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Grêmio contraria milionários e monta time finalista com "só" R$ 10 milhões

Grêmio começou a montar time atual em 2014 com jovens e reforços baratos - Lucas Uebel/Divulgação Grêmio
Grêmio começou a montar time atual em 2014 com jovens e reforços baratos Imagem: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

21/11/2017 04h00

Quanto custa para montar um time finalista de Libertadores? O Grêmio gastou cerca de R$ 10 milhões para juntar a equipe que, a partir de quarta-feira, disputa a decisão com o Lanús-ARG. O investimento do Tricolor é bem modesto na comparação com rivais diretos na competição e se explica por uma formação a longo prazo, com apostas e jovens da base.

Dos 11 titulares do Grêmio na campanha até a final, quatro passaram pelas categorias de base, três vieram após ficarem livres no mercado e outros quatro custaram algo para assinar.

A montagem do time atual começou em 2014, mas reúne nomes que estavam no clube antes, como os casos de Marcelo Grohe, Arthur, Ramiro e Luan. A lapidação seguiu até este ano, com as chegadas de Michel, Bruno Cortez e Lucas Barrios.

O processo teve influência da política de austeridade, que culminou com as saídas de Barcos, Marcelo Moreno, Giuliano e Zé Roberto. Ao mesmo tempo em que liberou medalhões, o Grêmio passou a promover mais gente da base e a buscar nomes com custo menor no mercado.

Do time que pega o Lanús, o jogador que mais custou aos cofres do Grêmio foi Fernandinho. Contratado em 2014, ainda quando a política de futebol era outra, o meia-atacante demandou investimento de cerca de R$ 6 milhões. A compra foi realizada com auxílio de Celso Rigo, investidor parceiro do Tricolor.

O segundo nome do time titular que mais custou foi Walter Kannemann. O zagueiro chegou em julho do ano passado por R$ 2,5 milhões em negócio com o Atlas-MEX. Edilson foi contratado pouco antes e fez o Grêmio pagar R$ 1 milhão a Corinthians e Monte Azul-SP.

30 vezes menos que o Palmeiras

Se a base da equipe está pronta há tempos, neste ano o Grêmio tratou de buscar reforços pontuais. Contratou 13 jogadores e gastou R$ 4,1 milhões com todas as operações. A explicação para essa conta é que em apenas três negócios o Tricolor precisou compensar outro clube. A maioria dos jogadores chegou livre em Porto Alegre.

O chamado ‘custo zero’, na verdade, não é literal. As transações sem um terceiro envolvido diminuem as despesas, mas quem assina ainda precisa arcar com luvas. O item do contrato, contudo, é geralmente diluído ao longo do vínculo e reforça o valor mensal pago ao jogador.

O valor gasto pelo Grêmio em 2017 é 30 vezes menor do que aquele investido pelo Palmeiras no mesmo período. O clube paulista, com ajuda da Crefisa, despejou R$ 120 milhões no mercado em reforços. Já o Flamengo pagou R$ 41 milhões para fechar com novos jogadores. O Atlético-MG, por sua vez, desembolsou R$ 10 milhões.

O Palmeiras, por exemplo, pagou R$ 35 milhões por Borja, desembolsou mais R$ 20 milhões para ter Deyverson, R$ 10 milhões na contratação de Guerra e R$ 13 milhões na operação para assinar com Bruno Henrique. A conta chega aos céus com as luvas de Felipe Melo, compra de percentual de Dudu e Fabiano e mais os reforços de Luan, Juninho e Keno.

A diretoria do Grêmio até investiu alto em 2016, com Maicon e Miller Bolaños. Só na dupla, foram pagos cerca de R$ 33 milhões. Mas nem o volante e muito menos o meia-atacante estão no time atual. Maicon teve temporada cheia de lesões e volta apenas no ano que vem. E o camisa 23 foi emprestado ao Tijuana-MEX depois de problemas disciplinares.

O bom desempenho do time ao longo do ano já rendeu aumento para quatro titulares: Geromel, Kannemann, Arthur e Luan. A folha salarial do Grêmio fica na casa dos R$ 8 milhões, mas o custo para formar o time finalista foi bem abaixo do investimento dos rivais brasileiros na Libertadores.

Grêmio e Lanús-ARG se enfrentam nesta quarta-feira (22), em Porto Alegre. O segundo jogo será no estádio La Fortaleza, na cidade de Lanús, no dia 29.

Quando custou cada titular do finalista Grêmio

Marcelo Grohe, 30 anos
Formado nas categorias de base do clube, está no elenco principal desde 2005. Virou titular em 2013, foi para o banco no ano seguinte e retornou à equipe depois para não sair mais. Grêmio renovou até 2020 e paga luvas, mas não precisou comprar direitos econômicos: custo zero

Edilson, 30 anos
Contratado na metade do ano passado, veio do Corinthians e custou cerca de R$ 1 milhão. O Monte Azul-SP ficou com 70% do valor. O Grêmio tem 100% dos direitos econômicos.

Geromel, 31 anos
Assinou com o Grêmio depois de expirar o contrato com o Colônia-ALE. Antes, havia chegado por empréstimo de dois anos com luvas de R$ 2 milhões diluídas no salário. Recebeu expressivo aumento em junho e se tornou o mais bem pago do elenco.

Kannemann, 26 anos
Chegou ao Grêmio proveniente do Atlas-MEX, em julho do ano passado, em negócio que custou cerca de R$ 2,5 milhões. Clube gaúcho detém 90% dos direitos econômicos.

Bruno Cortez, 30 anos
Assinou com o Grêmio depois de rescindir com o São Paulo e quase fechar com o Náutico. Chegou sem custos e Tricolor detém 100% dos direitos econômicos.

Michel, 27 anos
Volante estava no Atlético-GO, mas chegou por empréstimo do Novorizontino-SP ao preço de R$ 300 mil. Grêmio já acertou compra dos direitos pelo preço de R$ 1,2 milhão a serem pagos a partir de janeiro.

Arthur, 21 anos
Chegou ao Grêmio em 2011, oriundo do Goiás, e sem custos. Neste ano, Tricolor adquiriu mais 10% dos direitos econômicos de um dos formadores do jogador. Em outubro, ele renovou até 2021 e recebeu aumento de quatro vezes o salário. Clube gaúcho detém 60% do volante.

Ramiro, 24 anos
Chegou em 2013, junto com outros quatro jogadores, proveniente do Juventude. O Grêmio pagou, pelo pacote de jovens, cerca de R$ 700 mil. Na divisão, cada atleta custou cerca de R$ 140 mil, portanto. O Tricolor detém apenas 10% dos direitos do camisa 17.

Luan, 24 anos
Captado pela base em 2013, após boa Copa São Paulo, custou cerca de R$ 150 mil. No início de novembro, renovou até 2020 com grande aumento salarial. Tricolor detém 60% dos direitos.

Fernandinho, 31 anos
Contratado em 2014 do Al-Jazira, dos Emirados Árabes, por cerca de R$ 6 milhões. Tem contrato até dezembro e Grêmio possui 70% dos direitos.

Lucas Barrios, 33 anos
Chegou no início da temporada depois de rescindir com o Palmeiras e aceitou redução salarial para atuar com frequência. Não houve ressarcimento ao time paulista, mas o contrato vai até o fim da temporada.

Quem chegou e custou

Leonardo: contratado do Boa Esporte por cerca de R$ 350 mil

Gastón Fernández: contratado do Universidad de Chile por R$ 1,5 milhão (está emprestado ao Estudiantes-ARG)

Beto da Silva: contratado junto ao PSV, da Holanda, por R$ 1,3 milhão