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Ponte se põe como time querido e só vê "zica" de são-paulinos e bugrinos

Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

19/11/2013 06h00

O histórico triunfo sobre o favorito Velez Sarsfield, da Argentina, nas quartas de final da Copa Sul-Americana, levou a Ponte Preta ao status de time querido do Brasil nos duelos contra o São Paulo, nas semifinais. Pelo menos é assim que se vê dentro do clube. “Só são-paulino e bugrino vão torcer contra a gente”, diz Giovanni Dimarzio, diretor social do clube, referindo-se ao mata-mata da Copa Sul-Americana, que começa a ser disputada na quarta-feira, no Morumbi.

Além da bela vitória sobre o Velez, o fato de enfrentar um time com muito mais títulos faz a simpatia pela Ponte aumentar. E a decisão da diretoria do São Paulo de conseguir junto à Conmebol o direito de não jogar a segunda partida em Campinas – o Moisés Lucarelli não tem lugar para 20 mil pessoas – fez com que não houvesse mais dúvidas: se depender de torcida de outros clubes, a Ponte, praticamente rebaixada no Brasileiro, vence o São Paulo e traz o título seja contra quem for.

Marcio della Volpe, presidente do clube campineiro, reclamou muito da atitude do São Paulo e acusou o adversário de haver encaminhado à Conmebol um dossiê mostrando a capacidade real do Moisés Lucarelli.  Mas o dirigente não pensa em fazer nenhuma promoção de marketing aproveitando-se da solidariedade recebida nos últimos dias. “Não vamos fazer nada. Pedimos apenas a quem estiver do nosso lado que torça bastante e que mande vibrações positivas para nosso time”, afirmou.

Di Maggio, que é muito ouvido pelo presidente, também foi contra utilizar-se dos novos torcedores de ocasião. “A Ponte não é como a maioria dos times do interior que é a segunda opção. A turma torce para um time da capital e também para um do interior. Com a gente não é assim não. Quem é da Ponte é da Ponte e só. Não torce para outro. Então, eu sou contra se aproveitar disso. Sei que teremos muita gente a nosso favor, mas não vai ter marketing em cimai disso não”.

Nos últimos jogos do Brasileiro, com a redução do preço dos ingressos determinada pela diretoria, o Moises Lucarelli, segundo Di Maggio, está com público em torno de 15 mil pessoas. “É essa nossa torcida que vai lotar qualquer estádio em que for o segundo jogo. E no primeiro, vamos com 3.200 torcedores, que foi nossa cota”.

A torcida tem se apegado também à superstição para dizer que é possível vencer o São Paulo. Pelas redes sociais, os torcedores repetem que há dez anos, em 2003, o Cruzeiro venceu a Série A e o Palmeiras venceu a Série B. Tudo se repetiu agora. O Flamengo foi vice da Copa do Brasil. E está na decisão uma vez mais, com 50% de chances de ser vice. E o São Paulo? Foi eliminado na Sul-Americana pelo River Plate. Na semifinal, como agora.

Veja outros brasileiros "queridinhos" em competições internacionais

GUARANI ( LIBERTADORES 79)

O Guarani chegar à semifinal da Libertadores é surpreendente diante da situação atual do clube, na Série C do Brasileiro. Mas não para o Guarani que representava o Brasil por haver vencido a Série A de 1978. O outro brasileiro era o Pameiras, vice-campeão.

Os dois ficaram em um dos cinco grupos da primeira fase. O Guarani se classificou com cinco vitórias e uma derrota. Na segunda fase, ficou em um grupo com Palestino, do Chile, e Olimpia do Paraguai, que seria o campeão. O Guarani foi mal, com uma derrota e três empates.

SAMPAIO CORREA (CONMEBOL 1998)

O recorde de público do estádio Castelão, em São Luis, é de 95.720 pessoas. Elas viviam um sonho, o de ver o Sampaio Correa na final da Copa Conmebol. Afinal, se o time havia empatado na Vila, com o Santos, por 0 a 0, por que não sonhar? Mas a derrota na volta das semifinais foi feia. 5 a 1 para o Santos e o fim de uma aventura lembrada até hoje.

O Sampaio chegou à competição por haver vencido a Copa Norte. Na primeira fase, eliminou o América-RN (campeão da Copa do Nordeste), com um 0 a 0 em Natal e um 3 a 1 em São Luis. O Deportivo Quindio, da Colômbia, perdeu as duas por 1 a 0. Em 9 de setembro, o Sampaio segurou um empate contra o Santos, de Zetti, Argel e Viola por 0 a 0. O público foi de 2.171 pagantes. Quinze dias depois, o Sampaio saiu na frente com gol do zagueiro Ivan, mas Lúcio, Argel, Eduardo Marques, Adiel e Viola classificaram o Santos.

CSA (CONMEBOL 1999)

O Brasil ficou perto de ter um título internacional sob o comando da dupla Missinho e Mimi. Eles estavam no CSA, vice campeão da Conmebol em 1999. Foi a última edição desse torneio, e os alagoanos só participaram porque Vitória, Bahia e Sport, os três primeiros colocados na Copa Nordeste, abdicaram do convite. Os outros participantes do Brasil foram São Raimundo (campeão da Copa Norte), Paraná (vice-campeão da Copa Sul) e Vila Nova (vice-campeão da Copa Centro-Oeste).

O Vila Nova foi a primeira vítima do CSA. Cada time ganhou em casa por 2 a 0, mas os alagoanos ganharam nos pênaltis por 4 a 3. Contra o Estudiantes de Mérida, da Venezuela, não houve pênaltis. Uma empate fora de casa e vitória em Maceió por 3 a 1 levaram o time à semifinal. O adversário foi o São Raimundo, que ganhou em Manaus por 1 a 0. Em Maceió, deu CSA por 2 a 1 e vitória nos pênaltis por 5 a 4.

A final foi contra o Talleres, de Córdoba, da Argentina. E o título ficou muito perto com uma vitória por 4 a 2. Na Argentina, porém, o CSA não resistiu. O volante Fábio Magrão foi expulso logo no início e o Talleres fez o primeiro gol aos 39 minutos. No segundo tempo, aos 30 fez o segundo. O jogo caminhava para os pênaltis quando, já nos acréscimos, os argentinos fizeram o terceiro. Ao CSA, restou a honra e ter Missinho como artilheiro da competição e de ter revelado Souza, reserva na época, e que atualmente está na Portuguesa.

CRICIÚMA (LIBERTADORES 92)

O Criciúma venceu a Copa do Brasil em 1991 e conseguiu uma vaga para a Liberadores de 92. A outra foi do São Paulo, que venceu o Campeonato Brasileiro de 91 e depois venceria aquela Libertadores. Os dois times ficaram no mesmo grupo, contra os bolivianos San Jose e Bolivar. O Criciúma venceu o São Paulo (3 a 0), San Jose ( 2 a 1 e 5 a 0), o Bolivar (2 a 1) e empatou com o Bolívar (1 a 1) e perdeu para o São Paulo (4 a 0).

Nas oitavas, eliminou o Sporting Cristal, do Peru, com vitórias por 2 a 1 e 3 a 2. Novamente contra o São Paulo, foi eliminado com um empate por 1 a 1 e uma derrota por 1 a 0. Os destaques do time eram o atacante Jairo Lenzi e o meia Roberto Cavalo.

SÃO CAETANO (LIBERTADORES 2002)

Nunca a torcida do São Caetano foi tão grande. Todos gostariam de ver um título do time do ABC, que havia batido na trave na Copa João Havelange-2000 e no Brasileiro-2001.

Depois de vencer o grupo que tinha ainda Cobreloa, Cerro Porteño e Alianza Lima, com quatro vitórias e duas derrotas, o São Caetano passou por Universidad Católica (nos pênaltis), Penarol (pênaltis), América do México e chegou à decisão contra o Olimpía, do Paraguai. Ganhou a primeira partida por 1 a 0 em Assunção. Na segunda, com o Pacaembu lotado, saiu na frente. Permitiu a virada e perdeu nos pênaltis. O time comandado por Jair Picerni tinha nomes como Marcos Senna, Adãozinho, Aílton, Robert e Anaílson.

PAYSANDU (LIBERTADORES 2003)

O mito da Bombonera – um estádio em que o Boca é invencível – nunca foi tão questionado como em 24/4/2003.  O jogo era pelas oitavas de final da Libertadores e o Boca perdeu para o Paysandu por 1 a 0. Os argentinos, comandados por Carlos Bianchi e com jogadores como Tevez, Barros Schelloto, Schiavi, Burdisso, Abbondanzieri e Clemente Rodrigues perdera para o Paysandu, do técnico Dario Pereyra, com gol de Iarley, que depois jogaria pelo Boca.

No segundo jogo, em Belém, deu Boca por 4 a 2. Mas a vitória já valeu até um filme. E, se fossem analisados apenas os resultados daquela Liberadores, não foi surpresa. O Paysandu ficou em primeiro em seu grupo, que tinha Cerro Porteño, Sporting Cristal e Universidad Católica, de forma invicta, com quatro vitórias e dois empates. O time, lembrado até hoje, tinha bons jogadores como Sandro, Vanderson, Lecheva, Vélber, Iarley e Robgol.