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Prefeitura pede 2 meses para estudar problemas e começar obras no Engenhão

Deslocamento nos arcos causaram fechamento do estádio por tempo indeterminado - Folhapress
Deslocamento nos arcos causaram fechamento do estádio por tempo indeterminado Imagem: Folhapress

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/03/2013 12h00

A Prefeitura do Rio de Janeiro pediu de 30 a 60 dias para definir um plano de conserto para o Engenhão, interditado na terça-feira por causa de problemas em sua cobertura. Em entrevista coletiva concedida nesta quarta, o presidente da Riourbe (Empresa Municipal de Urbanização), Armando Queiroga, afirmou que a administração municipal e o consórcio construtor do estádio ainda não sabem o que terão de fazer para liberar o espaço para uso. Por isso, evitou dar qualquer prazo para a reabertura do estádio.

“Vamos demorar 30, 45 ou 60 dias para saber qual será a solução para o estádio. Só depois, vamos definir o que precisará ser feito e começar o trabalho”, disse Queiroga. “Vamos nos debruçar arduamente para estudar o problema e reabrir o estádio o mais rápido possível.”

Nesta quarta, Queiroga e Marcos Vidigal, representante do Consórcio Engenhão, afirmaram que o estádio municipal tem um problema em sua cobertura identificado ainda na sua fase final de construção. Os arcos do lado leste e oeste que sustentam o teto do estádio estão em uma posição errada. Isso pode causar o desabamento da cobertura do Engenhão.

Durante a construção do Engenhão, esses arcos permaneceram escorados. A previsão era de que, quando as escoras fossem retiradas, eles se movessem e assentassem a cobertura. Acontece que o deslocamento ocorrido foi cerca de 50% maior que o planejado. Isso acabou criando um risco de queda na cobertura. “Pode haver uma ruina”, complementou Vidigal.

Esse problema vem sendo estudado pelo consórcio construtor do Engenhão, formado pela Odebrecht e a OAS, desde 2007. Vários relatórios já foram feitos sobre a estrutura do estádio e, em 2009, chegou a ser recomendado que o Engenhão fosse fechado em dias de ventos de mais 115 km/h.

Em 2011, o consórcio resolveu contratar uma consultoria alemã para estudar o problema nos arcos mais a fundo. A SBP (Schlaich Bergerman und Partner) analisou o Engenhão, recalculou o risco e recomendou a interdição imediata no estádio. Esse relatório chegou a prefeitura na terça-feira. Com base nele, o prefeito Eduardo Paes tomou a decisão de fechar o Engenhão por tempo indeterminado.

O Engenhão começou a ser construído em 2003 já visando aos Jogos Pan-Americanos de 2007. Na época, a construtora responsável era a Delta, empresa que chegou a ser investigada em uma CPI.

Tempo depois, a Delta abandonou a obra. A Odebrecht e a OAS se juntaram, criaram o Consórcio Engenhão e assumiram a construção do estádio.

Em 2007, o Engenhão foi concluído. Recebeu as provas de atletismo e alguns jogos de futebol do Pan.

O estádio custou R$ 380 milhões. Cerca de três anos depois da sua inauguração, entretanto, foram divulgados as primeiras informações sobre problemas na sua construção.

Em 2010, o Botafogo, que assumiu a administração do estádio, enviou à Prefeitura do Rio um relatório apontando rachaduras e outras falhas na estrutura do espaço. A prefeitura convocou o Consórcio Engenhão e exigiu o conserto dos defeitos sem ônus aos cofres públicos.

No ano passado, indícios de novos problemas estruturais foram identificados. Em agosto, a Riourbe criou um grupo de trabalho para apurar “vícios construtivos” no estádio.

Meses depois, o estádio foi interditado. De acordo com Queiroga, da Riourbe, por causa de todo esse histórico da obra, é impossível determinar hoje quem é o responsável pela falha na cobertura do estádio: projetistas, contrutores ou até mesmo a própria prefeitura.

Marcos Vidigal, do consórcio construtor, disse que a Odebrecht e a OAS assumiram a obra do estádio com 100% do projeto definido e 25% da cobertura instalada. Por isso, só cumpriram o que já estava planejado anteriormente.

A prefeitura confirma essa versão. De acordo com Queiroga, só depois da identificação do problema, será possível encontrar os responsáveis pela falha e cobrar deles uma ressarcimento. "Estamos preocupados com a segurança. Quem pagará a obra, isso vem no segundo momento", afirmou o presidente da Riourbe.

*Atualizada às 14h15