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Santos se apoia em sistema da Conmebol aprovado por Fifa e que deu polêmica

Ivan Storti/Santos FC
Imagem: Ivan Storti/Santos FC

Do UOL, em São Paulo

22/08/2018 16h24

A possibilidade de o Santos ser punido na Libertadores jogou luz sobre o sistema utilizado pela Conmebol em suas competições. Chamado de "Comet", ele foi introduzido pela primeira vez em 2015 e é destinado, entre outras coisas, para o registro de jogadores e arquivamento de súmulas. É nele que o time brasileiro se baseia para tentar evitar uma sanção.

O sistema é licenciado pela Fifa e utilizado em quase todos os países da América do Sul. Ele pode ser acessado em qualquer momento do dia pelas pessoas autorizadas (clubes, federações, árbitros etc). O Comet foi utilizado pela primeira vez no mundo em 2003, pela Federação Croata de Futebol.

A expulsão de Carlos Sanchez aconteceu em uma partida da Copa Sul-Americana de 2015, quando ele atuava pelo River Plate. Naquele momento, o uso do Comet já aparecia no regulamento da competição e a suspensão do uruguaio deveria constar no sistema.

A defesa do Santos se baseia justamente no fato de o sistema não ter apresentado nenhum aviso no momento do registro de Sánchez. Na volta da delegação a São Paulo, o presidente José Carlos Peres disse ser comprovado que não houve aviso ao clube paulista de uma suposta suspensão.

"Ela (Conmebol) vai analisar o caso. Se está zerado (de punições no sistema), a falha não foi nossa. Quando fizemos o registro, apareceu zero. Isso é comprovado. Nós entendemos e seguimos o padrão técnico que se utiliza quando você faz o registro do jogador", disse.

A Conmebol anunciou a implementação do Comet celebrando a evolução tecnológica no futebol sul-americano. Em nota oficial no final de 2014, a entidade afirmava que o objetivo do novo sistema era "facilitar a gestão, a integridade e a transparência da informação".

Sistema já gerou reclamação de time chileno

O Comet também foi utilizado na defesa do Deportes Temuco, do Chile, na Copa Sul-Americana deste ano. Na ocasião, o clube foi acusado pelo San Lorenzo de ter escalado um jogador irregularmente na partida entre os dois. O time chileno venceu por 2 a 1, mas teve o resultado mudado para derrota por 3 a 0 pela irregularidade.

O caso envolveu o meia Jonathan Requena, que já havia sido inscrito na competição por seu antigo time, o Defensa y Justicia. Em sua defesa, o presidente do Temuco, Marcelo Salas, afirmou que o erro foi do Comet em não informar que o jogador já havia sido registrado por outro clube.

"Se houve um erro, não foi nosso. Fizemos tudo nos conformes. Neste caso, enviamos para um sistema, que é o Comet, da Conmebol. Fizemos todos os passos corretamente e temos respaldo", disse na ocasião.

Polêmica anistia também é argumento para o Santos

O Comet não é o único ponto que jogaria a favor do Santos no caso. Uma decisão polêmica da Conmebol em 2016, ano de seu centenário, também está envolvida na discussão. Na ocasião, a entidade máxima do futebol Sul-Americano concedeu uma série de anistias a clubes e jogadores. Carlos Sánchez foi um dos beneficiados.

Todos os jogadores punidos pela Conmebol até aquele momento tiveram suas sanções reduzidas pela metade. As penas devem sempre ser arredondadas para baixo.

No caso de Sánchez, ele foi julgado e punido com três jogos de suspensão, como consta no documento da Conmebol obtido pelo UOL Esporte, datado de dezembro de 2015. Com a anistia, a pena cairia para apenas uma partida.

Como Sánchez se transferiu para o futebol mexicano, a suspensão não chegou a ser cumprida. Mas o artigo 9º do capítulo 1 do Regulamento Disciplinar da Conmebol prevê que infrações cometidas durante uma partida prescreverão após dois anos. Sánchez foi expulso em 2015.

O próprio regulamento da Conmebol, contudo, é confuso em relação ao tempo de prescrição da pena. O artigo 78 do capítulo 7 determina que a suspensão de uma partida de pessoas físicas prescreverá após três anos.