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Libertadores - 2019

Corinthians faz 100º jogo na Libertadores e tem causos que você nunca soube

Dassler Marques e Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

01/04/2015 06h00

A relação Corinthians e Libertadores irá atingir uma marca histórica nesta quarta-feira, contra o Danubio-URU. O time alvinegro entrará em campo pela 100ª vez na competição. Em 12 edições, a equipe viveu altos e baixos, com direito a cobrança da torcida, invasões ao gramado do Pacaembu, eliminações históricas e um título invicto diante de um rival seis vezes campeão continental. Mas a Copa Libertadores representa ainda mais para o clube paulista. 

O torneio continental, conhecido pela particularidade, também rendeu muitas histórias ao Corinthians. Da primeira edição, em 1977, à atual, a equipe paulista viveu muita coisa. Foi após uma partida do torneio, em 1996, que o Corinthians quase se envolveu em um acidente aéreo. Três anos depois, um jogo acabou marcado por um fato inusitado: quando Fernando Baiano balançou as redes cinco vezes, Sylvinho virou alvo de piada por ter, enfim, voltado a marcar um gol.

A história do Corinthians no torneio ainda traz um acidente com um torcedor antes de uma partida importante da edição 2003, o brilho rápido de um coadjuvante, a refugada de um craque. Mais recentemente, o furto de uma câmera nos vestiários após o tão sonhado título, além da desobediência de um camisa 10 por meio de uma mensagem enviada pelo celular.    

O pontapé inicial (1977)
O primeira participação do Corinthians foi a mais curta. O time acabou eliminado ainda na primeira fase, com apenas duas vitórias -- contra o El Nacional (3 a 0) e o Deportivo Cuenca (4 a 0), ambos do Equador. O grupo ainda tinha o Internacional, que venceu a equipe alvinegra em Porto Alegre e arrancou um empate no Morumbi. A pressão, entretanto, não existia.

Segundo Zé Maria, a competição era uma espécie de pré-temporada para o Paulistão. O grande obstáculo corintiano foi a viagem rumo ao Equador. "Viajamos três dias antes do jogo, em aviões menores. Dava muito trabalho. A Libertadores caiu no colo da gente e disputamos, mas a briga era para vencer o Paulista", disse o ex-lateral direito ao UOL Esporte.

A "Noite das Garrafadas" (1991)
Campeão brasileiro em 1990, o Corinthians começou a ser cobrado pela torcida em 1991. Na ocasião, a equipe campeã brasileira foi derrotada em casa pelo Flamengo depois de três empates por 1 a 1.  Com o resultado ruim, a torcida invadiu o gramado e ameaçou os jogadores. A primeira reação negativa ficou conhecida com "Noite das Garrafadas".

Guinei, que ficou marcado por uma falha contra o Boca Juniors, já nas oitavas de final, reconhece que o Corinthians sentiu a peso do torneio. "A Libertadores é diferente do Brasileiro. É muito mais complicado. Foi um momento ruim da minha carreira, mas a responsabilidade é de todos. Quando perde, perde todo mundo. E vice-versa", afirmou .

O susto em Quito (1996)
Em campo, tudo tranquilo. O Corinthians foi a Quito e conseguiu vencer o Espoli por 3 a 1 na partida de ida das oitavas de final. No voo de volta, o avião da delegação alvinegra derrapou na pista, derrubou um muro de proteção e parou na avenida adjacente ao aeroporto Mariscal Sucre.

O alarme chegou a ser disparado no momento em que o avião acelerava na pista. O trem de pouso quebrou e a asa direita pegou fogo. Marcelinho e Edmundo foram os últimos a sair do avião, pois ajudaram um torcedor gordo que não conseguia deixar a aeronave.

Sylvinho e Fernando Baiano, os donos da noite (1999)
Apenas cinco jogadores na história alcançaram o feito de marcar cinco gols em um só jogo da Libertadores. Um deles é Fernando Baiano. Em 1999, o atacante foi o grande nome da goleada sobre o Cerro Porteño. A vitória por 8 a 2 era válida pela fase de grupos. O jogo, no entanto, ficou marcado também pelo gol marcado pelo lateral Sylvinho -- apenas o segundo em 240 partidas pelo clube.

"Foi engraçado, porque ele conseguiu marcar um gol depois de muito tempo. Ele nem sabia como comemorar. Foi bom para ele, mas nós tiramos muito sarro dele depois do jogo.", relembra o artilheiro Fernando Baiano.

Outra vez nos pênaltis (2000)
O time de 2000, bicampeão brasileiro em 1998 e 1999, é considerado um dos melhores da história do Corinthians. Mas o time dirigido or Oswaldo de Oliveira acabou derrotado pela segunda vez seguida pelo Palmeiras nos pênaltis. Edu sentiu a pressão na pele.

Após marcar o terceiro gol corintiano na série, o volante começou a xingar os jogadores palmeirenses. Isso porque os rivais lembraram do erro cometido pelo corintiano nas oitavas de final, contra o Rosario Central, também nos pênaltis.

Eliminado e preso entre lanças na arquibancada (2003)
Rui Moura Júnior simbolizou um dia triste para o Corinthians, eliminado pelo River Plate-ARG dentro de casa. O taxista, então 27 anos, teve a vida em risco após ficar preso por uma hora entre lanças no Morumbi.

Ele tentou saltar de um setor a outro e, após intervenção cirúrgica, retirou um baço, teve intestino perfurado e outros ferimentos, mas acabou bem.  Rui ainda processou Corinthians e São Paulo, mas não ganhou as indenizações que queria.

Ele sonhou em ser herói (2006)
No finzinho de River Plate-ARG e Corinthians, o volante Xavier fez no Monumental de Nuñez e fez o gol que se pensava poderia facilitar a vaga na fase seguinte. Ledo engano, já que o Corinthians perderia também (2-3 fora e 1-3 casa) no Pacaembu, que acabou palco de guerra entre torcida e PM. Xavier saiu logo depois para jogar em Israel, sofreu com salários atrasados, ainda jogou no Vasco e teve frustrada a tentativa de ser de novo corintiano em 2008.

A refugada de Roberto Carlos (2011)
Sinônimo de condição física privilegiada, Roberto Carlos pediu para não enfrentar o Tolima-COL, em Ibagué, na véspera da decisão por lugar na fase de grupos da Copa Libertadores 2011. O lateral, então com 37 anos, julgava não estar pronto para a partida, e acabou dando lugar a Fábio Santos, que acabara de chegar ao Corinthians.

Dois dias depois da eliminação, Roberto alegou que não jogar foi opção de Tite, o que gerou desconforto e acelerou sua saída para a Rússia. Fábio foi mal no jogo na Colômbia, mas iniciou ali uma trajetória vitoriosa no clube.

Ex-corintiano rouba câmera após o vice (2012)
Santiago Silva está entre os piores atacantes do Corinthians, que defendeu em 2002. Uma década depois, o uruguaio foi derrotado no Pacaembu com o Boca Juniors-ARG, pela final da Libertadores, e perdeu a cabeça. No túnel de volta do gramado, El Tanque furtou a câmera de um repórter da RIT TV e foi flagrado por imagens do Portal Terra. A polícia teve de ir ao vestiário e resgatar o objeto.

Jadson não deu bola para o WhatsApp de Tite (2015)
Contratado em dezembro, Tite avisou os jogadores por mensagens de que precisavam se cuidar nas férias, já que enfrentariam o Once Caldas-COL pela Pré-Libertadores. Jadson voltou das férias acima do peso, na reserva, mas mudou tudo em poucos dias. Titular com a saída de Lodeiro, ele impressionou pela dedicação na pré-temporada, acabou titular e destaque na eliminação do time colombiano.