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Pequeno gigante, Lanús se orgulha de ser "maior clube de bairro do mundo"

Pequeno, mas aguerrido, Lanús e sua torcida se orgulham de ser "maior clube de bairro" - Divulgação/Barrabrava.net
Pequeno, mas aguerrido, Lanús e sua torcida se orgulham de ser "maior clube de bairro" Imagem: Divulgação/Barrabrava.net

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

22/11/2017 04h00

O Lanús não senta na mesma mesa que Boca Juniors, River Plate, Racing, Independiente, San Lorenzo, os cinco "gigantes" argentinos. Nem por isso, porém, o Grêmio pode esperar um pequeno amedrontado nesta quarta, às 21h45, na Arena, no jogo de ida da final da Libertadores. "Maior clube de bairro do mundo", como gosta de se gabar, o pequeno time grená reúne ídolos, reinventou sua própria condição e joga sob as ordens de um treinador em ascensão na busca de um título absolutamente inédito. 

A frase carismática, que define a relação do Lanús com o resto do futebol argentino e até consigo mesmo, surgiu em 2011. O autor é desconhecido, mas quis fazer um resumo da vida ‘granate’. A camisa grená é antiga, mas sem o mesmo peso de outros tradicionais rivais locais. Cravado na região sul da grande Buenos Aires, o Lanús é rival do Banfield e tem cerca de 120 mil torcedores, segundo último levantamento local.

Apesar de ser menor na comparação com os chamados ‘cinco grandes’, o "pequeno" tem relevância na história do futebol argentino. Foi um dos signatários do início da era profissional, em 1931. Jogou a primeira divisão por 66 temporadas, mas também já andou na Terceirona. Ganhou o título nacional em 2007 e no ano passado. Venceu a Copa Sul-Americana em cima da Ponte Preta e, lá na década de 1990, também ergueu a taça da Copa Conmebol.

Almirón e a guinada

Jorge Almirón estava caminhando para uma carreira decepcionante. Ex-volante com carreira desenvolvida basicamente no México, o técnico ficou marcado por um trabalho inconsistente à frente do Independiente e pagou preço alto no mercado. Foi então que apareceu o Lanús.

Em "La Fortaleza", estádio do Lanús, ele encontrou guarida para suas ideias de jogo. Um estilo fluído, com posse de bola, que tem método bem específico dentro e fora de campo. O cuidado e a preparação são tão grandes que Almirón evita termos que entende serem prejudiciais. Um deles é “risco”.

“Eu nunca uso essa palavra porque ‘risco’ transmite medo. Eu digo a eles (jogadores): ‘estamos tentando atacar, estamos tentando progredir no campo’. Tem um monte de palavras que eu troco para não usar ‘risco’. E porque não estamos tratando de sair jogando para arriscar. Estamos fazendo isso para ganhar”, contou o treinador em entrevista ao El Clarín.

Pepe Sand, um Deus

José Sand comemora vitória do Lanús sobre o River Plate pela Libertadores - Juan Mambromata/AFP - Juan Mambromata/AFP
Imagem: Juan Mambromata/AFP

O estilo pode ser de bola no chão e construção desde o primeiro toque com o goleiro, mas o Lanús tem um centroavante clássico. José Sand, 36 anos, é forte, alto e cheio de histórias para contar. Uma delas remete ao ano de 2012, quando ele estava no Racing e era treinado por Luis Zubeldía. Durante um treino, o comandante abraçou um superlativo para descreve-lo.

“Toquem todas para Pepe. Ele que vai fazer a gente ganhar dinheiro (fazendo gols e dando vitórias ao time). Sand é o nosso Deus, vocês precisam buscar ele sempre”, gritou Zubeldía.

A frase virou o fio e passou a perseguir o centroavante. A atuação no Racing não foi boa e ele peregrinou até chegar ao Lanús. Clube onde já havia passado em 2007 e com destaque na campanha do título nacional. Os gols em cima do River Plate, na semfinal da Libertadores, foram apenas uma nova página na história dele com o ‘granate’.