Jornal peruano chama de "ato repudiável" racismo contra Tinga
O ato de racismo da torcida peruana do Real Garcilaso contra o meio-campo cruzeirense Tinga ganhou pouca repercussão na imprensa local. O mais eloquente foi o jornal La Republica qualificou a atitude como repudiável.
"O Real Garcilaso derrotou hoje o poderoso Cruzeiro em sua estreia na Libertadores. Sem dúvida, a vitória se viu apagada por ataques racistas de um grupo de torcedores peruanos a um futebolista da equipe rival. O ato repudiável foi contra o meio-campista Paulo César Fonseca, conhecido como Tinga".
O El Comercio optou apenas por repercutir o fato. Segundo informações do jornal, o Cruzeiro já denunciou o Real Garcilaso pelos gritos racistas dos seus torcedores contra Tinga.
"O que fizeram com o Tinga foi uma covardia. É uma derrota da humanidade. Aqui não deveria existir mais futebol", declarou o diretor do futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, segundo o jornal.
Já o jornal O Libero optou por ignorar o fato em sua versão digital, apenas ressaltando a vitória do Real Garcilaso sobre o Cruzeiro na estreia da Libertadores.
Peruanos são reincidentes em atos racistas
Não foi a primeira vez que um jogador brasileiro sofreu com insultos racistas em território peruano. Em 2011, durante uma partida entre Brasil e Bolívia pelo Sul-Americano sub-20, uma pequena parte da torcida presente ao estádio 25 de Noviembre, em Moquegua, hostilizou o atacante Diego Maurício.
Depois de entrar no segundo tempo da partida, o jogador da seleção brasileira passou a ser ofendido por torcedores, que imitavam, assim como ocorreu com Tinga, sons de macaco. Depois do jogo, o atacante lamentou o incidente.
“Eu fico triste, mas isso não me afeta em nenhum momento. Independentemente de raça, somos todos seres humanos. Dentro de campo vou sempre mostrar meu trabalho e não dou bola para isso”, disse o jogador na época.
Apesar da evidente discriminação ao atacante brasileiro, os peruanos, torcedores em geral e até autoridades, consideraram normal e mesmo “engraçada” a atitude de parte da torcida de imitar sons de macaco quando Diego Maurício pegava na bola.
Um policial que estava no estádio disse que era apenas um gesto usado pela torcida para “atrapalhar” os jogadores de “pele escura”. Um jornalista peruano afirmou que se tratava de uma tradição no país e uma “brincadeira”, mas recuou envergonhado ao ser questionado se não se tratava de uma discriminação racial.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cobrou explicações da Conmebol sobre o comportamento dos torcedores. A iniciativa gerou uma reação da entidade sul-americana, que criou uma campanha para tentar coibir atos racistas durante o Sul-Americano sub-20.
Uma faixa com a frase “Não ao racismo” foi afixada próxima aos torcedores durante os jogos. Além disso, o pedido foi reforçado por alto-falantes dos estádios.
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