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Fla e Corinthians disputaram Dourado e ainda sofrem muito com a camisa 9

Luciano Belford/AGIF
Imagem: Luciano Belford/AGIF

Dassler Marques e Vinicius Castro

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

11/09/2018 04h00

Flamengo e Corinthians vivem realidades e momentos diferentes, mas se há algo que une os semifinalistas da Copa do Brasil a partir do aguardado jogo de quarta-feira (12) é a dificuldade em torno da camisa 9. Não o número propriamente dito, claro. Mas a falta de um jogador confiável, que entregue gols, bom rendimento e atenda a expectativa das arquibancadas. Até o começo da temporada, dirigentes dos dois clubes imaginavam o mesmo jogador para resolver o problema, o que não se confirmou como solução.

Ainda que seja o artilheiro do Flamengo em 2018, com dez gols, Henrique Dourado está longe de contar com prestígio entre os torcedores. O fato é que o Rubro-negro levou a melhor na disputa pelo goleador de 2017 no Brasil ao desembolsar R$ 15,7 milhões, mas até agora não sabe quem é o seu camisa 9. O último que recebeu respaldo quase que absoluto até a saída traumática foi Paolo Guerrero. No Corinthians, a escalação para a semifinal do Maracanã também tem justamente nessa posição a maior dúvida de Jair Ventura, mas também uma preocupação de muitos meses.

O Flamengo não sabe quem escala na quarta-feira

O Flamengo chega para o duelo contra o Corinthians em dúvida, como os últimos jogos mostraram. Restando menos de três meses para o encerramento da temporada, Dourado, Uribe, Lincoln e até Vitinho se revezam na função. Antes de deixar o clube, Felipe Vizeu também estava na lista. Um cenário de incerteza em uma posição fundamental, principalmente em um mata-mata que promete ser dos mais disputados.

"Fazemos escolhas de acordo com o adversário. O Dourado é um jogador que contamos muito. Todos já deram a resposta em algum momento ou estão em período de adaptação. Vitinho e Uribe vivem isso. Nós contamos com todo o elenco", explicou o técnico Maurício Barbieri.

No setor ofensivo do Flamengo estão gastos consideráveis na formação do grupo. Vitinho foi a contratação mais cara da história do clube - cerca de R$ 45 milhões. Fernando Urube custará R$ 26 milhões em três anos de contrato, enquanto Henrique Dourado foi comprado por R$ 15,7 milhões.

O montante exige resultados, algo que o Flamengo ainda persegue na gestão Bandeira de Mello. Se voltar a balançar as redes depois de um mês, o Ceifador pode colocar o Rubro-negro mais próximo de uma sonhada conquista.

Corinthians passa por dificuldades no mesmo setor

Roger grita - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Roger, que tem sido escalado, não joga na Copa do Brasil
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Sem o mesmo poder de investimento, o Corinthians vive de gastos mais modestos nos últimos tempos. Ainda assim, o clube idealizava Dourado como um dos poucos substitutos possíveis depois de ver Jô, herói da vitoriosa temporada 2017, se mudar para o futebol japonês. O camisa 7 tinha anotado 25 gols no ano anterior, e no Fluminense despontava um jogador com média similar.

Apesar do aproveitamento no Flu, o Corinthians também não morria de amores por Dourado e enxergava de modo reticente um investimento muito alto para adquirir o já experiente atacante com passagens apagadas por Santos e Palmeiras. A avaliação da comissão corintiana é que a parte técnica de Henrique era inferior à de Jô e que, apesar de marcar, ele também perdia muitos gols. É exatamente o que hoje o Fla avalia sobre seu reforço.

Depois de recuar por perceber as cifras elevadas que o negócio envolveria, o Corinthians simplesmente começou 2018 sem reforços na posição. As tentativas em resgatar o turco Kazim e em improvisar Júnior Dutra se mostraram tiros n'água, até o então treinador Fábio Carille tirar da cartola um coelho ousado: com Rodriguinho e Jadson juntos pelo centro, o time se ajustou, venceu o Palmeiras em dérbi e assim caminhou até ganhar o Paulistão.

Desde então, além de vender Rodriguinho, o Corinthians adquiriu dois centroavantes, mas nenhuma certeza. Roger tem sido titular na maior parte do tempo e, mesmo com quatro gols marcados desde sua contratação, passa longe de convencer os torcedores. Ao contratar o veterano, a comissão técnica discutiu se ele seria capaz de repetir 2017 após um problema de saúde importante e tratamento de quimioterapia. O desempenho dele em disputas corpo a corpo e dificuldades técnicas têm mantido a posição em aberto.

Sem condições de jogo na Copa do Brasil, já que defendeu o Internacional no torneio, ele tem hoje Jonathas como principal concorrente. O grandalhão foi emprestado pelo Hannover a custo zero, mas pesa na folha salarial do Corinthians por ter um contrato de padrão europeu. Duas lesões desde a chegada impediram sequência e fazem de Romero o favorito a jogar improvisado nesta função na próxima quarta.