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Ronaldinho Gaúcho se diz "muito triste" com as ofensas sofridas pelo "parceiro Tinga"

Do UOL, em Belo Horizonte

13/02/2014 14h49

O meia-atacante Tinga recebeu uma importante manifestação de solidariedade nesta quinta-feira, dia seguinte após ter sido vítima de injúria racial na partida em que o Cruzeiro foi derrotado pelo Real Garcilaso, por 2 a 1, em Huancayo. O amigo e estrela do rival Atlético-MG, Ronaldinho Gaúcho, se manifestou oficialmente em seu twitter pessoal, lamentando o ato.

“Muito triste pelo que aconteceu com meu parceiro @PauloCesarTinga na Libertadores. Incrível como isso ainda existe no futebol”, escreveu o camisa dez em seu twitter pessoal.

Ronaldinho Gaúcho e Tinga são amigos desde os tempos de categorias de base do Grêmio. Os dois foram revelados pelo clube gaúcho. Em Belo Horizonte, mesmo atuando em clubes rivais, se encontram com certa regularidade.

A rivalidade entre os dois clubes foi deixada de lado desde os atos racistas sofridos por Tinga na estreia celeste na Libertadores. Os jogadores atleticanos se manifestaram e mostraram desagrados com os atos na chegada a Belo Horizonte, nesta quinta-feira.

Logo após a partida de quarta-feira, entre Cruzeiro e Real Garcilasso, o presidente atleticano, Alexandre Kalil, foi o primeiro a se manifestar sobre a situação vivida por Tinga. “Racismo na Libertadores? Me tiraram o prazer da derrota do Cruzeiro. Lamentável!”, escreveu o dirigente em seu twitter.

Peruanos são reincidentes em atos racistas

Não foi a primeira vez que um jogador brasileiro sofreu com insultos racistas em território peruano. Em 2011, durante uma partida entre Brasil e Bolívia pelo Sul-Americano sub-20, uma pequena parte da torcida presente ao estádio 25 de Noviembre, em Moquegua, hostilizou o atacante Diego Maurício.

Depois de entrar no segundo tempo da partida, o jogador da seleção brasileira passou a ser ofendido por torcedores, que imitavam, assim como ocorreu com Tinga, sons de macaco. Depois do jogo, o atacante lamentou o incidente.

“Eu fico triste, mas isso não me afeta em nenhum momento. Independentemente de raça, somos todos seres humanos. Dentro de campo vou sempre mostrar meu trabalho e não dou bola para isso”, disse o jogador na época.

Apesar da evidente discriminação ao atacante brasileiro, os peruanos, torcedores em geral e até autoridades, consideraram normal e mesmo “engraçada” a atitude de parte da torcida de imitar sons de macaco quando Diego Maurício pegava na bola.

Um policial que estava no estádio disse que era apenas um gesto usado pela torcida para “atrapalhar” os jogadores de “pele escura”. Um jornalista peruano afirmou que se tratava de uma tradição no país e uma “brincadeira”, mas recuou envergonhado ao ser questionado se não se tratava de uma discriminação racial.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cobrou explicações da Conmebol sobre o comportamento dos torcedores. A iniciativa gerou uma reação da entidade sul-americana, que criou uma campanha para tentar coibir atos racistas durante o Sul-Americano sub-20.

Uma faixa com a frase “Não ao racismo” foi afixada próxima aos torcedores durante os jogos. Além disso, o pedido foi reforçado por alto-falantes dos estádios.