Santos, na final do Paulistão) e de renda (R$ 4.915.885, contra o Sport, na abertura).