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SP se apoia em lista de milagres para tentar feito inédito na Colômbia

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

13/07/2016 06h00

O São Paulo tenta às 21h45 desta quarta-feira (13) aquele que poderá ser um dos maiores feitos da história do clube: virar, na Colômbia, o resultado adverso depois de sofrer 2 a 0 do Atlético Nacional no Morumbi, no primeiro jogo da semifinal da Copa Libertadores. O feito seria inédito tanto na história do torneio como nos 86 anos de existência do clube, que registram alguns milagres que agora servem de apoio.

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Para chegar à final, o São Paulo precisa vencer por três gols de diferença nesta quarta-feira ou por dois gols a partir de 3 a 1. Se vencer por 2 a 0, leva a partida para a disputa de pênaltis. Uma vitória por um gol de diferença já não é suficiente e dá a vaga aos colombianos. Feito difícil para um time que, sob o comando de Edgardo Bauza, acumula apenas 25% de aproveitamento fora de casa e que só em uma partida marcou mais de um gol. Por que acreditar?

Campeão em 2008 com 1% de chance

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Muricy Ramalho celebra título do Brasileirão de 2008
Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Se virar o jogo na Colômbia é improvável, um título relativamente recente do São Paulo já foi visto como impossível. Em agosto de 2008, o então bicampeão brasileiro sob o comando de Muricy Ramalho foi apontado com apenas 1% de chance de conquistar o campeonato nacional pela terceira vez seguida. E conseguiu.

Há oito anos, o São Paulo foi a Porto Alegre na 20ª rodada do Brasileirão e perdeu para o líder Grêmio por 1 a 0 no Olímpico. A distância entre os clubes, naquele momento, foi aumentada para 11 pontos. A partir daquela derrota, o São Paulo acumulou uma sequência de 18 jogos invicto, assumiu a liderança a seis rodadas do fim e terminou três pontos à frente do rival gaúcho e fez valer o 1% de chance: hexacampeão nacional.

“Clube da Fé” renasce na Libertadores de 2013

Em 2013 o atual campeão da Copa Sul-Americana fazia campanha ruim na fase de grupos de Libertadores enquanto sofria com atritos internos no time que tinha Ney Franco como técnico, Rogério Ceni como capitão e Lúcio como zagueiro. Na última rodada da primeira fase, precisava do milagre: vencer o Atlético-MG, melhor time entre os 32 do torneio até ali, com os desfalques de Luis Fabiano e Jadson, e torcer por uma vitória do fraco Arsenal de Sarandí sobre o The Strongest, na Argentina.

Aconteceu, e com gols de Ademilson e Rogério Ceni, que abriu o placar em cobrança de pênalti. O goleiro virou protagonista da partida não só pelo que fez em campo, mas também pela performance nos vestiários. O discurso dele na preleção da equipe, minutos antes da partida, se marcou como o mais emocionante dentre todos os filmados (veja no vídeo acima).

Depois dessa partida, o São Paulo voltou a usar o apelido Clube da Fé para se referir ao feito épico, readmitindo o codinome conquistado pelo clube em seus primeiros anos de existência.

De volta à Libertadores do maior jogo de Ceni

ceni rosario - Fernando Santos/Folhapress - Fernando Santos/Folhapress
Rogério Ceni defende pênalti decisivo e coloca SP nas quartas
Imagem: Fernando Santos/Folhapress

Normalmente a final contra do Mundial de 2005 contra o Liverpool ou até o desempenho no Chile contra a Universidad Católica pela Sul-Americana de 2013, aos 40 anos, são apontados como as maiores atuações da carreira de Rogério Ceni. Para o próprio, no entanto, o jogo de volta contra o Rosário Central pelas oitavas de final da Libertadores de 2004, está acima.

O São Paulo voltava à Libertadores depois de 10 anos fora do torneio que vencera por duas vezes. No primeiro jogo das oitavas, perdeu por 1 a 0 na Argentina. No jogo de volta, no Morumbi, viu o Rosário abrir o placar e Luis Fabiano perder um pênalti. O jogo que já parecia decidido teve uma mudança completa após a entrada de Grafite, que marcou dois gols e virou o placar a 15 minutos do fim. Como não havia regra de gols fora de casa na época, a decisão foi para os pênaltis.

Na última série de cobranças, Ceni precisava converter o dele e defender a cobrança do goleiro adversário, Julio Cesar Gaona. Depois de cobrar forte, no meio e fazer o gol, o são-paulino provocou o oponente e escolheu o canto certo para fazer a defesa que garantiu a vaga nas quartas de final. Virada dramática que se tornou, para o goleiro, o jogo mais importante de sua carreira.

Precisa reverter 2 a 0? Em 1993 o SP resolveu fazer 4 a 0

Em 1993 o Newell’s Old Boys, da Argentina, sentiu o gosto da vingança. Derrotado na final da Libertadores do ano anterior, encontrou o São Paulo de Telê Santana nas oitavas de final da edição seguinte do torneio. No primeiro jogo, venceu por 2 a 0 jogando em casa e abriu caminho para chegar às quartas de final. O roteiro é o mesmo vivido agora, em 2016, contra o Atlético Nacional, mas com ordem inversa nos mandos de campo.

No jogo de volta, o então campeão mundial fez 4 a 0 nos argentinos e avançou às quartas de final para aquele que seria o segundo título seguido da Libertadores.

Quando a moeda caiu em pé

A lenda que virou tema da história do São Paulo como clube, depois de pouco mais de uma década de fundação, fala sobre o Campeonato Paulista de 1943. Apesar de ter Leônidas da Silva, o São Paulo não era considerado um dos favoritos ao título daquele ano.

Diz a história que, antes do início do campeonato, um dos integrantes do conselho arbitral afirmou em reunião para decidir as normas do torneio que bastaria jogar uma moeda para saber qual time seria campeão naquele ano: se desse cara, o Corinthians, e se desse coroa, o Palmeiras.

Há diferentes versões da lenda sobre quais seriam os autores das frases, mas todas apontam que um dos presentes questionou: “Mas e o São Paulo?” A resposta, então, teria sido: “Só se a moeda cair em pé”. O Clube da Fé, como era conhecido, comprou a ideia e bradou que a moeda cairia em pé naquele ano. Em outubro daquele ano, o São Paulo celebrou o título

Nunca houve virada após 2 a 0 em casa

Essa é apenas a quarta vez na história em que o São Paulo perde uma primeira partida de mata-mata em casa por dois gols ou mais de diferença. As outras ocasiões são recentes e jamais resultaram em classificação. Em todas elas o Tricolor foi eliminado.

A primeira delas aconteceu em 2000, na semifinal do torneio Rio-São Paulo, contra o Vasco. O primeiro jogo terminou com vitória carioca por 3 a 0 no Morumbi e acabou derrotado por 2 a 1 no Rio.

Mais recentemente, o São Paulo foi surpreendido pela Ponte Preta no jogo de ida da semifinal da Copa Sul-Americana e perdeu por 3 a 1. No jogo de volta, realizado em Mogi Mirim, empate por 1 a 1.

A última delas aconteceu no ano passado, pela semifinal da Copa do Brasil, quando a equipe foi derrotada por 3 a 1 pelo Santos em casa, e no jogo de volta sofreu um novo 3 a 1.