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Libertadores - 2019

Corinthians tenta expor distância de organizadas e diz que confissão não muda pena na Conmebol

Corpo do torcedor Kevin Espada, de 14 anos, foi enterrado neste sábado, na Bolívia - EFE/Jorge Abrego
Corpo do torcedor Kevin Espada, de 14 anos, foi enterrado neste sábado, na Bolívia Imagem: EFE/Jorge Abrego

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

25/02/2013 06h00

Desde o incidente que resultou na morte do boliviano Kevin Espada, atingido por um sinalizador no jogo entre Corinthians e San José, o clube paulista tenta demonstrar distanciamento em relação à sua principal torcida organizada, a Gaviões da Fiel, de onde saiu o disparo. Questionado sobre os efeitos da confissão por parte de um jovem de 17 anos, associado da facção, que irá se apresentar a Vara de Infância de Guarulhos nesta segunda-feira, o departamento jurídico do clube diz que nada se altera em relação ao recurso que a equipe está
pleiteando na Conmebol.

Um dia após o incidente, na quinta-feira, a entidade que organiza a Copa Libertadores puniu o clube de forma cautelar. Os jogos da equipe no torneio terão que ser disputados sem torcida. Os corintianos contestaram a decisão e esperam obter uma resposta nesta segunda-feira.

“Para a defesa do Corinthians não muda nada. Não ajuda, nem prejudica. O recurso já apresentado ataca a falta de fundamentação jurídica”, afirmou Luiz Felipe Santoro, advogado do clube.

Desde as últimas gestões, o Corinthians tem uma relação próxima com as suas organizadas, incluindo a Gaviões da Fiel. Historicamente, os grupos políticos do ex-presidente Andrés Sanchez e do atual, Mario Gobbi, dialogam com os integrantes dessas entidades.

Após o incidente, entretanto, o clube tenta mostrar distância das torcidas organizadas. O clube não anunciou nenhuma ajuda aos 12 torcedores detidos na Bolívia desde quinta-feira. “Estão recebendo o auxílio dado a qualquer cidadão brasileiro, da embaixada”, afirmou Gobbi, na última sexta-feira.

A morte de Kevin Espada aconteceu no primeiro tempo da partida entre Corinthians e San José, da Bolívia. Desde quinta-feira, 12 torcedores corintianos se encontram detidos em Oruro. Segundo o jornal La Patria, de Oruro, o inquérito da polícia local aponta Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira como responsáveis pela morte do jovem boliviano. Outros 10 foram corintianos foram indiciados como cúmplices.

O advogado da Gaviões da Fiel acredita que, com a confissão do autor do disparo, os torcedores detidos poderão ser libertados na Bolívia. A polícia local, entretanto, não deu por enquanto nenhuma indicação de que isso irá ocorrer.

TORCEDORES ESTÃO EM PRESÍDIO SUPERLOTADO E VIGIADO POR DETENTOS

  • Penitenciária de San Pedro, Oruro, Bolívia. É lá que os 12 torcedores corintianos indiciados pelo homicídio do jovem boliviano Kevin Douglas Espada, de 14 anos, ficarão presos à espera do julgamento ou uma segunda ordem judicial. Funcionando desde 1844, a prisão está hoje superlotada e opera sob um controle peculiar de segurança: lá, são os próprios detentos os responsáveis por garantir a ordem. A descrição é do ministro conselheiro da embaixada do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia. Ele é o chefe da representação brasileira no país vizinho e acompanha, com certa apreensão, a situação dos brasileiros presos após o jogo entre San José e Corinthians, na quarta-feira - o duelo terminou empatado em 1 a 1.