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Estádio Olímpico 'ressuscita' para agradar e arrecadar com transmissão da final da Liga

Estádio Olímpico de Munique, onde torcedores do Bayern se reunirão para assistir final - Getty Images
Estádio Olímpico de Munique, onde torcedores do Bayern se reunirão para assistir final Imagem: Getty Images

Fernando Duarte, em Munique (Alemanha)

19/05/2012 13h56

Nos portões do Estádio Olímpico de Munique, seguranças de cara amarrada orientam a multidão para organizar a entrada de fãs chegando com bandeiras e um festival de apetrechos visuais e sonoros, sem contar imensas canecas plásticas com cerveja, para assistir à final da Liga dos Campeões da Uefa, entre Bayern de Munique e Chelsea.

Uma cena típica de qualquer praça de futebol do mundo não fosse o fato de que a arena em questão há sete anos não recebe mais jogos de futebol de alto nível. No entanto, o antigo estádio do Bayern de Munique foi ressuscitado para uma participação virtual na decisão, com 65 mil pessoas pagando entre cinco e 15 euros para assistir em telões ao jogo na Allianz Arena.

Palco das finais da Copa do Mundo de 1974 e da Eurocopa de 1988, o Olympiastadion, assim como grande parte do complexo construído para os Jogos de Munique-1972, continua funcionando a todo favor, quatro décadas depois do evento original. Famoso em todo mundo também pela arquitetura arrojada, com cobertura suspensa por cabos de aço, o complexo foi transformado no ponto focal para a legião de torcedores sem-ingresso.

Em meio a um festival de barracas promocionais dos patrocinadores da Uefa, incluindo um campinho de grama sintética em que foi disputado uma pelada de veternos da qual participaram os brasileiros Zico, Cafu e Zé Roberto, ao lado de Samuel Eto’o, Fabio Cannavaro e Davor Suker.

Filas quilométricas se formavam em frente aos muitos estandes de comida e bebida, mas nenhuma maior que a espécie de altar armado em torno de uma réplica da taça da mais importante competição interclubes do mundo. Num dia de sol forte, os gramados do parque se transformaram também em local para tomar sol e cerveja.

Em vários grupos, torcedores de Bayern e Chelsea se confraternizavam. No entanto, como medida de segurança, os organizadores criaram divisões entre as torcidas para a partida virtual no Olympiastadion.

Apesar da mudança para a moderna Allianz Arena, muitos torcedores do Bayern ainda sentem falta do antigo estádio. Para os mais nostálgicos, a decisão do clube de reorganizar a distribuição de cadeiras cativas no novo estádio, que partiu ao meio a principal torcida organizada, os Ultras Vermelhos, prejudicou a atmosfera nas partidas.

Nos primeiros jogos houve uma série de protestos que levaram o Bayern a fazer modificações após a Allianz Arena sediar a Copa do Mundo:  duas seções para espectadores de pé foram criadas.

“No Olympiastadion a experiência era menos corporativa. Ficávamos de pé e podíamos fazer mais barulho”, lamentava ontem o engenheiro Martin Werner, que por não ter conseguido entradas para a final da Liga dos Campeões, ontem se preparava para uma volta ao passado.

Arrendado por uma empresa promotora de eventos, que apenas com a venda de ingressos para a final virtual arrecadou mais de 400 mil euros, o Olympiastadion ainda recebe partidas ocasionais, como a final europeia feminina de 2012, entre Lyon e Frankfurt. Mas é principalmente palco de shows e eventos menos convencionais, como corridas de Gran Turismo e até provas de esportes de inverno.

O complexo ainda é amplamente utilizado, inclusive pelo público, que pode, por exemplo, nadar no mesmo parque aquático em que, em 1972, o nadador americano Mark Spitz conquistou a histórica sequência de sete medalhas olímpicas de ouro. Gramados e chafarizes são também point para piqueniques e atividades infantis. Há ainda um museu esportivo e um curioso hall da fama do rock alemão.

Também sobre espaço para um calendário cultural e mesmo religioso, com celebrações de missas campais. E a região de Munique em que está localizado faz do velho estádio um ponto bem mais atraente que a Allianz Arena, localizada praticamente num descampado nos arredores da cidade.