Para conseguirem decidir o título da Libertadores, Cruzeiro e Grêmio apostam em uma espécie de inversão de estilos de jogo. Reconhecido pelo futebol técnico e de toque de bola, o que já vem desde a época de Tostão, Dirceu Lopes e companhia, o clube celeste foi cobrado e respondeu com futebol aguerrido e competitivo. Já o Tricolor gaúcho, que historicamente se notabiliza pela raça e forte marcação, tenta se tornar mais ofensivo.
As tentativas de transformações, no entanto, ainda não renderam integralmente os resultados esperados aos dois clubes. O "estilo sulista" do Cruzeiro foi bem-sucedido nas duas partidas contra o São Paulo, time caracterizado pela competitividade, quando a equipe de Adilson Batista venceu por 2 a 1 e 2 a 0, no Mineirão e Morumbi, respectivamente.
Naquele jogo, o Cruzeiro exibiu uma nova postura, como cobraram torcedores e dirigentes celestes. No Brasileiro, no entanto, a equipe celeste está devendo, ocupando a 15ª posição, com apenas sete pontos em 21 possíveis (aproveitamento de 33,33%). O time não vence há quatro jogos, quando conquistou apenas um ponto em 12 disputados, e perdeu invencibilidade de 27 jogos no Mineirão, para o Barueri, por 4 a 2.
"Em todos os jogos da Libertadores nós entramos com muita pegada, vontade e determinação, tirando o jogo com o Estudiantes (derrota por 4 a 0), em todos os outros isso aconteceu e tem que ser assim mesmo, porque o juiz não vai dar qualquer falta", comentou o lateral-direito Jonathan.
Segundo ele, se o Cruzeiro não entrar contra o Grêmio da forma como atuou diante do São Paulo, dificilmente conseguirá a vitória. "O Cruzeiro tem que entrar com essa atitude em todos os jogos, não só da Libertadores, mas como isso não vem acontecendo no Brasileiro temos de colocar essa vontade toda na Libertadores", acrescentou o lateral-direito.
Novo sistemaNo Grêmio, Paulo Autuori foi apresentado como seu novo técnico, em 18 de maio, e já na primeira entrevista coletiva, naquele dia, avisou que mudaria o sistema de jogo do time, considerado muito defensivo. Adepto do 4-4-2, o treinador disse que vinha acompanhando o desempenho da equipe desde o Qatar e que essa tinha, na sua visão, "forte poder de marcação, mas tem que jogar também".
Gustavo Andrade/UOL Esporte  Jonathan reconhece que a vontade que falta no Brasileiro sobra na Libertadores |
Vinícius Simas/UOL Esporte  Paulo Autuori tenta tornar o time do Grêmio mais ofensivo, com a mudança de esquema |
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De lá para cá, foram sete jogos do Grêmio sob seu comando, com duas vitórias, quatro empates e uma derrota. O 4-4-2, esquema que Autuori considera a "cara do futebol brasileiro", embora "esquecido", começou a ser utilizado há três jogos. Nas duas primeiras vezes, o time gaúcho ficou nos empates sem gols, diante do Fluminense, no Maracanã, pelo Brasileiro, e com o Caracas, pelas quartas-de-final na Libertadores.
Na rodada passada da competição nacional, outra vez no Olímpico, finalmente o Grêmio marcou gols nesse esquema, mas o time não conseguiu vencer, pois ficou no empate em 2 a 2. Mesmo assim Autuori diz que está vendo progressos na equipe. "Mantivemos algumas coisas do time do Celso Roth, e aperfeiçoamos outras", afirmou o treinador, após o jogo do último final de semana.
A torcida, entretanto, parece não ter detectado avanços, pois vaiou o time no sábado. Mas Autuori tem suas convicções e tem insistido que "o 4-4-2 é
um esquema que dá mais variantes para sair para o jogo, e além disso uma equipe com três zagueiros perde a capacidade de construção de jogadas". Vice-campeão brasileiro em 2008, o Tricolor utilizava o 3-5-2 há 16 meses e os jogadores estavam acostumados ao sistema.
Principalmente, os alas estão encontrando enormes dificuldades para adaptação à marcação. O ala-direito Ruy, antes elogiado e agora criticado, resumiu isso neste final de semana. "Estamos nos esforçando para assimilar as orientações do professor Autuori, mas a adaptação leva algum tempo", disse.
Nova atitudeNo Cruzeiro, não houve alteração no esquema tático. Com exceção de algumas partidas em que não teve outra alternativa, ao logo do ano e meio em que está à frente do Cruzeiro, clube que comandou em 100 partidas, o sistema foi o 4-4-2. Mas, nos melhores momentos do time, houve mudança na forma de jogar.
Após a vitória sobre o São Paulo, por 2 a 0, que confirmou a classificação para a seminal, Adilson Batista destacou a dedicação, empenho e postura dos jogadores. "O grupo inteiro está de parabéns pela dedicação, marcação, pela aplicação, pela tranquilidade. O Cruzeiro se posicionou perfeitamente, teve personalidade,criou mais e foi merecedor" avaliou o treinador.
Leonardo Silva evitar falar em mudança na forma de jogar, pois não sabe dizer se em outros momentos faltou determinação. "Mas é um ponto que a gente tem focado mais. A nossa equipe é muito técnica, então, se a gente igualar na força e na garra com as outras equipes com certeza a gente vai ter sempre uma vantagem", afirmou o zagueiro. Segundo ele, isso tem acontecido na Libertadores, por causa do desejo de ser campeão do torneio.
O primeiro duelo da semifinal entre os dois times brasileiros acontece nesta quarta-feira, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, a partir das 21h50 (horário de Brasília), com transmissão ao vivo do
Placar UOL.