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Bem-vindo à Libertadores: Pato brilha, marca dois gols e SP goleia Danubio

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

25/02/2015 23h51

Em sua entrevista coletiva de terça-feira, Pato repetiu, várias vezes, que a Libertadores era seu sonho, e seu objetivo mais importante. Admitiu que estava muito nervoso, comparou o torneio à Copa do Mundo. Felizmente para o torcedor do São Paulo, não era jogo de cena: o atacante marcou dois gols e foi decisivo na vitória sobre o Danúbio nesta quarta, por 4 a 0, no Morumbi.

Pato começou a Libertadores com o pé direito - que aliás, usou para acertar um belo sem pulo no primeiro gol - mas a equipe comandada por Muricy não teve uma atuação perfeita. Apesar do muito toque de bola, passou alguns períodos sem criar chances, e levou seus sustos na defesa. Mereceu, porém, a vitória, e foi bem melhor do que adversário.

Se ainda não apagou totalmente a imagem deixada pela derrota contra o Corinthians, se reabilitou na competição mais importante da América do Sul. Marcando os três pontos em casa, mostrou que na está na disputa por uma vaga na segunda fase. Tem um jogo a mais do que Corinthians e San Lorenzo, e ocupa a primeira colocação. 

A atuação também serve para trazer um pouco de paz ao Morumbi. Depois de troca de farpas entre o presidente Carlos Miguel Aidar e Muricy Ramalho, a vitória, além da conversa dos dois no CT nesta terça-feira, deve encerrar o assunto, ao menos por enquanto.

Fases do jogo: O jogo começou com um pequeno susto na modesta torcida são-paulina que foi ao Morumbi: em jogada pela direita, Ignacio González recebeu dentro da área livre, mas chutou mal, por cima do gol.

A resposta do São Paulo foi imediata e fulminante. Um minuto depois do lance do Danubio, Reinaldo fez bela jogaga pela esquerda, meteu a bola entre as pernas de Peña e cruzou; Pato bateu de primeira, com força, marcando um golaço, seu primeiro na Libertadores.

Um começo promissor para um primeiro tempo que não teve tantas emoções. Como vem sendo comum em 2015, o São Paulo manteve a posse de bola, trocou passes e teve pouca urgência. Alguns lances de efeito no meio de campo, como chapéus de Pato e Michel Bastos, levantaram a torcida.

A noite, porém, era do camisa 11. Ligado no jogo e se movimentando demais, Pato apareceu outra vez, até fugindo de suas características: subiu na área para cabecear após cruzamento de Bruno e marcou o segundo, a cinco minutos do intervalo.

Na segunda etapa, dez minutos de poucas emoções. O São Paulo recuou e deixou o Danubio jogar mais - a torcida se assustou quando Rogério Ceni precisou espalmar uma cobrança de falta de Sosa aos 14 minutos.

Os uruguaios entraram no jogo. Um chute forte de Luis Fabiano aos 17 foi respondido imediatamente com uma cabeçada perigosíssima de González. No banco, Muricy se levantou e começou a gritar muito com time.

A tensão do comandante foi acalmada rapidamente: aos 24, Reinaldo, que fez excelente partida, acertou um chute de fora da área, a bola desviou na defesa e morreu nas redes. O gol matou o jogo: perdendo por 3 a 0, o Danubio ainda teve Pereira expulso por discutir com o árbitro Enrique Osses.

Com um a mais, foi só administrar o resultado do jogo. ainda sobrou espaço para Cafu marcar seu primeiro com a camisa do São Paulo, aos 43 do segundo tempo, aproveitando uma sobra dentro da área e finalizando de pé esquerdo.

O melhor: Pato (São Paulo). Prometeu que a Libertadores era seu principal objetivo e começou a cumprir. Dribles, velocidade, muita movimentação. Foi o melhor da equipe e decidiu a partida com dois bonitos gols.

O pior: Agustin Peña (Danubio). Defensor pela direita do time uruguaio, levou um verdadeiro baile durante toda a partida. Reinaldo fez a jogada do primeiro gol e ainda marcou o seu. Nervoso, Peña tamvém recebeu cartão por entrada dura.

Chave do jogo: Chegadas à linha de fundo. Ao contrário do que ocorreu no clássico contra o Corinthians, os laterais deram ao São Paulo a profundidade tão pedida por Muricy Ramalho. Procurando chegar à linha de fundo, Reinaldo e Bruno, ajudados por Ganso e Michel Bastos foram bastante ao ataque. Foi assim que surgiram os dois gols da equipe na primeira etapa.

Toque dos técnicos: Muricy Ramalho repetiu praticamente o time inteiro que atuou contra o Audax no sábado, com exceção de Ganso. Diante do jovem time do Danúbio, colocou seus jogadores para marcarem a saída de bola adversária, o que deu resultado. Com Michel aberto na esquerda e Ganso na direita, usou um esquema similar ao de 2014. O time, porém, ainda mostrou algumas falhas na ocupação de espaços na defesa.

O Danubio de Leonardo Ramos atuou sem a bola em uma espécie de 3-5-2, contando com a ajuda de meio campistas para cobrir as laterais. A medida foi, provavelmente, um resultado saída do lateral esquerdo titular Cotugno, negociado com o futebol russo. Não deu certo. O São Paulo explorou as laterais e encontrou ali o caminho para a vitória.

Para lembrar:

Clima de Paulistão. Chuva, trânsito e problemas na venda de ingressos acabaram estragando o clima de Libertadores. Com mais espaços vazios do que cheios, o Morumbi foi pouco barulhento.

Vai um ingresso... na entrada do estádio, cambistas praticamente imploravam para que alguém comprasse seus ingressos. Nas bilheterias, o valor cobrado era de R$ 120. No mercado paralelo, hoube quem oferecesse por R$ 80.

Calma lá. As duas equipes começaram o jogo um pouco nervosas, e entradas mais duras apareceram. No primeiro tempo, foram cinco amarelos..

Tiki taka. Outra vez, o São Paulo abusou da posse de bola, e trocou muito mais passes do que o adversário - teve 60% de posse. Dessa vez, porém, finalizou mais a gol, e marcou quatro vezes.

Moral. A torcida que foi ao Morumbi gritou, em uníssono, "é Muricy" assim que soou o apito final.

FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO X DANUBIO-URU

Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 25 de fevereiro de 2015, quarta-feira
Horário: 22 horas (de Brasília)
Árbitro: Enrique Osses (CHI)
Assistentes: Francisco Mondria (CHI) e Claudio Rios (CHI)
Gols: Pato, 4’-1ºT (1-0); Pato, 40’-1ºT (2-0); Reinaldo, 24'-2ºT (3-0); Jonathan Cafu, 43'-2oT (4-0)
Cartões amarelos: Agustin Peña, Gonzalez, Pereyra, Matías Castro (Danubio); Denilson, Bruno, Dória (São Paulo)
Cartão vermelho: Hamilton Pereira (Danubio)
 

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Bruno (Thiago Mendes), Rafael Toloi, Dória e Reinaldo; Denilson (Hudson), Souza, Ganso e Michel Bastos (Jonathan Cafu); Alexandre Pato e Luis Fabiano
Técnico: Muricy Ramalho

DANUBIO: Franco Torgnascioli; Agustín Peña, Matías de los Santos (Velazquez), Fabricio Formiliano e Joaquin Pereyra; Renzo Pozzi, Hamilton Pereira, Ignacio González  (Tabarez)e Leandro Sosa; Matías Castro e Bruno Fornaroli (Emiliano Ghan)
Técnico: Leonardo Ramos