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Polêmica em Curitiba, "torcida única" não impediu 51 mortes na Argentina

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Arena da Baixada só terá torcedores com camisas do Atlético: medida não impediu mortes na Argentina

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

16/05/2018 08h53

A polêmica decisão do Ministério Público do Paraná com o Atlético Paranaense, de não destinar local específico de acesso à torcedores rivais na Arena da Baixada já no duelo desta quarta-feira (16) entre o Furacão e o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, está em vigor na Argentina desde 2013. Mas, no país vizinho, não impediu que 51 mortes ocorressem por conflitos entre torcedores em confrontos de “barras bravas” – as organizadas argentinas. Os números são do site “Salvemos Al Fútbol”, que monitora o problema.

Na prática, torcedores do Cruzeiro e dos demais times que enfrentarem o Atlético em Curitiba nas próximas partidas poderão entrar no estádio e se alocarem em qualquer ponto da Arena da Baixada, mas não poderão trajar as camisas dos seus clubes do coração, por orientação do MP-PR. Também não haverá escolta da polícia para as organizadas que forem à Curitiba. O Cruzeiro ainda tenta reverter a ideia junto à CBF, depois de ver a Justiça rejeitar seu pedido por uma liminar que garantisse aos seus torcedores o uso de camisas celestes e um local próprio no jogo em questão.

Na Argentina, todos os jogos são com torcida única desde 2013, sejam clássicos ou não. Entretanto, há diversas particularidades, como contou ao UOL Esporte a radialista da Rádio River, Lorena Antello. “Aqui não há, salvo alguma exceção que têm de ser aprovada em um comitê de segurança, público visitante. O que acontece é que, especialmente os clubes pequenos, quando enfrentam os maiores, inventam a ‘torcida neutra’, que é o encontraram para vender mais entradas”, comentou, relacionando também a questão financeira.

O uso das camisas rivais não é 100% restringido. “Alguns deixam, outros não. Mas se deixam, aí separam, por que sabem que cantarão pelo seu time. Na Argentina não há torcida mesclada e quase não há público visitante. Mas sempre pode ter um camuflado”, explicou Lorena. Torcedor fanático do River, o comerciante Sebastián Detoma é um dos que vai a jogos do clube em outros estádios, infiltrado. “Nunca tive problemas. Entro calado, vejo o jogo e me aguento se saem gols”, contou ao UOL Esporte.

Sebástian já se acostumou à situação e aprova a decisão, por vários fatores. “Não há um contexto social para suportar duas torcidas nos estádios da Argentina. Menos ainda dos grandes. E eu não quero visitantes na cancha do River. Não pretendo que River leve visitantes. Eu vou, por que não vou buscar problemas. Vejo o jogo e vou embora para casa. Na Europa é assim e ninguém se queixa”, comentou.

Questionado sobre o fato de até mesmo torcedores do Barcelona poderem usar suas camisas em jogos contra o Real Madrid no Santiago Bernabeu, misturados aos madridistas, Sebástian é pragmático: “Não somos Europa, não temos a educação e o respeito que se tem lá”. Nenhuma das 51 mortes ocorridas no período da medida na Argentina se deu por brigas dentro dos estádios. Todas tiveram origem em confrontos antes ou depois dos jogos, nos entornos dos estádios.

Mas, claro, existem brigas. “Alguns muito fanáticos entram escondidos. Se detectam o infiltrado, dá problema. Já aconteceu em Superclásico (Boca x River). O que acontece também é que muitos clubes só vendem entradas para os sócios”, contou Lorena, lembrando que quando os jogos são internacionais, há a separação das torcidas: “Na Libertadores só tem visitantes com times de fora da Argentina.”

Atlético Paranaense e Cruzeiro entram em campo às 21h45 desta quarta-feira. O Furacão lançou uma promoção no preço dos ingressos, com valores a R$ 60 e R$ 30 (meia entrada). O jogo abre a disputa por uma vaga nas quartas de final da Copa do Brasil. A partida de volta, no Mineirão, será em 16 de Julho, um dia depois da final da Copa do Mundo da Rússia.

FICHA TÉCNICA

ATLÉTICO-PR X CRUZEIRO

Copa do Brasil – Oitavas de final - ida

Data: 16/05/2018
Local: Arena da Baixada, em Curitiba (PR)
Horário: 21h45 (Brasília)
Árbitro: Pericles Bassols Pegado Cortez (PE)
Auxiliares: Clovis Amaral da Silva (PE) e Cleberson do Nascimento Leite (PE)

ATLÉTICO-PR:  Santos; Zé Ivaldo, Esteban Pavez e Thiago Heleno; Matheus Rossetto, Camacho, Lucho González e Thiago Carleto; Marcinho (Nikão), Pablo e Bergson. Técnico: Fernando Diniz.

CRUZEIRO: Fábio; Lucas Romero, Dedé, Léo e Egídio; Henrique, Lucas Silva, Robinho, Arrascaeta e Rafinha; Sassá. Técnico: Mano Menezes.