Vice-cônsul confirma Corinthians e diz que pai de Kevin foi procurado
O vice-cônsul do Brasil em Cochabamba, Vitorino Barros, confirmou a versão do Corinthians e disse que o clube procurou, sim, o pai do jovem Kevin Espada. Consultado pelo UOL Esporte, o diplomata disse ter ele mesmo feito a ligação entre as partes, mas o boliviano teria adiado uma conversa para esperar o desdobramento das investigações sobre o crime em seu país.
“O Corinthians me procurou e eu entrei em contato com o pai do Kevin, que pediu mais tempo para analisar os prós e os contras dessa conversa. O receio do pai é que essa conversa, esse possível acerto, pudesse interferir no andamento do julgamento dos 12 corintianos”, disse Vitorino Barros, em entrevista por telefone.
A versão do diplomata difere daquela apresentada pela família de Kevin. O jovem de 14 anos morreu atingido por um sinalizador de navio atirado por torcedores corintianos que estavam no estádio quando o time de Tite empatou por 1 a 1 com o San Jose, em Oruro, na Bolívia.
Na última quarta, em entrevista à Folha de S. Paulo, Limbert Beltran, pai de Kevin, disse ninguém do clube procurou a família para prestar condolências. O tio do jovem, o advogado Jorge Ustarez, chegou a falar em processar o Corinthians por entender que ele tem uma ligação com a torcida organizada e que houve tentativa de influenciar a Justiça boliviana por meio da chancelaria e até com a pressão feita pelo deputado Walter Feldman.
O Corinthians, por sua vez, disse ter tentado o contato via Vice-Consulado brasileiro em Cochabamba para que o convite para a conversa fosse formal. Vitorino Barros diz que foi exatamente assim que as coisas aconteceram.
“[Procuraram] primeiramente para expressar as condolências, para saber da possibilidade de alguém do Corinthians vir participar da missa de 30 dias e principalmente tentar dar algum apoio financeiro à família. O pai preferiu esperar, ver o desenrolar dos fatos”, disse o diplomata, acrescentando que a investigação no âmbito criminal é o que mais interessa aos pais de Kevin.
“Ele quer que os culpados sejam punidos e acredita que o menino que confessou no Brasil não é o autor do disparo do sinalizador. Por isso que ele pediu mais tempo”, disse Barros. Até o momento, os 12 corintianos que foram presos no dia da tragédia seguem presos na Bolívia, sem conseguirem habeas corpus.
Corinthians estuda doar renda para família de Kevin
O Corinthians tem a intenção de doar a renda da bilheteria de uma partida do clube para a família do boliviano Kevin Espada, 14 anos, morto por um sinalizador atirado por torcedores corintianos no jogo contra o San José. O clube discute internamente como entrará em contato com os familiares do jovem para viabilizar a doação. A ideia é que a renda seja de um jogo da Libertadores, já que agora o time poderá receber sua torcida no Pacaembu. O clube diz estar tomando todas as cautelas para que a família do rapaz não seja exposta. A possibilidade de eles virem ao Brasil receber a doação é descartada. Por isso, esperar o julgamento da Conmebol era crucial.
Dois deles são acusados de terem disparado o sinalizador, enquanto os outros dez respondem por, supostamente, serem cúmplices dos outros. Paralelamente, no Brasil um jovem de 17 anos, membro da Gaviões da Fiel, se apresentou à Vara da Infância de Guarulhos dizendo ter sido ele o autor do disparo. A Justiça boliviana se recusou a levar a confissão em consideração.
Mesmo assim, a posição adotada pelo pai de Kevin surpreendeu o vice-cônsul. “Eu falei com o senhor Limbert várias vezes e disse a ele que o Corinthians queria ter um contato com ele. O Corinthians procurou o senhor Limbert, sim. Acho muito estranho que ele tenha dito que o Corinthians não o procurou”, disse Barros.
A despeito da confusão na comunicação, um acerto entre as partes parece estar mais próximo. O pai de Kevin deixou pré-agendada para o próximo fim de semana uma conversa por telefone. Nela, o Corinthians podia estabelecer uma maneira de indenizar financeiramente da família do jovem. A possibilidade mais forte é que parte da renda de alguma partida seja destinada para este fim.
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