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Por ciúme e necessidade, torcida anti-Chelsea cresce na Inglaterra

Movido por Roman Abramovich, Chelsea busca título inédito da Liga dos Campeões - Claude Paris/AP
Movido por Roman Abramovich, Chelsea busca título inédito da Liga dos Campeões Imagem: Claude Paris/AP

Fernando Duarte, em Munique (Alemanha)

18/05/2012 14h01

Desde que a enorme injeção de caixa de Roman Abramovich ajudou o Chelsea a sair do pelotão intermediário do futebol inglês, era mais do que natural que a empolgação de seus torcedores fosse compensada com o ressentimento dos rivais. Porém, na partida de sábado, às 15h45 (de Brasília), contra o Bayern de Munique, secar Frank Lampard, Drogba e companhia será mais do mera ciumeira, em especial para um clube conterrâneo, o Tottenham.

Longe de apenas querer ver a continuidade do tabu de Londres na Liga dos Campeões da Uefa (nenhum clube da capital inglesa venceu a competição, mesmo na época da Copa Europeia), o também londrino Tottenham vê seu planejamento esportivo e financeiro para a temporada 2012/13 depender de um fracasso do Chelsea: apesar de terminado a última Liga Inglesa com a quarta e última vaga do país para o torneio Europeu, os ‘’Spurs’’ perderão o assento caso o Chelsea seja campeão europeu, já que o time de Abramovich ficou apenas em sexto no torneio doméstico.

O regulamento da Liga dos Campeões prevê o sacrifício da vaga desde 2006, como forma de evitar o impasse provocado pelo Liverpool naquele ano. Embora tenha levantado o troféu europeu em 2005, na histórica virada sobre o Milan, o time da cidade dos Beatles terminou a temporada inglesa em quinto lugar.

O lobby inglês junto à Uefa resultou na inclusão de cinco times ingleses no torneio seguinte, mas desde então a entidade assumiu uma decisão anteriormente relegada às federações nacionais – o Real Madrid, por exemplo, foi promovido pela Federação Espanhola às custas do Zaragoza em 2001, depois de ficar sem a vaga europeia no campo.

Nos últimos dias, os fóruns virtuais de torcedores do Tottenham ficaram abarrotados de pedidos de correntes pró-Bayern. A decisão da Liga dos Campeões já foi apelidada de ‘’a mais importante partida do ano’’ para o Spurs - ainda que, na prática, o próprio clube do norte de Londres seja o verdadeiro culpado pela situação, já que teve queda acentuada de rendimento nos últimos meses da temporada, depois de um primeiro semestre bem mais perto do topo da tabela.

A secagem virou até filão comercial, com uma casa de apostas britânica, a BetFair, produzindo versões-brinde do lederhosen, o tradicional macacão folclórico alemão, para torcedores usarem nos pubs de Londres.

O lado financeiro é, no entanto, a principal razão pela qual o Tottenham, ironicamente um clube inglês e com fortes raízes na comunidade judaica londrina, precisa torcer por um triunfo alemão: ficar fora da Liga dos Campeões representaria também perder as receitas milionárias de TV do torneio e, obviamente, os ganhos com venda de ingressos.

Para se ter uma ideia, apenas em prêmios distribuídos pela Uefa, o Tottenham arrecadou 31,3 milhões de euros na Liga dos Campeões de 2011, quando caiu nas quartas-de-final diante do Real Madrid. Ficar sem esse dinheiro também deixaria o clube exposto à sanha dos adversários mais ricos de olho em jogadores como o meia galês Gareth Bale e o meia croata Luka Modric.