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Libertadores - 2019

Pênalti faz Bressan viver momento delicado e ir para a "geladeira"

Bressan deixa o campo chorando após pênalti em eliminação do Grêmio - Marinho Saldanha/UOL
Bressan deixa o campo chorando após pênalti em eliminação do Grêmio Imagem: Marinho Saldanha/UOL

Marinho Saldanha e Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

31/10/2018 04h00

E Bressan voltou a ser personagem no Grêmio. Autor do pênalti que fez o River Plate virar o placar na Arena e conseguir classificação, o zagueiro foi expulso e saiu chorando de campo. As lágrimas podem resumir grande parte da passagem do camisa 22 pelo clube gaúcho: alvo de contestação há anos, vilão em pelo menos outras duas oportunidades e que viverá algo inédito dentro da gestão Renato Gaúcho. Será poupado nos próximos jogos em uma espécie de exílio.

Bressan não foi a primeira opção de Renato Gaúcho para jogar. Sem Kannemann, suspenso, o treinador optou por utilizar Paulo Miranda desde o início da partida. Ele só entrou aos 25 do segundo tempo por conta das cãibras apresentadas pelo ex-são-paulino.

Anunciada substituição, Bressan foi aplaudido e comemorado pelos gremistas presentes. Até mesmo o cartão amarelo recebido com 15 segundos em campo por discussão com Pinola foi motivo de celebração. Naquele momento o Grêmio vencia por 1 a 0.

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Mas aproximadamente 20 minutos mais tarde, já com empate no placar, ele acertou a mão na bola em uma conclusão de Scocco. Após consulta ao árbitro de vídeo, o pênalti foi marcado e virou gol de Martínez.

Antes de deixar o campo, Bressan protestou, tentou brigar, empurrou o árbitro, segurou pela camisa. Só foi retirado de campo após o auxiliar técnico Alexandre Mendes puxá-lo para fora. Antes mesmo de cruzar a linha lateral do gramado, chorava copiosamente.

"Ele estava muito triste. Mas são coisas que acontecem no futebol", disse o centroavante Jael. "Por que ninguém fala do Bressan campeão da Libertadores? Ele jogou a final ano passado e muito bem. Nós vamos dar todo apoio a ele", completou.

Os 18 minutos em campo contra o River Plate fizeram a torcida relembrar o jogo contra o Rosario Central, nas oitavas de final da Libertadores de 2016. Naquele ano, Bressan foi o substituto de Geromel e não deu conta de Marco Ruben, centroavante argentino. Ao errar o tempo de bola, o zagueiro do time gaúcho deixou o atacante livre para definir vitória na Arena. No jogo seguinte, em Rosario, o time então treinado por Eduardo Coudet fez 3 a 0.

Também consta no histórico de Bressan lance vivido em 2013, contra o Independiente Santa Fe-COL. No segundo tempo do jogo na Colômbia, o zagueiro parou na frente de Morelo e levou drible entre as pernas na jogada que terminou com o gol da vitória e depois eliminação.

Recentemente, o zagueiro falhou em jogo diante do Palmeiras, em São Paulo. Ao perder a bola para Deyverson, Bressan foi driblado na sequência e foi um dos nomes da derrota por 2 a 0. No primeiro semestre, houve também erro no terceiro Gre-Nal válido pelo Gauchão.

Em jogo disputado no Beira-Rio, Bressan cometeu pênalti que permitiu ao Inter abrir o placar. O Grêmio conseguiu avançar às semifinais, mas perdeu por 2 a 0 naquele dia e Renato Gaúcho chamou a falta cometida pelo zagueiro de infantil, assim como agora. Contra o River Plate.

"Tem vezes que a gente tem que comprar o barulho, pedir para a torcida entender, e tem vezes que é melhor dar um tempo. Neste caso, vamos dar um tempo para ele. Foi um lance infantil. Não pretendo escalar o Bressan nos próximos jogos, até por esta situação, pela cabeça dele. Tenho experiência suficiente para entender que é o momento de fazer isso. Ele precisa baixar, pensar, se reencontrar. Mas não vamos crucificar o jogador, dizer que ele foi culpado", ressaltou Portaluppi.

O fato de Renato usar o termo infantil já é sintomático. No livro de regras do treinador, consta uma determina que jamais expõe jogadores publicamente.

A rotina de contestação seguiu Bressan até no Uruguai. No Peñarol, no segundo semestre de 2016, foi rejeitado por uma série de fatores. Falhas na pior campanha de ligas uruguaias dos últimos 22 anos do clube fizeram o jogador ser considerado muito caro para ser mantido. No início do ano passado, o clube carbonero informou que não tinha mais interesse e o zagueiro voltou meses antes do término do contrato. Renato Gaúcho decidiu reintegrar o atleta.

Ao longo de 2017, Bressan conseguiu mostrar boas atuações. A mais emblemática foi no segundo jogo da final da Libertadores, contra o Lanús. Outra vez sendo substituto de um titular, neste caso específico Kannemann, o jovem se portou bem em partida na Argentina. Depois do título, as críticas arrefeceram e a torcida abraçou o jogador também pelas provocações ao Inter.

Agora, Bressan vai viver dias sabáticos. Com o clima pesado, o zagueiro deixou o estádio acompanhado por seguranças e já avisado de que não atuará por algum tempo.