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Libertadores - 2019

Febre do Corinthians na final da Libertadores faz até anticorintianos lucrarem em São Paulo

Romarinho comemora gol do Corinthians contra o Boca Juniors em La Bombonera - Leo La Valle/EFE
Romarinho comemora gol do Corinthians contra o Boca Juniors em La Bombonera Imagem: Leo La Valle/EFE

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

03/07/2012 14h00

Vai pedir uma pizza na próxima quarta-feira? Uma coisa você pode apostar: as chances do entregador ser corintiano são baixas. Com o segundo jogo da final da Libertadores marcado para as 21h50, o pedido mais ouvido por gerentes de pizzarias pela cidade de São Paulo é o de folga na quarta-feira.

SETOR DE FOGOS DE ARTIFÍCIO LUCRA ATÉ 200% COM CORINTHIANS NA LIBERTADORES

  • Antonio Bronic/Reuters

    Além de esperar um pouco mais pelas pizzas na quarta-feira, o paulistano tem outra certeza: o barulho de fogos de artifícios será ouvido por toda a cidade. “O Corinthians na final da Libertadores foi muito bom para o setor. Na minha loja, por exemplo, o aumento nas vendas foi de 200%”, conta Eduardo Yasuo Tsugiyama, presidente da Associação Brasileira de Pirotecnia e dono da Flames, loja na Avenida Atlântica.

    Segundo ele, a classificação corintiana salvou o período das Festas de São João. “O volume de vendas é comparável com o do Reveillon, que tradicionalmente é nossa época de maior lucro. E chegou em boa hora pois as festas juninas desse ano não foram muito boas em termos de venda”, completa Eduardo.

O fenômeno dos entregadores de pizza é apenas um dos muitos exemplos de como a febre do Corinthians na Libertadores afeta o setor de serviços paulistano. Se São Paulo é a cidade que nunca para, ela tira uma folguinha em hora de jogo do Corinthians, ainda mais pela final de um campeonato que o time nunca ganhou.

“Na semana passada eu já tinha acertado com um colega para trocar. Não tinha condição de passar a tensão da semana passada. Agora, quero mais é ficar quietinho no meu sofá, assistindo ao jogo na TV. E, se ganhar, acho que nem apareço na quinta-feira”, brinca Zenilton Santos Conceição, entregador de pizza da tradicional Speranza, no Bixiga.

A pizzaria, aliás, montou um esquema especial para o jogo: “Temos 60% de corintianos na equipe. Não dava para dar folga para todos eles porque o movimento de entregas aumenta 20%, mas quem conseguiu trocar, não vem trabalhar”, conta o gerente Djinaldo dos Santos Nogueira, torcedor do rival São Paulo.

Também no tradicional bairro do Bixiga, outras pizzarias apostam em entregadores anticorintianos para garantir que os clientes recebam seus pedidos quentinhos. “Nós não temos nenhum entregador corintiano, então não estamos com medo de alguém faltar”, conta Manoel de Oliveira, gerente da Silas Pizzaria.

Já na Mano’s Pizza, do outro lado da Rua 13 de maio, um corintiano vai trabalhar, mas revela a estratégia para acompanhar o jogo. “Quando a gente entrega uma pizza, dá uma olhadinha para dentro e vê um pouquinho. Tem que ser assim, de orelhada”, diverte-se Ariosvaldo Silva Pontes. “Mas ele pode ficar tranquilo que vai dar Boca”, provoca o colega Jairo Claudinei da Silva.

LOJAS AUMENTAM ESTOQUE DE CAMISAS PREVENDO BOOM DE VENDAS

Outro setor que está lucrando com o Corinthians é o de venda de produtos. O UOL Esporte contatou várias lojas da rede Poderoso Timão, a loja oficial do clube, que confirmaram que o interesse por itens com o escudo corintiano aumentou. No site de busca de preços Buscapé, por exemplo, as buscas por camisas do time paulista cresceram 140%, após o primeiro jogo da final. No mês de junho, o aumento chegou a 72% em relação a maio.

O fenômeno é tanto que a maioria das lojas esportivas aumentou o estoque de artigos corintianos. “A procura aumentou muito conforme o time foi avançando na competição. Tanto que o estoque da Centauro já está preparado para um eventual título do Corinthians”, afirma Rubens Tessitore, gerente de produtos do Grupo SBF, detentor da rede de lojas Centauro.

Mas não são apenas os motoboys os afetados pela final. Entre os taxistas a movimentação especial também acontece. Entre corintianos e torcedores de outras equipes. “Eu sou palmeirense e estava pensando em trabalhar, mas alguns amigos convidaram e resolvi ir para o churrasco. Todo mundo deixou de ganhar dinheiro naquela noite. Eu tive até que levar carne, mas valeu a pena”, diz Daniel Marco Napolitano, que trabalha na zona central de São Paulo.

A grande decisão, porém, será de muito trabalho. “Em dia de jogo, o movimento sempre é maior. Além disso, no segundo tempo eu já vou para a região do Pacaembu. São mais de 35 mil pessoas. Os taxis de lá não dão conta. A estratégia é chegar a dez minutos do fim do jogo, para pegar quem saiu um pouco antes do fim”, conta Daniel.