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Rivais, ingleses e alemães se unem em 'jornada' até Munique para a final da Liga

Torcedores do Bayern de Munique tomam as ruas da cidade antes da final da Liga - REUTERS/Guido Krzikowski
Torcedores do Bayern de Munique tomam as ruas da cidade antes da final da Liga Imagem: REUTERS/Guido Krzikowski

Fernando Duarte, em Munique (Alemanha)

19/05/2012 15h00

Apesar de ser o time da casa na final da Liga dos Campeões da Uefa, o Bayern de Munique, clube mais popular da Alemanha, tem uma base de torcedores que não se limita à cidade. Sendo assim, tanto alemães quanto ingleses precisaram fazer alguns sacrifícios para acompanhar seus times. Especialmente depois de uma combinação entre a alta demanda e o oportunismo de vários setores envolvidos com o evento esportivo tornar a jornada mais complicada que o habitual. Os vôos saindo de Londres, por exemplo, sofreram aumentos que chegaram a 3 mil por cento, segundo estudos de organizações dos direitos do consumidor do país.

Foi para evitar pagar mais de 500 euros por pessoa para uma passagem de ida e volta, por exemplo, que o administrador de empresas Steve Clarence juntou-se a três colegas de trabalho e cumpriu de carro os 916km separando a capital britânica de Munique. Levou 12 horas, o que incluiu uma travessia de barcaça entre Dover e o porto francês de Calais.

“Assim que o Chelsea garantiu a classificação para final (em 24 de abril), começamos a pesquisar preços. Já estava caro e ficamos com medo de comprar sem saber se teríamos ingressos. Depois , ficou impossível. Mas viria nem que fosse a pé dessa vez”, contou Clarence, de 45 anos, que em 2008 decidiu não viajar para Moscou quando o Chelsea jogou a final da Liga de 2008, um clássico doméstico perdido contra o Manchester United.

Para outros torcedores ingleses, combinar vôos para outras cidades alemães e mesmo países vizinhos (Áustria e Suíça) com jornadas de trem ou carro foi a solução. Mas grupos de fãs também não hesitaram em tomar rumos mais tortuosos: pacotes oferecido por operadoras londrinas ofereciam jornadas de ônibus pelo equivalente a 150 euros, saindo na sexta-feira e chegando a Munique em meados da manhã. Mesmo detalhes como a proibição do consumo de álcool a bordo e o retorno a Londres ainda na noite de sábado não foram empecilho: sites anunciando os pacotes informram que todas as vagas tinham sido preenchidas.

Para alguns torcedores não importava sequer a falta de ingressos. O estudante alemãe Jurgen Patschke dirigiu seis horas entre Hannover e Munique apenas para estar na cidade e curtir a atmosfera da final. Era ontem mais um dos torcedores que se aglomeravam em frente a um telão no Parque Olímpico. Sua maior preocupação era encontrar um lugar para dormir caso o Bayern vencesse a partida. “Se formos campeões haverá a apresentação do troféu para o público amanhã. Mesmo sem ir ao estádio, será uma oportunidade histórica”.

A mesma lógica foi seguida por torcedores ingleses: embora apenas 17.500 dos 62 mil lugares tenham sido reservados para o Chelsea, pelo menos 30 mil estão na cidade, de acordo com a polícia. Os que não carregavam cartazes improvisandos informando a intenção de comprar bilhetes buscavam as áreas públicas de exibição da partida. Sem deixar de lado um problema logístico: caso conquiste o título, o Chelsea desfilará com a taça em carro aberto pelas ruas do sul de Londres.

“Por via das dúvidas, vou tomar apenas uma cerveja no estádio, porque tomaremos o rumo de casa assim que possível caso o Chelsea vença. Não poderemos perder a festa em Londres e vamos precisar revezar no volante para fazermos um bom tempo”, afirmou Louie Hicks, um dos companheiros de viagem de Clarences.

Em diversos pontos de Munique, torcedores dos dois times aproveitaram o dia de sol. A presença de policiamento constante, embora não ostensivo, servia de incentivo para uma convivência pacífica. Havia até grupos tirando fotos juntos na entrada do estádio.