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Carioca - 2019

Luxa põe esparadrapo na boca em protesto contra punição: 'Não vão me calar'

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/04/2015 12h10

O técnico Vanderlei Luxemburgo fez um protesto nesta sexta-feira (3) contra a punição de dois jogos aplicada pelo TJD-RJ (Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro). O treinador não concedeu entrevista coletiva e apenas se pronunciou sobre a situação vivida após críticas à Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro). Ao final do discurso, o comandante do Flamengo colocou um esparadrapo na boca para protestar contra a censura.

Luxa citou a ditadura militar e deixou claro que não irá ao Maracanã no clássico contra o Fluminense, domingo, às 18h30. A iniciativa de protestar veio após o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) revogar na noite da última quinta-feira (2) o efeito suspensivo que dava condições de trabalho ao treinador até o próximo julgamento.

“É só um pronunciamento em função das coisas que estão acontecendo. Acho importante como cidadão e profissional. Não é a primeira vez que fico fora de um jogo. Já aconteceu outras vezes e fui campeão. Não vejo como problema para a equipe, não vai existir prejuízo. Temos um processo trabalhado com o Deivid [auxiliar técnico]. Por decisão minha, conversando com a presidência, se não posso estar no vestiário, não estarei no Maracanã, não vou ao jogo. Me senti prejudicado e não tem motivo para estar em um local onde não exercerei o meu direito de trabalhar. Vou ver o jogo como torcedor. Agora, falo como cidadão, em um momento importante do Brasil, onde recentemente aconteceu uma eleição para presidente com debates ferrenhos, acusações, ideias, movimentos ruins de violência, onde confundiram processo democrático com violência e a população não aceitou. Em seguida, tivemos movimentos democráticos a favor e contra o governo. O direito do povo brasileiro foi conquistado através de lutas para quebramos a ditadura. Não pode, em 2015, em um órgão importante do Rio de Janeiro, vivermos um momento assim. Começamos lá atrás com a queda de um presidente e está na constituição o direito de ir e vir. Me senti violentado e agredido como cidadão. Já fiz muitas coisas nas quais mereci ser punido. O que fiz foi buscar o melhor para o povo brasileiro. Em um momento onde tomamos uma derrota de 7 a 1, busquei um caminho. Não me posicionei contra o presidente da Ferj, mas contra qualquer federação que impeça jovens de jogar futebol. Quando usei o termo porrada, não era dar porrada na mão, foi um termo que usamos constantemente. Não foi tentativa de agredir alguém. Não podemos buscar através do futebol a moralidade de um segmento que não tem moral. Como cidadão brasileiro, venho repudiar. Vou continuar sendo da forma que sempre fui e seguirei criticando o que achar que deve ser criticado. Nunca fui de ficar atrás de nada. Vou buscar viver em um país para que minhas filhas e netos encontrem um processo democrático ainda melhor. Não vou me calar de jeito nenhum. Se quiserem me tirar do Carioca, que me tirem. Só vou me posicionar quando tiver o meu direito de liberdade”, pronunciou-se Luxa, quando neste momento colocou o esparadrapo na boca e deixou a sala de imprensa do CT Ninho do Urubu.

O técnico foi punido com dois jogos por criticar à Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro). O Pleno do TJD recusou o efeito suspensivo, aprovado pelo STJD na sequência e revogado de forma definitiva na noite de quinta-feira.

Na ocasião, o técnico declarou que os jornalistas deveriam dar "porrada" na federação ao reclamar do regulamento do Estadual, principalmente da regra para inscrição de apenas cinco jogadores das categorias de base.

Segundo o departamento jurídico rubro-negro, a declaração de Luxemburgo aconteceu apenas em tom de crítica e sem qualquer incentivo a violência, já que foi mal interpretada. O clube reafirmou apoio irrestrito ao treinador e também publicou uma nota de repudio. O auxiliar técnico Deivid comandará o time no Fla-Flu.

VICE JURÍDICO DO FLA CRITICA POSTURA DO TRIBUNAL CONTRA LUXA