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Libertadores - 2019

De rojões a Galvão Bueno, dia de jogos atormenta os pets; saiba como acalmá-los

Cachorros costumam ficar agitados com fogos de artifício durante jogos de futebol - Thinkstock
Cachorros costumam ficar agitados com fogos de artifício durante jogos de futebol Imagem: Thinkstock

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

04/07/2012 10h00

A cachorrinha Fifi tem 11 anos e meio e passa noites de quarta-feira e tardes de domingo tremendo. Como muitos animais de estimação, ela tem medo de fogos de artifício, tão comuns nos jogos de futebol. E, na noite desta quarta-feira, os céus devem ficar muito mais barulhentos do que o normal.

Com a final da Copa Libertadores entre Corinthians e Boca Juniors marcada para 21h50, no Pacaembu, o número de rojões disparados pela cidade será alto - o setor de fogos de artifício reportou aumento de 200% nas vendas graças ao bom momento corintiano na competição. Pensando nisso, o UOL Esporte procurou especialistas em comportamento animal para dar algumas dicas aos donos de animais de estimação para ajudar os amiguinhos em uma noite que promete ser tensa.

  • TRAUMA COM GALVÃO - O veterinário Mauro Lantzman tem uma história engraçada envolvendo animais e jogos de futebol envolvendo o narrador Galvão Bueno, da Globo: “Um amigo tem um cachorro que não tinha medo do rojão, mas da narração de gol do Galvão. E ele ficava tão incomodado que os donos tinham de mudar o canal sempre que o jogo era narrado por ele”, conta.

Corajosos x medrosos

Segundo Mauro Lantzman, doutor em psicobiologia da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, o medo de fogos de artifício pode ter duas origens. “Primeiro, os animais têm uma sensibilidade auditiva maior e se incomodam com sons altos. Além disso, pode acontecer a associação entre o estímulo sonoro e algum evento muito assustador. É difícil encontrar origem”, diz o veterinário.

E os mais afetados são, realmente, os cachorros. "Gatos também ficam bastante incomodados, mas como o comportamento deles é mais distante, é com os cães que a gente percebe uma alteração de comportamento maior", completa Kátia de Martino, adestradora e veterinária da empresa Cão Cidadão, criada pelo veterinário e apresentador Alexandre Rossi, o Dr. Pet (da Record e do Nat Geo).

Com tudo isso, o nível de incomodo dos animais pode ser bem diferente. Existem os corajosos, que não são afetados pelos fogos. Os medrosos, mas que conseguem lidar com a situação. E os que entram em pânico e causam preocupação aos donos.

“Temos cães, por exemplo, que não dão a mínima para o barulho e ficam tranquilos durante a queima de fogos. A maioria se assusta e procura um esconderijo. Mesmo com medo, se esse animal não causa danos, não é preciso se preocupar muito. Mas também existem aqueles que entram em pânico e chegam a se machucar”, lembra Lantzman. “Na maioria dos casos, é possível tratar esse medo e ajudar o animal. Mas o tratamento é longo e precisa ser feito por profissionais”, completa.

  • Reuters

    Cão com frisbee: brincadeira na queima de fogos associa a momento prazeroso e não traumático

Tampões de ouvido

Uma alternativa paliativa, que muitos donos de animais usam, é o tampão de ouvido. Além do risco de incomodar o animal, a técnica só funciona para aqueles que ficam com medo por causa do barulho alto, sem a associação entre os fogos e um evento traumático.

“É uma alternativa para os animais que não se assustam tanto. O tampão, porém, não vai impedir que o animal ouça os fogos. Então, se ele associar o barulho a um trauma, mesmo ouvindo pouco, qualquer estímulo que remeta aos fogos de artifícios vai deixá-lo agitado”, lembra Lantzman.

Brinque com eles

Algumas vezes, nem é preciso dos fogos para assustar o animal. A cachorrinha Fifi, por exemplo, começa a tremer assim que ouve gritos de gol. “Ela associa o gol aos fogos e já começa a pedir colo quando alguém grita”, lembra o dono, Dácio Laurito.

Uma opção para diminuir esse medo é começar a mudar essas associações. “Você pode entreter o cachorro quando começarem os fogos. Pegue um brinquedo que ele goste, um petisco e tente deixá-lo bem relaxado quando a queima de fogos está acontecendo. Quando começa a surgir o barulho, é natural que o cachorro vá atrás do dono pedindo conforto. Se você o segura no colo, só diz para ele que é uma situação perigosa. Se você transformar o momento em uma brincadeira, associar os fogos a uma situação prazerosa, o comportamento começa a melhorar”, explica Katia de Martino.

Remédios alternativos

  • Gabo Morales/Folhapress

Em casos mais graves, os donos de pets podem recorrer a medicamentos. Para isso, é preciso consultar um veterinário e fazer uma avaliação do caso. Para quem estiver preocupado com o jogo desta quarta-feira, porém, Lantzman tem duas sugestões de remédios. “São soluções alternativas que não vão acabar com o problema, mas podem ajudar”.

O primeiro é um floral, chamado ‘Rescue’, para controle de stress e ansiedade. “Você pode colocar quatro gotas na água para animais de pequeno porte e seis para animais maiores”, indica o veterinário.

A segunda alternativa é um medicamento homeopático chamado Sedatif, também para acalmar os pets. “Se o jogo está marcado para a noite, você pode dar um comprimido pela manhã, um no meio do dia e um algum tempo antes do jogo”, explica.