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Guerra, bomba e sangue. Grêmio celebra 32 anos de 1º título da Libertadores

Do UOL, em São Paulo

28/07/2015 06h01

Há 32 anos, os gremistas comemoravam o título que tornou o sonho de dominar o mundo possível. Ao vencer o Peñarol por 2 a 1, para mais de 70 mil pessoas no Estádio Olímpico, o time gaúcho garantiu o título da Libertadores e o passaporte carimbado para, no fim do ano, enfrentar e vencer o Hamburgo, tornando-se campeão mundial.

Caio e César foram os autores dos gols após o jogo de ida ter terminado em 1 a 1. Se a tarefa de conquistar a Libertadores já não é das mais fáceis até hoje, naquele ano, as dificuldades ganharam reforços.

O Grêmio enfrentou, por exemplo, até problemas na Argentina por questões da guerra das Malvinas, que havia terminado um ano antes, envolvendo os hermanos e os ingleses. Com raiva por uma suposta ajuda brasileira aos europeus, os gremistas enfrentaram clima hostil contra o Estudiantes de La Plata.

Sob chuva de pedras, cusparadas e pontapés, os brasileiros chegaram a abrir 3 a 1 e fizeram até o quarto, anulado de maneira polêmica pela arbitragem. Com dois expulsos ainda no primeiro tempo, tamanha foi a violência, os argentinos mostraram fibra para conseguir a recuperação e empatar.

Após esse jogo, o time dependeu da combinação de resultados para avançar na semifinal e duelar com o Peñarol.

Antes disso, o Grêmio encarou até a ameaça de uma bomba no avião. Na ida para Cali, para enfrentar o América, a delegação precisou deixar a aeronave minutos antes da decolagem por uma suposta ameaça de bomba. Houve princípio de tumulto, controlado depois pela polícia local, que descartou o perigo.

Se escapou das bombas e sobreviveu ao clima de guerra na Argentina, o Grêmio precisou, literalmente, dar sangue para vencer o Peñarol, até então atual campeão do mundo com a taça conquistada em 1982.

Os uruguaios desferiram cotoveladas, socos e pontapés, especialmente após o empate por 1 a 1 dentro em Montevidéu. Renato Gaúcho, iniciando sua trajetória de ídolo, sofreu bastante com a violência.O futebol brasileiro, no entanto, venceu. Há uma famosa foto de De León e Tita carregando a taça da conquista com sangue escorrendo como suor em suas faces.

O golpe final no Peñarol veio com César. Depois de ver seus companheiros apanharem durante a partida, ele não se intimidou com a chance de dar de cara com a trave, se jogou, e garantiu o histórico triunfo.