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Torcedores atleticanos planejam apoio a Tinga no clássico; ideia gera polêmica

Do UOL, em Belo Horizonte

13/02/2014 14h38

Depois de o presidente Alexandre Kalil e os jogadores do Atlético-MG mostrarem solidariedade ao volante Tinga, do Cruzeiro, que foi vítima de racismo no Peru, parte da torcida do time rival também pretende homenagear o jogador. Pelas redes sociais, alguns atleticanos se manifestam a favor de uma manifestação de apoio ao jogador ofendido, planejando o grito em coro do nome de Tinga, no próximo domingo, no clássico contra o Cruzeiro, às 16h, no Independência.

A ideia surgiu nas próprias redes sociais e muitos atleticanos aderiram à causa. “Vou fazer questão de ir no jogo e gritar bem alto o nome do Tinga e, claro, vamos receber muito bem essa torcida que diz ‘humilde’, escreveu Marcela Cajá, pelo twitter. “A torcida do Galo mais uma vez dando exemplo e sabendo separar as coisas: vão gritar o nome do Tinga antes do clássico”, escreveu outro torcedor.

Além de gritar o nome do jogador celeste, outros torcedores atleticanos também planejam levar faixas contra o racismo. Apesar de aprovar a manifestação contra a discriminação, a ideia de gritar o nome de um jogador adversário diverge opiniões entre a torcida alvinegra. Alguns são contra.

“Vocês estão de sacanagem. Gritar nome do Tinga durante o clássico? Ser contra o preconceito é uma coisa, dar combustível para o freguês é outra”, escreveu Lucas Emanuel. “Só o que faltava, querer gritar o nome do Tinga no domingo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, reclamou outro torcedor.

Atlético e Cruzeiro se enfrentam, neste domingo, às 17h, no Independência, em jogo válido pela quinta rodada do Campeonato Mineiro. Como a partida será no Horto, apenas os torcedores atleticanos estarão presentes no estádio.

Por causa das recentes brigas entre duas torcidas organizadas do Cruzeiro, Máfia Azul e Pavilhão Independente, a diretoria celeste abriu mão da carga de 10% dos ingressos a que teria direito e, dessa forma, o clássico terá torcida única.

Peruanos são reincidentes em atos racistas

Não foi a primeira vez que um jogador brasileiro sofreu com insultos racistas em território peruano. Em 2011, durante uma partida entre Brasil e Bolívia pelo Sul-Americano sub-20, uma pequena parte da torcida presente ao estádio 25 de Noviembre, em Moquegua, hostilizou o atacante Diego Maurício.

Depois de entrar no segundo tempo da partida, o jogador da seleção brasileira passou a ser ofendido por torcedores, que imitavam, assim como ocorreu com Tinga, sons de macaco. Depois do jogo, o atacante lamentou o incidente.

“Eu fico triste, mas isso não me afeta em nenhum momento. Independentemente de raça, somos todos seres humanos. Dentro de campo vou sempre mostrar meu trabalho e não dou bola para isso”, disse o jogador na época.

Apesar da evidente discriminação ao atacante brasileiro, os peruanos, torcedores em geral e até autoridades, consideraram normal e mesmo “engraçada” a atitude de parte da torcida de imitar sons de macaco quando Diego Maurício pegava na bola.

Um policial que estava no estádio disse que era apenas um gesto usado pela torcida para “atrapalhar” os jogadores de “pele escura”. Um jornalista peruano afirmou que se tratava de uma tradição no país e uma “brincadeira”, mas recuou envergonhado ao ser questionado se não se tratava de uma discriminação racial.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cobrou explicações da Conmebol sobre o comportamento dos torcedores. A iniciativa gerou uma reação da entidade sul-americana, que criou uma campanha para tentar coibir atos racistas durante o Sul-Americano sub-20.

Uma faixa com a frase “Não ao racismo” foi afixada próxima aos torcedores durante os jogos. Além disso, o pedido foi reforçado por alto-falantes dos estádios.

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