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Substituto de Muralha buscou chance por dois anos e levou Fla à final

O goleiro César foi o nome da classificação do Flamengo junto ao atacante Felipe Vizeu - Gilvan de Souza/Flamengo
O goleiro César foi o nome da classificação do Flamengo junto ao atacante Felipe Vizeu Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/12/2017 04h00

É impossível contar a história da classificação do Flamengo para a final da Copa Sul-Americana sem abordar o autêntico roteiro de filme vivido pelo goleiro César. Um dos heróis do passaporte para a decisão continental após 16 anos, ele nem sequer era para estar no Rubro-negro. O destino e os atalhos do mundo da bola, no entanto, o devolveram ao clube no qual foi formado para substituir o criticado Alex Muralha e virar o protagonista na hora certa. O dia 30 de novembro de 2017 e a vitória por 2 a 0 sobre o Junior Barranquilla-COL jamais serão esquecidos pelo camisa 24.

O pênalti defendido aos 43min do segundo tempo foi o ponto alto de uma atuação segura depois de praticamente dois anos de inatividade. César entrou em uma “fogueira”, começou a ser testado cedo pelos colombianos e deu conta do recado. O Flamengo perdeu o titular absoluto Diego Alves por conta da cirurgia na clavícula, Thiago voltou recentemente de uma fratura no punho e Muralha se mostrou sem condições psicológicas de defender o Rubro-negro após as falhas recentes.

Coube ao quarto goleiro a responsabilidade de impedir que os colombianos balançassem as redes e tornassem a missão do Flamengo ainda mais difícil. No fim das contas, deu certo. Só que toda essa trajetória esteve longe de ser simples. Tão distante, que César saiu do clube duas vezes em busca de oportunidades.

A última partida pelo Rubro-negro havia sido em 6 de dezembro de 2015, contra o Palmeiras, pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Com Alex Muralha contratado e a presença de Paulo Victor no elenco, ele pediu para ser emprestado. O goleiro, de 25 anos, sempre sonhou em ser titular. Nunca criou tumulto por isso, mas procurou o espaço possível.

Foi para a Ponte Preta em 2016. Não jogou. Em 2017, o empréstimo para a Ferroviária. A expectativa de ser aproveitado no Campeonato Paulista era considerável. Também não aconteceu. E por um motivo absolutamente inesperado. Insatisfeito, Paulo Victor foi emprestado para o Gaziantepspor, da Turquia. O Flamengo, então, ficou apenas com Muralha e o jovem Thiago. As diretorias conversaram e César retornou para servir de opção no Ninho do Urubu durante o restante da temporada.

Ainda assim, o goleiro permaneceu sem jogar. Com a contratação de Diego Alves, ele virou a quarta opção do elenco. Saiu até da lista da Copa Sul-Americana e nem sequer viajaria para os jogos da competição. Só que precisou voltar como um toque do destino, justamente para preencher a vaga que cedeu ao titular absoluto e que agora se recupera da fratura na clavícula.

César acabou escolhido por Reinaldo Rueda e abraçou a oportunidade da forma como nem o rubro-negro mais otimista esperava. A última brecha do ano foi aproveitada por ele. Caberá ao menino formado na Gávea a responsabilidade de tentar levar o Flamengo ao título da Copa Sul-Americana contra o Independiente-ARG. Depois de toda a história vivida, escrever o final do filme com uma conquista esperada por anos seria algo inesquecível. A sorte está lançada.

“A primeira bola foi a mais difícil no jogo, mas me deu confiança para o restante. É claro que se fala mais do pênalti. Eu não imaginava que tudo pudesse ser desta forma. Estou muito feliz, principalmente por toda a situação que aconteceu no Flamengo. O Muralha é um dos caras mais incríveis. Nos motivamos bastante nos treinos. Ele sempre me deu força e nos apoiamos. Pude dar um abraço nele depois do jogo. Agradeço e tenho a certeza de que Deus ainda vai honrá-lo”, encerrou.