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5 segredos de Aguirre para ir do inferno ao céu no Inter em dois meses

Técnico entrou para história do Inter ao ser 1º estrangeiro campeão após década de 50 - EFE/Elvis González
Técnico entrou para história do Inter ao ser 1º estrangeiro campeão após década de 50 Imagem: EFE/Elvis González

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

04/05/2015 06h00

No final de março, com atuações pouco convincentes, Diego Aguirre foi alvo de um ‘fogo-amigo’ intenso no Beira-Rio. Chegou a balançar no cargo por pressão interna, foi questionado sobre metodologia de trabalho e ficou por falta de argumento mais forte para uma demissão. Quinze jogos depois, sem nenhuma derrota, o uruguaio entrou para história ao ser o primeiro estrangeiro campeão nos últimos 50 anos no Colorado. Foi do inferno ao céu.

A afirmação de Aguirre passa por cinco pontos fundamentais: ênfase na compactação e intensidade, rodízio de elenco, saída de medalhões do considerado time ideal e ouvidos fechados para os pitacos de terceiros no vestiário.

Na pré-temporada, em Bento Gonçalves, o treinador deu sinais de que mudaria a forma como o Colorado joga. Em 2014, com Abel Braga, o Inter pagou o preço por ser demasiadamente técnico e não ter velocidade. Neste ano, juntou as linhas e ouviu uma ordem: ser intenso.

“É verdade que falavam que o Inter era um time lento, sem surpresa. Mas não foi por isso que trabalhamos assim, é nossa forma mesmo. Um futebol com dinâmica, velocidade. Inter hoje joga um futebol moderno, no meu ponto de vista”, disse Diego Aguirre.

Contratado em dezembro, o ex-técnico do Peñarol tinha uma primeira grande missão no Beira-Rio e delicada: conhecer a fundo o elenco e cada jogador. A saída encontrada? Rodízio total. Antes da final do Gauchão, o Inter jamais havia repetido uma escalação em 2015. Mesclando time titular com reservas ou usando uma escalação toda suplente, Aguirre não só viu as peças que tinha à disposição como ainda deu ritmo a todos e manteve o nível de competitividade alto dentro do grupo. Foi com as trocas constantes que surgiram titulares da equipe que amassou o Grêmio em 20 minutos na finalíssima.

Além do rodízio, a gestão do vestiário foi uma arma a serviço de Diego Aguirre. Com o rodízio, o técnico não teve nenhuma dúvida e contestação para barrar medalhões com baixo rendimento. Léo, Réver e Nilton saíram da equipe por lesão, mas principalmente pelas exibições ruins. Irregulares. Vitinho e Anderson também.

Por fim, Aguirre encarou de frente outro desafio em Porto Alegre: suportar as críticas veladas, a pressão interna e a onda de contestação popular – que ficou focada em parte da torcida, mas acabou revertida rapidamente. No auge da incerteza, coube ao técnico se fechar a tudo e todos.

“Não me senti ameaçado, mas eu não entendia isso. Em cada entrevista, a pergunta era ‘você vai ser demitido?’. Era estranho, não entendia. Não queriam me dar nem tempo”, comentou. “Tentamos não contaminar nossas decisões com o que falavam, é até algo normal, mas eu não podia estar com a cabeça em outra coisa que não no dia a dia”, acrescentou.