Mais que futebol em Madri. River x Boca quer reduzir mancha de final adiada
O confronto beira o surrealismo. River Plate e Boca Juniors decidem a Libertadores, neste domingo, às 17h30 (de Brasília), no Santiago Bernabéu, em Madri. A situação foi criada para se afastar da violência demonstrada no comportamento de torcedores na Argentina, mas acabou em série de críticas à Conmebol por tirar da América do Sul a decisão de seu principal torneio de futebol. É na Europa que os argentinos têm a chance de reduzir a mancha criada ao redor de seus principais clubes. A decisão estava prevista para 24 de novembro, no Monumental de Nuñez, mas foi adiada para o dia 25 e posteriormente transferida para a Espanha em razão do ataque dos torcedores do River ao ônibus dos jogadores do Boca.
Na final da Libertadores, o futebol é pano de fundo. São as horas antes e depois de a bola rolar o mais importante. O período em que torcedores argentinos estarão monitorados por mais de 4 mil policiais espanhóis para que a paz impere. A impressão de que River Plate e Boca Juniors só vão ter uma conquista valorizada em caso de bom comportamento da torcida fora de campo é grande.
"Há uma chance de a Argentina mostrar ao mundo o seu futebol. Final no Santiago Bernabéu é para ficar marcada e já é a maior partida da história desses clubes. Mas o meu trabalho é como o seu, ou de qualquer jornalista: olhos para fora do campo. Uma pena", destacou Sérgio Maffei, repórter argentino do jornal esportivo Olé.
São mais de 30 mil argentinos com ingresso para a partida. Torcedores conhecidos por empolgação incomparável e gritos provocativos. A violência, no entanto, impera nos cânticos em Madri: "a Copa Libertadores eu vou ganhar, e uma galinha (como é conhecido de maneira pejorativa o torcedor do River Plate, vou matar", gritam torcedores do Boca. "Não importa que me tirem foto a (Polícia) Federal, estou aqui para matar", diz trecho de canção do River.
O domingo em Madri é de operação de guerra. Aeroporto com vistoria minuciosa de passaporte, estradas de acesso com barreiras de controle sendo criadas, e metrô sob monitoramento intenso. A polícia espanhola calcula que cerca de 500 torcedores argentinos registrados como violentos tentem entrar na cidade. Uma marca que persegue os outros vários que vão à capital espanhola apenas para desfrutar o futebol.
"A Argentina não é a que se viu no Monumental (de Nuñez, o estádio do River Plate)", disse o ex-jogador da seleção argentina Oscar Ruggeri. Uma figura importante na final por ser o único que defendeu as camisas de River Plate, Boca Juniors e Real Madrid.
Para promover a paz, a preocupação argentina foi grande. O serviço de inteligência da polícia do país está há mais de uma semana em trabalho em conjunto com a polícia espanhola. Torcidas de Boca e River se uniram em ato pacífico na Embaixada argentina em Madri, na sexta-feira. E no sábado, os presidentes dos clubes se juntaram para um jantar que terminou em abraços.
"Não posso te explicar o que consideramos o River Plate. Não tem política envolvida, não tem uma história que nos leve a ter isso que você pode interpretar como ódio. Mas é cultural. Talvez, ser Boca é ser anti-River primeiramente", destacou Nicolaz, torcedor do Boca Juniors, que liderava um grupo que cantava em prol do time na porta do hotel em que o elenco está hospedado.
Sob controle da polícia nacional espanhola, os torcedores do Boca se aglomeraram para receber o elenco após treino no Santiago Bernabéu. Foi quando Nicolaz subiu em uma árvore para instalar uma bandeira com as cores do Boca e o recado: "Você é a razão da minha existência". Algo extremamente exagerado para muitos. Não para torcedores de River Plate e Boca Juniors.
"Nós viajamos e claro que nos importa o resultado. Mas se perder vamos gritar ainda mais, isso é torcer. Falo para você que o argentino é isso. A violência nós encontramos em todo lugar. Não aceito esse rótulo", destacou Ivan Candido, morador de Buenos Aires e torcedor do River Plate.
River Plate e Boca Juniors decidem entre si uma edição de Libertadores pela primeira vez. A grandeza dos clubes e, consequentemente, do clássico faz o futebol respirar em Madri. O confronto histórico na Europa precisa da paz para ficar ainda maior.
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