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Quem é 'o Padeiro': torcedor que gerou a eliminação do Boca na Libertadores

Do UOL, em São Paulo

19/05/2015 18h47

Seu nome é hoje o mais falado na Argentina. E não é por menos. Na última quinta-feira, em ‘La Bombonera’, ele borrifou  um composto químico em jogadores do River Plate e gerou a suspensão do superclássico argentino. Com efeito, o Boca Juniors acabou eliminado da Libertadores.

Adrian Napolitano também responde por "El Panadero" (o Padeiro, em tradução livre para o português). Ele é casado, tem uma filha e sempre morou em Lanús, província de Buenos Aires. Onde ganhou o apelido por causa do seu pai, empresário dono de uma rede de padarias da capital argentina. Mas quem é "El Panadero"?

1 – Figurinha carimbada nos jogos do Boca Juniors, Napolitano é sócio do clube, militante do grupo político de um dos postulantes à presidência nas eleições de dezembro desse ano e goza de privilégios internos como poucos xeneizes.

2 - Napolitano é um dos membros do grupo "Nuevo Boca", presidido pelo dirigente sindicalista Roberto Digón, conhecido como ferrenho inimigo político de Mauricio Macri, ex-presidente do Boca Juniors, atual prefeito de Buenos Aires e pré-candidato à presidência da Argentina pela ala anti-kirchnerista.

A questão é que o prefeito Mauricio Macri é aliado político do atual presidente do Boca Juniors: Daniel Angelici. Assim, jornais argentinos chegaram a sustentar que o incidente de quinta-feira passada poderia ter motivações políticas, já que o "Nuevo Boca" é opositor da atual administração xeneize e faz parte de uma ala conhecida como "Digón Boys" nas arquibancadas de "La Bombonera".

Napolitano chegou a ser flagrado numa foto com a mulher de Roberto Digón, Silvia Goretto, que também disputa cargo público nas eleições porteñas desse ano.

3 - "El Panadero" tem privilégios como torcedor. Ele costuma viajar com o Boca Juniors e se hospedar no mesmo hotel que o elenco xeneize. Em outra foto divulgada nessa terça-feira, Napolitano aparece ao lado do ex-técnico e ídolo Carlos Biancchi e de alguns jogadores do clube em clima amistoso e trajes caseiros.

Os privilégios vão além. Outras imagens em vídeo divulgadas nessa terça pelos jornais argentinos revelam que 'El Panadero' esteve no campo de jogo, atrás das placas de publicidade e ao lado dos jogadores reservas, durante a partida entre Zamora 1 x 5 Boca, há dois meses, na Venezuela, ainda na fase de grupos da Libertadores.

Além disso, segundo Daniel Pablovsky, fiscal da Unidade Especial de Delitos Esportivos, Napolitano deixou "La Bombonera" após agredir os jogadores do River disfarçado e com ajuda de pessoas que demonstravam conhecer bem o estádio, uma vez que lhe apontavam os caminhos de saída, conforme mostram imagens de câmeras obtidas pelo órgão.

Foi assim que, de um dia para o outro, um  filho de padeiro de Buenos Aires gerou a maior polêmica do futebol argentino dos últimos anos e se tornou no homem mais midiático do país.

Entenda o caso
Na quinta-feira, 14 de maio, o superclássico Boca Juniors e River Plate, válido pelo jogo de volta das oitavas de final da Libertadores, foi suspenso após um torcedor jogar gás de pimenta nos jogadores do River na volta do intervalo.

Por causa do incidente, a Conmebol decidiu eliminar o Boca Juniors da competição e classificar o River Plate para enfrentar o Cruzeiro nas quartas do continental.

Além da exclusão na atual edição da Libertadores, o Boca terá que jogar quatro partidas com portões fechados e outras quatro sem torcida como visitante. Uma multa de US$ 200 mil também foi aplicada.

Nessa segunda-feira, imagens exclusivas da "Fox Spots" argentina flagraram o momento em que o torcedor borrifa o gás nos atletas do River. Com auxílio das imagens, Adrian Napolitano e mais 10 torcedores foram identificados.

Responsável por lançar um composto químico em direção aos jogadores do River Plate, o torcedor disse estar arrependido do ocorrido, em entrevista ao canal de televisão argentino "TYC Sports" nessa terça-feira.

"Jamais quis fazer isso, não pensei que ia chegar aonde chegou. A verdade é que fiz sem me dar conta. O mundo caiu em cima de mim", afirmou "El Panadero".

"Faz 25 anos que vou ao estádio e nunca tive problemas. Jamais estive em uma delegacia de polícia. Todo mundo me conhece, sabe como seu, que gosto da festa, mas nada além disso. A verdade é fiz sem me dar conta. Tenho família. Imagine como está minha mulher. Sou trabalhador, levanto às 4h. Estou desesperado", completou.