Topo

Perto de 1º troféu europeu, Rafinha relembra seleção, agradece Dunga e fala sobre Breno

Rafinha, do Bayern, pode ser escalado como titular na final da Liga dos Campeões - AFP PHOTO / CHRISTOF STACHE
Rafinha, do Bayern, pode ser escalado como titular na final da Liga dos Campeões Imagem: AFP PHOTO / CHRISTOF STACHE

Pedro Taveira

Do UOL, em São Paulo

19/05/2012 06h00

Em apenas um ano de Bayern de Munique, o lateral-direito Rafinha tem a chance de realizar o sonho de todo atleta profissional: conquistar a Liga dos Campeões. Mais do que isso, o jogador pode ganhar o título sendo o único brasileiro em campo na decisão do próximo sábado contra o Chelsea.

Isso porque o Bayern não poderá contar com Luiz Gustavo, suspenso, e Breno, lesionado e enfrentando problemas com a Justiça alemã. Já o Chelsea não terá Ramires, que recebeu o terceiro cartão amarelo na semifinal contra o Barcelona, e ainda vê David Luiz como dúvida.

DE LONDRINA PARA MUNIQUE:

  • Assim como a maioria dos jogadores de futebol, Rafinha teve uma infância difícil. Natural de Londrina e de origem humilde, o lateral-direito teve de superar a morte do pai quando ainda era adolescente e revelou que a comida em sua casa era contada.

    “Perdi meu pai no mesmo ano que fui para o Coritiba, em 2002. Sempre fui de família muito humilde, morava no Cinco Conjuntos (bairro na zona Norte de Londrina). Passamos muita necessidade. Não cheguei a passar fome, mas era tudo contado. Ou almoçava ou jantava. Era difícil”, disse o atleta.

    Criado no futebol de salão, Rafinha falou que só foi para a lateral direita por sugestão de um de seus técnicos na base – atuava como meia-atacante antes. Já na nova posição, Cafu foi a grande inspiração, apesar de Romário ser seu ídolo maior.

Figura frequente na seleção brasileira comandada por Dunga, Rafinha fez parte do grupo que conquistou a medalha de bronze na Olimpíada-2008, em Pequim, e diz encarar com naturalidade sua ausência na Copa do Mundo-2010.

Após boas passagens por Schalke 04, da Alemanha, e Genoa, da Itália, o atleta chamou a atenção do Bayern, clube pelo qual já disputou mais de 30 partidas como titular. O único assunto proibido é a situação de Breno, indiciado acusado de ter incendiado a própria casa.

Em entrevista ao UOL Esporte, o lateral-direito de 26 anos fala sobre a experiência na seleção brasileira, os atuais momentos vividos no Bayern e por Breno e a expectativa para sua primeira decisão de Liga dos Campeões.

UOL Esporte – Você frequentou a seleção brasileira com Dunga. Tem alguma frustração, seja pela medalha de bronze na Olimpíada de Pequim ou por não ter ido à Copa do Mundo?
Rafinha
– Não, frustração não. Ainda mais com o Dunga, que foi uma pessoa maravilhosa como todos que trabalharam com ele. Ele levou quem achou que estava melhor no momento. No Brasil, tenho que ser realista, a minha posição é a que está mais bem servida. Nas convocações eu ia com o Daniel Alves, com o Maicon. Quem foi com a seleção ao Mundial representou bem. A gente tem que torcer pelos companheiros. Tenho é que agradecer por ter tido o prazer de vestir a camisa da seleção brasileira, que é o sonho de todo jogador profissional.

UOL Esporte – E com relação à Olimpíada? Vocês ficaram com uma sensação de que poderiam ter dado mais?
Rafinha
– Dado mais não, isso aí não existe. No futebol é difícil isso, falar depois que acontece. Depois que o leão parou, é fácil tirar foto, né (risos). A gente fez uma campanha maravilhosa e em Brasil e Argentina (partida da semifinal dos Jogos) quem faz o primeiro leva. Infelizmente é assim. A gente falhou. Tínhamos um grupo muito bom, foi um dos melhores grupos que eu trabalhei na minha vida, mas pena. Pena que não conseguimos triunfar.

UOL Esporte – Como foi a transferência do Schalke 04 para o Genoa?
Rafinha
– Fiquei cinco anos no Schalke, fui campeão da Copa da Alemanha, jogamos quatro vezes a Champions League, foi um período muito feliz. Eu precisava mudar de ares, respirar um ar novo e foi importante minha mudança, aprender outra cultura, outro futebol. Sem contar que fiz um ano que, apesar de não ter terminado como eu queria, foi muito iluminado. Saí como ídolo do Genoa.

UOL Esporte – Depois de um ano no Genoa você já foi contratado pelo Bayern, mas disse que a temporada não terminou como esperava. Em que sentido?
Rafinha
– Eu queria ter deixado o Genoa classificado para uma competição internacional, Liga Europa ou Liga dos Campeões, mas não conseguimos.

ADAPTAÇÃO À ALEMANHA E SAMBA:

  • Rafinha foi revelado pelo Coritiba e demorou apenas um ano e meio para chamar a atenção do Schalke 04. A mudança para a Alemanha ocorreu quando ele ainda era novo e a adaptação a uma cultura bem diferente da brasileira foi um dos grandes desafios de sua carreira.

    "Chegar um país como a Alemanha, onde é tudo mais organizado, tem mais disciplina, é tudo certinho. Foi uma mudança radical", falou o lateral-direito. "No começo eu tive aulas (de alemão), uma professora vinha até minha casa. Mas não é fácil, mesmo com professor, para um brasileiro aprender o idioma."

    Agora bem instalado em Munique, Rafinha contou que o samba é um de seus refúgios para as horas vagas. "O samba está no sangue. Tenho um irmão mais velho que tem um grupo de samba lá em Londrina e sempre acompanhava ele quando era moleque. Samba e futebol combinam. É importante porque distrai, me ajuda no tempo livre aqui. É fundamental".

UOL Esporte – E como vem sendo esta temporada pelo Bayern? A disputa pela titularidade provavelmente é mais acirrada...
Rafinha
– Foi bom. Sou privilegiado em poder jogar em um time dessa grandeza. Mas em clube grande a cobrança é muito maior. Pelo fato de ser meu primeiro ano aqui e eu ter jogado mais de 30 partidas como titular, pra mim está ótimo.

UOL Esporte – Você se imaginava disputando uma final de Liga dos Campeões logo em seu primeiro ano aí?
Rafinha
– Se alguém falar que imagina isso está mentindo. É muita pretensão alguém dizer isso. É um sonho para todo jogador. Todo jogador sonha em disputar uma final de Copa do Mundo e uma final de Champions League. Estou tendo a oportunidade de realizar e, pra terminar melhor, conquistando, se Deus quiser.

UOL Esporte – Você diria que esse é o momento mais importante de sua carreira?
Rafinha
– Com certeza. Joguei outras finais também, mas não tem comparação. Final de Liga dos Campeões é um momento único, a gente não sabe se vai conseguir fazer de novo um dia. Apesar de ter uma equipe muito forte, a gente sabe que é um momento maravilhoso que temos que aproveitar da melhor forma.

UOL Esporte – Você pode ser o único brasileiro em campo. Dá para saber já se vai para o jogo?
Rafinha
– Ainda não. Estou treinando bem. Tenho que continuar trabalhando e torcer para que o treinador me escolha.

UOL Esporte – O Bayern é favorito por jogar a final contra o Chelsea em casa?
Rafinha
– Na minha opinião é 50% de chance para cada um. Claro que pelo fato da gente jogar no nosso estádio, um lugar que conhecemos bem, treinamos e jogamos sempre, temos que nos impor. Mas é uma final de Liga dos Campeões, então as chances são iguais.

UOL Esporte – Sobre o Breno. Vocês têm contato com ele aí no Bayern? Como ele está?
Rafinha
– Olha... Nós estamos proibidos de falar do Breno. A gente não pode falar, a situação dele não está legal.

UOL Esporte – Mas vocês mantêm contato?
Rafinha
– Ele está todo dia no clube treinando e a gente sempre dá força.