Topo

Conmebol diz a Corinthians que "macaco" contra Elias pode não ser racismo

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

02/04/2015 06h00

Elias foi chamado de macaco, mas para a Conmebol isso pode não ser racismo.

Responsável pela segurança do Corinthians, Waldir Rapello Dutra foi quem intermediou as conversas com a Conmebol pelo ato de racismo cometido por Cristian González, do Danubio-URU, contra Elias. Depois da vitória corintiana por 4 a 0 no Itaquerão, o funcionário explicou a posição passada pelo representante da entidade. O clube brasileiro optou por não registrar Boletim de Ocorrência e pediu à arbitragem que o fato fosse relatado em súmula.

Na avaliação do delegado paraguaio da confederação na partida e secretário geral da Conmebol, Francisco Britez, o xingamento de macaco pode não ser compreendido como racismo em outros países da América do Sul. Essa tese foi refutada por Paolo Guerrero, centroavante peruano do Corinthians.

"Não sei se me fiz entender, porque falei português", explicou Coronel Dutra, como é conhecido Waldir. "Quem disse isso (não seria racismo) foi Don Francisco, secretário geral da Conmebol. Eu expliquei a ele o que houve com Tinga, com Grafite, com Aranha", disse ainda o funcionário.

"Isso não existe, em todos os países é racismo", defendeu Guerrero. Ele relatou Elias abatido com o xingamento que ocorreu no começo da partida. O meio-campista corintiano optou por uma saída alternativa do estádio para não falar com jornalistas. "Está um pouco chateado, triste, conversei com ele e demos uma força para que ele não fique assim", explicou.

Presidente do Corinthians, Roberto de Andrade afirmou que não prestar queixa foi uma decisão tomada por Elias. "A decisão foi do atleta. A gente entende que o que acontece dentro de campo fica dentro do campo. (...) Temos que ter dó do ser humano que faz isso, ele é quem tem que estar chorando e arrependido", protestou.

No caso ocorrido há um ano com o cruzeirense Tinga, alvo de ofensas racistas por parte da torcida do Real Garcilaso-PER, a punição aplicada pela Conmebol foi multa de US$ 12 mil.