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Carioca - 2019

Presidente do Flamengo abandona reunião da Ferj: 'ofenderam minha mãe'

Alexandre Vidal/Fla Imagem
Imagem: Alexandre Vidal/Fla Imagem

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro*

30/01/2015 18h32

O clima esquentou de vez na guerra entre Flamengo, Fluminense e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj). O mandatário rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello, abandonou o arbitral realizado na tarde desta sexta-feira alegando ter sido xingado pelo presidente da entidade, Rubens Lopes.

“O presidente [Rubens Lopes] se emocionou e proferiu palavras de baixo calão que não posso reproduzir neste momento pelo horário. Fez ofensas de cunho pessoal, ofendeu a minha mãe e disse o que eu deveria fazer com a nota oficial. E diante disso não tive como continuar na reunião", disse o presidente do Flamengo ao deixar a federação.

Tudo aconteceu após o presidente do Vasco, Eurico Miranda, ler em voz alta a nota oficial escrita por Flamengo e Fluminense, representado pelo assessor da presidência, Marcelo Penha. Após o termino da leitura, que fala sobre a criação de uma Liga dos Clubes Cariocas, o bate-boca teve início. 

"Se demorasse mais uns 30 segundos ali as coisas poderiam descambar para um outro lado. Preferi sair", afirmou o dirigente, que garantiu que buscará a Justiça Comum:

"Eu não vou voltar aqui (Ferj) e vou buscar não só a Justiça no plano econômico e comercial, pelo lado do Flamengo, como também pelo meu lado pessoal, até porque tinham umas 20 pessoas ouvindo as ofensas".

Em seguida, uma coletiva foi concedida pelo Conselho Arbitral. O presidente do Vasco, Eurico Miranda, sentou-se no centro da mesa e Antônio Carlos Mantuano, vice-presidente do Botafogo, sentou-se ao seu lado junto com os demais representantes de clubes de menor investimento. 

Uma carta resposta à nota oficial da dupla Fla-Flu foi lida em voz alta pelo alvinegro e, posteriormente, o mandatário cruzmaltino comentou o que aconteceu com Bandeira de Mello:

"A nota foi considerada pelo presidente da Ferj altamente ofensiva, mentirosa. O presidente do Flamengo confirmava todos os tópicos que estavam na nota, o Rubinho estava repudiando um a um os tópicos, só que o Bandeira confirmava que era aquilo mesmo e a coisa efetivamente descanbou para um bate-boca pessoal. O presidente da Ferj estava se sentido ofendido como todos. Acho que o que aconteceu foi fruto da confirmação do presidente do Fla, depois do Rubinho ter contestado um a um os tópicos".

Presidente do Madureira, Elias Duba, que estava ao lado esquerdo de Eurico, também mostrou-se ao lado da Ferj:

"Claro que existia discussão, no entanto, culminou com ele (Bandeira) chamando todos os presentes de palhaços. Eu me senti ofendido, como todos os demais, retruquei e ele foi embora".

Eurico Miranda aproveitou para debochar da ideia de Flamengo e Fluminense de criar uma liga independente a partir do ano que vem, chamando a atitude de "lenda do boitatá", famoso personagem folclórico da literatura infantil:

"O problema é dele (Bandeira). Esse é um filme que se repete, não é uma coisa nova. Os produtores são sempre os mesmos, talvez estejam mudando os diretores do filme. Isso de criação de liga, que não vai disputar, considero como história do boitatá. Ninguém joga sozinho. O problema é que você é filiado a uma federação, você não pode simplesmente dizer que não vai disputar. Ao dizer que não vai disputar, ele não disputa campeonato nenhum". 

Vasco e Botafogo estão do lado da Ferj e contra dupla Fla-Flu - Bruno Braz/UOL - Bruno Braz/UOL
Imagem: Bruno Braz/UOL

O racha entre os clubes cariocas ocorreu após Flamengo, Fluminense e o consórcio do Maracanã reclamarem da decisão de o Campeonato Estadual ter preços populares, alegando prejuízos financeiros. Botafogo e Vasco são a favor da medida e deram início a uma guerra nos bastidores.

Nova fórmula a partir de 2016

Em meio a tanta confusão, houve tempo para elaborar a fórmula de disputa do Campeonato Carioca de 2016. A partir do próximo ano, 14 clubes disputarão a Série A, dois a menos que no regulamento atual. Os 10 primeiros da edição de 2015 já estarão pré-classificados para a fase principal e o restante disputará uma preliminar. Em 2017, o sistema se mantém, mas a redução cai para 12 equipes.

"Repúdio à baixaria"

Na madrugada de sábado, o Flamengo se pronunciou oficialmente sobre os xingamentos feitos pelo presidente da Ferj ao mandatário máximo do Rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello. A nota oficial é intitulada como "repúdio à baixaria" e recrimina a atitude da federação na reunião. Veja:

O Clube de Regatas do Flamengo repudia de forma veemente a conduta ofensiva, destemperada, incivilizada e grosseira do Sr. Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

Durante a reunião do Conselho Arbitral realizada na sede da FERJ na tarde desta sexta-feira, dia 30 de janeiro de 2015, em uma lamentável demonstração de desequilíbrio emocional para exercer o cargo que ocupa, atacou de maneira rasteira e infeliz a honra do presidente Eduardo Bandeira de Mello, e ofendeu a instituição afirmando que o clube está "roubando" os outros filiados da FERJ através do seu Programa de Sócio-Torcedor,

O presidente da FERJ apelou para as mais sórdidas ofensas, com o uso indiscriminado de palavras de baixo calão, totalmente inadequadas às discussões em alto nível que o Flamengo tem tentado estabelecer com a entidade, clubes co-irmãos, a imprensa, governo e a sociedade civil em geral.

A falta de educação, a imprudência verbal e os maus modos são inaceitáveis e revelam um modelo de administração do esporte profissional que já não encontra espaço no mercado ou apoio da sociedade.

O Flamengo e o presidente Eduardo Bandeira de Mello trilharão os caminhos da Justiça por uma completa reparação moral, criminal e desportiva em relação aos danos que sofreram.

Por fim, o Flamengo publica esta nota com base na liberdade de expressão garantida pela Constituição Federal, que lhe assegura a prerrogativa de se manifestar contra toda e qualquer medida que afronte seus direitos.

Conselho Diretor do Clube de Regatas do Flamengo

Atualizada às 1h30