Real emenda goleadas, mas ainda não se livrou do fantasma de Xabi Alonso
O Real Madrid venceu o Elche por 5 a 1 na última terça e chegou à terceira goleada seguido. Fim dos problemas que tumultuaram o clube no começo da temporada? Ainda é cedo para dizer. Com uma defesa falha e Casillas na mira da torcida, o atual campeão da Liga dos Campeões ainda se ressente de Xabi Alonso, negociado com o Bayern de Munique.
Titular da Espanha, o volante que hoje está sob o comando de Pep Guardiola na Alemanha era um dos pilares do Real que fez sucesso na temporada passada. Depois de ajudar o clube a conquistar a Liga dos Campeões pela primeira vez após 12 anos, Xabi Alonso foi para o Bayern buscar mais espaço após os espanhóis rechearem seu meio-campo de contratações caras. Toni Kroos, uma delas, surgiu como o substituto natural.
“Tony Kroos, no Bayern, não jogava como primeiro volante único. Sempre teve companhias, especialmente de Lahm ou mesmo Schweinsteiger. Na maneira como joga o Real Madrid, ele e Modric não serão suficientes para ajudar o time defensivamente. São parecidos, não se complementam. O general era Xabi Alonso”, escreveu Julio Gomes, blogueiro do UOL Esporte, no fim do mês passado, quando a temporada ainda estava no começo.
O alemão cumpre bem seu papel ofensivo e ainda não vem sendo criticado pela imprensa espanhola, mas o reflexo da saída de Xabi Alonso é nítido. O Real perdeu a Supercopa da Espanha para o rival Atlético e começou a Liga perdendo para Real Sociedad e para o próprio Atlético, de novo, no Santiago Bernabeu. Foram oito gols sofridos nos seis primeiros jogos do ano. Em um campeonato tradicionalmente acirrado, o Real Madrid largou cinco pontos atrás do Barcelona.
Uma análise do site 101 Great Goals, feita na última terça, mostra que o Real, sem Xabi Alonso, levou 1,5 gols por jogo no começo da temporada passada, quando ele estava lesionado. Depois do retorno do volante, a média caiu para 0,7 gols, e o clube levou só cinco gols de novembro de 2013 a fevereiro do ano seguinte, em uma sequência de 29 jogos de invencibilidade.
Xabi Alonso combate mais que os titulares de Ancelotti desse ano. No ano passado, ele terminou o Espanhol com 8,73 roubadas de bola por partida, segundo dados do Marca. Somados, nos jogos que disputaram até agora, Kroos e Modric chegam a 10,25, muito pouco para um time que almeja brigar contra outros gigantes europeus até maio do ano que vem.
Essa fragilidade expõe, por exemplo, a má fase de Casillas. Além de não estar em um bom momento técnico, o goleiro é mais exigido com um sistema defensivo tão frágil. A combinação das coisas fez com que o capitão do time fosse vaiado em pleno Santiago Bernabeu na última derrota para o Atlético de Madri.
Ancelotti, italiano que construiu a carreira de técnico no Milan que sabia se defender, dá sinais de que já percebeu o buraco. Na última terça, de maneira surpreendente, ele barrou Modric e instalou Illarramendi ao lado de Kroos no meio-campo do Real.
O espanhol formado na base do clube merengue deu outra pegada ao setor. Embora o adversário não seja de grande valor, contra o Elche Illarramendi recuperou nove bolas em 90 minutos, média quase idêntica à de Xabi Alonso na temporada 2013/14.
Ao que tudo indica, Ancelotti dará tempo para testar a formação. Até meados de outubro, quando enfrentará Liverpool e Barcelona em sequência, o Real Madrid vai encarar Villarreal, Ludogorets, Athletic Bilbao e Levante. Se vai ser difícil manter o ritmo das goleadas recentes, ao menos o time poderá entrosar um meio-campo com mais chance de encarar times de ponta sem ficar remoendo os erros da última janela de transferências.
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