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Senador visita corintianos presos em Oruro e diz que teme pela vida de brasileiros

Brasileiros presos em Oruro, na Bolívia, reclamam de condições precárias - Aizar Raldes/AFP
Brasileiros presos em Oruro, na Bolívia, reclamam de condições precárias Imagem: Aizar Raldes/AFP

Mauricio Duarte

Do UOL, em São Paulo

27/03/2013 15h28

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) esteve nesta terça-feira com os 12 torcedores do Corinthians presos na Bolívia desde 20 de fevereiro devido à morte do boliviano Kevin Espada, de 14 anos, vítima do disparo de um sinalizador durante jogo contra o San José. Presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), o senador afirmou que teme pela vida dos brasileiros e fez um apelo para que o governo intervenha na situação.

“Eu acho que a vida dos brasileiros está em perigo. Eu manifestei isso pessoalmente ao Carlos Romero, ministro de governo da Bolívia. Eles estão presos com estupradores, traficantes, assassinos. Manifestei uma preocupação formal, lembrando que o estado boliviano tem a custódia desses brasileiros”, afirmou ao UOL Esporte. Nas próximas horas, Ferraço irá comunicar o que viu em Oruro aos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Segundo o senador, os corintianos reclamaram de maus tratos e constrangimento. Eles estão em um presídio com capacidade para 200 pessoas, mas que tem 1.500 detentos no momento, de acordo com Ferraço. “Acho que é uma situação muito mais diplomática, politica do que jurídica. O governo brasileiro precisa colocar isso na agenda. Precisamos de uma intervenção forte. Eles podem pelo menos exigir um presídio que garanta integridade física”, declarou.

O parlamentar classificou a prisão dos 12 corintianos como uma “farsa”. Para ele, eles estão lá apenas para atender a um desejo de vingança por parte da população e para servir como barganha política. “Volto de lá convicto de que eles são inocentes, bodes expiatórios. Foram presos meio que aleatoriamente. É um negócio mal contado”, concluiu.

As condições precárias do presídio em Oruro já foram divulgadas em diversas oportunidades. Os corintianos estão separados dos outros presos, mas, segundo o parlamentar, reclamaram de serem constantemente hostilizados dentro das dependências da detenção e que há “muita má vontade” com eles.

Ferraço fará no próximo dia 4 de abril uma reunião entre o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a Embaixada do Brasil em La Paz, para definir de que maneira o governo brasileiro pode atuar para melhorar as condições dos brasileiros presos em Oruro. O presidente do Corinthians, Mario Gobbi, também irá se encontrar com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ainda esta semana.

Segundo o clube, a ideia não é necessariamente pedir a liberação dos 12 presos. Trata-se, na verdade, de solicitar o envolvimento do Governo Federal para que seja garantido aos presos o direito de defesa. A postura só não foi a mesma desde a tragédia porque o Corinthians, em seu entender, tinha uma agenda a cumprir, preocupando-se primeiro com os reflexos esportivos do caso e depois com a situação dos torcedores presos.

O grupo de corintianos é acusado de participação no evento. No Brasil, a organizada Gaviões da Fiel apresentou à Justiça um jovem de 17 anos que se diz o verdadeiro culpado pelo crime. A Justiça da Bolívia, no entanto, não leva o depoimento e a confissão do jovem em consideração, e manteve os 12 brasileiros em prisão preventiva em Oruro.