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Triste rotina! Botafogo x Flamengo vira 'clássico da confusão' e preocupa

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Imagem: Vinicius Castro / UOL Esporte

Bernardo Gentile e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/08/2017 04h00Atualizada em 17/08/2017 11h57

As cenas de violência nos arredores do estádio em dia de Botafogo x Flamengo não são mais novidade. O empate por 0 a 0 no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil, na última quarta-feira, não foi diferente. Foram várias confusões. Rubro-negros sofreram ao entrar no Nilton Santos (Engenhão) e alvinegros entraram em confronto com a polícia na volta para casa. Isso sem contar o botafoguense que foi detido por injúria racial no fim do duelo.

A verdade é que nenhum outro confronto tem gerado tantas confusões como os clássicos entre Flamengo e Botafogo. E vem mais pela frente. As equipes decidem na próxima quarta-feira quem passará para a final da Copa do Brasil no jogo de volta, no Maracanã. Após ser minoria no Engenhão, os rubro-negros serão 90% dos torcedores na próxima semana. A partida da última quarta-feira foi repleta de confusões: antes, durante e depois.

O primeiro entrevero ocorreu antes de a bola rolar. Na chegada ao estádio, o ônibus com a delegação do Flamengo foi atingido com uma pedra, que amassou o veículo. O diretor executivo Rodrigo Caetano reclamou da situação. "Lamentável a forma como é fomentado um jogo de futebol, é só vocês observarem como o nosso ônibus ficou", disse à Rádio Globo.

Próximo ao horário do início do jogo, torcedores do Flamengo se aglomeraram na entrada do Engenhão e provocaram uma grande confusão. A polícia identificou que alguns rubro-negros tentavam pular a roleta para acelerar o processo e fechou o portão. Tudo se acalmou e todos entraram no estádio quase no fim do primeiro tempo.

Durante o jogo, um torcedor do Botafogo causou um tumulto no setor Leste Inferior. Ele foi acusado de injúria racial a familiares do jovem atacante rubro-negro Vinícius Júnior e foi detido em flagrante pelos policiais militares, que o encaminharam ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do local.

Após o apito final, foi a vez de uma organizada do Botafogo causar uma confusão generalizada. Eles entraram em um grande confronto com a Polícia Militar do lado de fora do estádio Nilton Santos. Bombas, tiros de bala de borracha e muita correria tomaram conta da saída do setor Norte, onde se situam as organizadas do clube da casa. Os torcedores respondiam aos ataques dos policiais tacando pedras e paus. 

De acordo com informações da PM, a confusão teve início enquanto a cavalaria se alinhava. Um cavalo fez um movimento brusco e torcedores passaram a atirar pedras e latas de cerveja. Os policiais, então reagiram e 49 torcedores foram detidos. O Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) solicitará a proibição da organizada alvinegra "Fúria Jovem" dos estádios.

Polícia vê piora após liberação de bebidas nos estádios

Na próxima quarta-feira, os clubes voltarão a se enfrentar, desta vez, no Maracanã. O major Sílvio Luiz, do Gepe, explicou que não houve confronto entre torcidas rivais. Segundo ele, as confusões estão ligadas à venda de bebidas alcoólicas nos estádios, que foi retomada em 2015.

"O que me preocupa é o comportamento do torcedor. Observamos que desde 2015, quando foi liberada a venda de bebida alcoólica, a coisa piorou radicalmente. Não é uma questão do jogo Flamengo x Botafogo. O nível de enfrentamento do torcedor está atingindo coisas absurdas. Enfrentam a polícia, um torcedor rival. Isso é o que nos preocupa”, disse o comandante do Gepe.

“É questão comportamental. Não tivemos brigas entre torcidas hoje [quarta-feira], mas episódios de confusão pelo comportamento. Isso é o que nos preocupa atualmente para os próximos jogos", completou o major Sílvio Luiz.

Família de Vinícius Júnior e Botafogo repudiam caso de racismo

Na manhã desta quinta-feira, a família do atacante Vinícius Júnior emitiu nota lamentando ter sido alvo de ofensas racistas por parte de um torcedor do Botafogo e pediu providência das autoridades.

Quem também se manifestou foi o Botafogo, que afirmou repudiar "a todo tipo de racismo, preconceito e violência". Ainda afirmou ter tomado todas as medidas cabíveis para auxiliar nas investigações.