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Impostor do futebol: jogador aluga até helicóptero e gasta fortuna em golpe

Abalimba gastou mais de R$ 600 mil nos golpes que aplicou para ter vida luxuosa - Reprodução/Twitter
Abalimba gastou mais de R$ 600 mil nos golpes que aplicou para ter vida luxuosa Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

29/10/2014 06h00

Ele misturou o passado como jogador, a suposta semelhança com outro boleiro e uma boa dose de trambique para aplicar um golpe superior a R$ 600 mil na Inglaterra. Na semana passada, a polícia de Manchester prendeu Medi Abalimba, meia que deixou o futebol depois de uma lesão e passou a enganar hotéis, bares e locadoras para ter uma vida de milionário (sem ser milionário).

Nascido no Congo, Abalimba despontou ainda jovem no Cyrstal Palace e fez testes em times como Manchester United, Manchester City e Liverpool. Seu destino, no entanto, foi o Fulham e depois o Derby County. Foi vendido por R$ 5 milhões e chegou a ganhar R$ 65 mil por mês.

No entanto, em 2011, uma séria lesão o atrapalhou. Foi emprestado de graça para dois times menores e não conseguiu se recuperar. A vida de glamour acabou, mas Abalimba decidiu prolongá-la aplicando golpes. Aproveitando que ainda era sócio de um clube luxuoso, arrombou armários no vestiário e fotografou cartões de crédito para usar os dados.

A polícia não sabe ao certo quantos golpes ele deu, mas foram meses de fraudes e teatro. Abalimba alugou helicóptero, carrões e mansões, hospedou-se em hotéis luxuosos, contratou seguranças e frequentou casas noturnas e restaurantes caros. Tudo na maior cara de pau.

Antes de se apresentar pessoalmente, ele ligava fingindo ser o empresário de Gael Kakuta, jogador do Chelsea que hoje está emprestado ao Rayo Vallecano. Ao chegar ao local no qual aplicaria o golpe, Abalimba dizia ser Kakuta e inventava alguma desculpa para não estar com o cartão de crédito em mãos: quebrou recentemente, esqueceu na limousine, etc. Ele, então, usava os detalhes do cartão para pagar as contas.

Abalimba era carismático e atencioso, mas também fazia exigências aos lugares que frequentava. Comprava bebidas caras e oferecia até para desconhecidos. Fingia ser um boleiro milionário e festeiro. O voo de helicóptero de Manchester a Londres serviu para impressionar quatro garotas a quem ele deu carona. Chegando à capital, foram para uma mansão que ele dizia ser sua casa, mas era alugada por poucas noites (sem pagar a conta, é claro).

Depois de seguidas denúncias, Abalimba foi preso em uma loja de roupas após uma compra de R$ 60 mil. O estabelecimento desconfiou da história. O jogador mostrou até sua habilidade com a bola para reforçar o argumento, mas era tarde. A polícia de Manchester descobriu tudo e ele foi condenado a quatro meses de prisão, sob 12 acusações.

“Ele era capaz de enganar a maioria das pessoas ao longo de uma conversa, conquistando cada vez mais confiança. Ele se tornou tão habilidoso em mentir que o personagem criado se tornou inquestionável”, resumiu o sargento Adam Cronshaw, da polícia de Manchester. Segundo Abalimba disse à Justiça, ele não soube lidar com a falta de dinheiro. E virou um grande impostor.