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Com gol no último minuto, Cruzeiro evita derrota para o Cerro no Mineirão

Do UOL, em Belo Horizonte

16/04/2014 23h56

O Cruzeiro não conseguiu manter o embalo da sua classificação na última rodada da fase de grupos da Libertadores e da conquista do título estadual sobre o arquirrival Atlético-MG e acabou surpreendido pelo Cerro Porteño, na noite desta quarta-feira, em pleno Mineirão. O time de Marcelo Oliveira sofreu para empatar com a equipe paraguaia, em 1 a 1, mantendo a invencibilidade em seus domínios nesta temporada, mas permitindo ao adversário jogar pelo empate sem gols em Assunção.

O Cerro, comandado pelo ex-lateral direito Arce, que comprovou ter estudado bastante o adversário, saiu à frente do Cruzeiro, no primeiro tempo, e exigiu muito da equipe mineira para empatar. Ao ceder a igualdade, na etapa final, o time paraguaio segue sem vencer como visitante na atual edição da Libertadores. Já o clube estrelado empatou pela segunda vez no Mineirão. A repetição do resultado levará a definição da vaga para os pênaltis, enquanto empate com dois ou mais gols classifica o time mineiro.

O cenário estava todo preparado para uma vitória do Cruzeiro, que por decidir a vaga às quartas de final em Assunção, no dia 30 próximo, esperava fazer um resultado mais amplo, para ter tranquilidade no jogo da volta. A torcida compareceu em bom número e estava entusiasmada. O time celeste começou forte, dando a impressão que conseguiria o seu gol logo, mas, o Cerro não se contentou com o papel de coadjuvante e estragou o enredo. Apesar de não ter saído com a vitória, o gol nos acréscimos foi intensamente comemorado pela torcida, por ter tornado menos difícil a tarefa celeste na partida de volta.

Na fase de grupos da competição continental, o Cerro teve 100% de aproveitamento como mandante, pelo Grupo 3, quando bateu Lanus, da Argentina, por 3 a 1; O´Higgins, por 2 a 1 e o Deportivo Cáli, por 3 a 2. Já o Cruzeiro, como visitante, no Grupo 5, foi derrotado ,por Real Garcilaso e Defensor Sporting, por 2 a 1 e 2 a 0, respectivamente, ganhando apenas do Universidad de Chile, por 2 a 0, resultado fundamental para sua classificação.

O técnico Arce, do Cerro Porteño, chegou a duvidar das ausências de Dagoberto e Ricardo Goulart, temendo alguma surpresa celeste. Mas o time de Marcelo Oliveira realmente entrou em campo sem esses dois titulares, mas com uma formação ofensiva e com opção pela velocidade, com as entradas de Willian e Elber, respectivamente. Dessa forma, Julio Baptista continuou atuando como centroavante e Everton Ribeiro como principal articulador das jogadas ofensivas da equipe cruzeirense.

Para inspirar o Cruzeiro, um ex-jogador igualmente baixinho e que entrou para a história do clube ao marcar o gol do segundo e, até agora, último título da Libertadores, em 1997, se junto à grande torcida celeste que compareceu ao ‘Gigante da Pampulha’. Elivelton, que fez o único tento do triunfo por 1 a 0, sobre o Sporting Cristal, em 13 de agosto de 1997, no ‘velho’ Mineirão, trouxe o filho Gabriel para testes em seu antigo time e aproveitou para torcer pelo Cruzeiro. “Tem tudo para fazer 3 a 0 e decidir a classificação aqui”, afirmou, animado, o ex-atleta, antes do início do jogo.

E Elivelton viu o Cruzeiro muito ofensivo no começo do primeiro tempo, colocando velocidade nas jogadas pelas extremas e arriscando as finalizações, algumas de longa distância. Logo aos 3 min, após boa jogada pelo lado direito do ataque, com Elber, Éverton Ribeiro cruzou e, no rebote, Willian chutou, mas errou o alvo por muito.

Nos 12 minutos iniciais, os jogadores cruzeirenses obrigaram o goleiro Fernandez a fazer três defesas, a mais difícil, aos 6 min, em cobrança de falta ensaiada, quando Lucas Silva rolou e o lateral paraguaio Samudio bateu firme. A bola desviou em Alonso, complicando a situação  para o camisa 1 do Cerro. O Cruzeiro tinha a posse de bola e a iniciativa ofensiva, mas o adversário demonstrava frieza e cumpria a promessa do técnico Arce de atuar com inteligência, sem ficar apenas se defendendo.

O Cerro só atacava na boa, mas não deixou de criar algumas jogadas. O primeiro chute foi do espanhol Guiza, aos 13 min, de longe, defendido com tranquilidade por Fábio. Aos 26 min, Oscar Romero, um dos gêmeos da equipe paraguaia, quase colocou seu time em vantagem. Por pouco não conseguia concluir cruzamento da direita, quando estava livre, à frente do goleiro cruzeirense.

O ímpeto inicial do Cruzeiro diminuiu e o Cerro já não era tão pressionado. Prova disso foi uma chegada mais consistente ao ataque, que resultou no gol dos visitantes, marcado por Angel Romero, aos 31 min da etapa inicial. O time paraguaio cobrou escanteio da direita, Fábio defendeu parcialmente, mas a bola sobrou para chute cruzado, complementado pelo camisa 27, o outro dos irmãos gêmeos do Cerro. Em desvantagem e com a torcida calada,  a equipe anfitriã demonstrou sentir o gol e erros sucessivos lances.

Aos 37 min, Ortiz dividiu com Elber, que levou a pior. O jovem jogador celeste ficou tonto, foi atendido fora de campo, mas não conseguiu voltar e foi substituído pelo experiente atacante Borges. Aos 43 min, Willian desperdiçou a chance do empate, ao tabelar com Julio Baptista, mas tocar para fora. O lance reanimou os torcedores estrelados que voltaram a cantar e tentar empurrar o time em busca da reação. A etapa inicial, no entanto, acabou com o triunfo parcial dos visitantes. “Criamos bastante, eles tiveram uma chance só e aproveitaram. É ter atenção na frente e atrás para virarmos o jogo”, disse Everton Ribeiro, na saída do intervalo.

Os dois times voltaram para o segundo tempo com as mesmas formações. A primeira finalização dessa etapa foi de Julio dos Santos, sem problema para Fábio, que, aos 4 min, no entanto,  teve trabalho para evitar gol de Oscar Romero para o Cerro, que seguia em seu padrão de jogo, em que não apenas se defendia, mas também buscava levar perigo à defesa adversária. O Cruzeiro errava muitos passes e cedia espaços ao oponente, como aos 6 min, em chute de Guiza, que o camisa 1 cruzeirense mandou a escanteio.

Como o Cruzeiro não se acertava em campo, Marcelo Oliveira optou pela juventude de Mayke em detrimento da experiência de Ceará, em mudança que tentava dar mais força ofensiva à equipe.  A equipe dona da casa não desistia de atacar, mas jogadores importantes, como o meia Everton Ribeiro, por exemplo, não atuavam bem. Dessa forma, o Cerro conseguia tocar a bola, sem pressa, tentando manter o time azul longe da sua área.

Com o passar do tempo, aumentava o nervosismo da torcida celeste. Aos 31 min, Marcelo Oliveira colocou Marlone na vaga de Julio Baptista, que deixou o campo sob vaias de uma parte dos torcedores e aplausos de outros. O Cerro continuava tranquilo em campo, fazendo uma boa partida taticamente e sem afobação.Aos 39 min, Everton Ribeiro colocou a bola nas redes, mas o gol do Cruzeiro foi anulado por impedimento. O time da casa não desistiu e, no último lance, aos 49 min, na base do bate e rebate, Samudio conseguiu colocar a bola nas redes, levando a torcida cruzeirense à loucura. “Fizemos o gol no último minuto e acho que é sinal que as coisas estão fluindo positivamente”, observou Dedé

CRUZEIRO 1 X 1 CERRO PORTEÑO

Data:16/4/2014 (quarta-feira)
Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Daniel Fedorczuk(URU)
Auxiliares: Carlos Pastorino e Gabriel Ppovitz(URU)
Cartão amarelo: Candia (Cerro)
Gols: Angel Romero, aos 31 min do primeiro tempo; Samudio, 49 min do segundo tempo

Cruzeiro
Fábio; Ceará (Mayke), Dedé, Bruno Rodrigo e Samudio; Henrique, Lucas Silva, Everton Ribeiro e Elber (Borges); Julio Baptista (Marlone) e Willian
Técnico: Marcelo Oliveira

Cerro Porteño
Fernández; Bonet, Cardozo, Ortiz e Junior Alonso; Corujo, Oviedo, Julio dos Santos e Oscar Romero (Candia); Angel Romero (Beltran) e Güiza (Torres)
Técnico: Francisco Arce