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Vitória na final da Liga redime grupo desacreditado de jogadores do Chelsea

Jogadores do Chelsea vibram após Drogba converter pênalti que deu 1º título europeu - Kai Pfaffenbach/Reuters
Jogadores do Chelsea vibram após Drogba converter pênalti que deu 1º título europeu Imagem: Kai Pfaffenbach/Reuters

Fernando Duarte

Em Munique (Alemanha)

19/05/2012 19h27

Depois de Roman Abramovich investir mais de US$ 1 bilhão no Chelsea desde que assumiu o clube, em 2003, a maior surpresa foi ver a versão mais decadente de seu grupo de comandados enfim realizar o sonho do oligarca russo. Diferentemente dos times com que foi campeão inglês em 2005, 2006 e 2009, o atual grupo teve seu pior desempenho no Campeonato Inglês em mais de uma década e, na Liga dos Campeões, foi dado como morto após perder por 3 a 1 para o Napoli a primeira partida das oitavas de final. 

RETRANCA FUNCIONA, CHELSEA VENCE BAYERN E É CAMPEÃO EUROPEU

  • Dylan Martinez/Reuters

    Ao melhor estilo futebol de resultado, o Chelsea conquistou neste sábado o inédito título da Liga dos Campeões. Contra o Bayern de Munique, na casa do adversário, o milionário time de Londres colocou sua retranca (a mesma que parou o Barcelona) para funcionar, arrancou o empate por 1 a 1 nos 90 minutos e na prorrogação e ganhou nos pênaltis por 4 a 3.

Mesmo veteranos da seleção inglesa, como Frank Lampard e John Terry, receberam uma saraivada de crítica de público e mídia. E depois de o português André Villas-Boas perder o cargo no meio da temporada, num aparente boicote organizado pelos jogadores mais velhos contra a política de renovação do treinador, o clube se tornou um exemplo de panelas fora de controle. Até o bilionário russo foi considerado por demais intromissivo nos assuntos do clube.

Mas será esse Chelsea  mais ordinário que não apenas entrará para a história do clube como o primeiro a conquistar a Liga dos Campeões, que também é o primeiro de uma equipe de Londres, uma metrópole que, ao contrário de outras vizinhas, terá seis times na Primeira Divisão inglesa próxima temporada.
Vai também ser lembrado por ter justamente visto os jogadores se unirem diante de um treinador sem muita autoridade no futebol: o auxiliar-técnico de André Villas-Boas, o italiano Roberto Di Matteo. Ironicamente, depois de ficar sem trabalho ao ser demitido do West Bromwich Albion no início do ano passado.

A conquista nem por isso deixará de tornar necessárias mudanças. O atacante Didier Drogba, por exemplo, vem recusando as propostas de renovação de seu contrato e estaria na mira do Barcelona, que não tem um número 9 clássico desde a partida de Samuel Eto’O para a Internazional em 2010. John Terry, o capitão que ficou de fora da final por ter agredido na semi o atacante Alexis Sanchez, do Barcelona, é alvo de uma investigação criminal pela acusação de atos de racismo contra o zagueiro  Anton Ferdinand, do Queen Park’s Rangers – ainda que apenas uma multa esteja prevista caso ele seja condenado, as repercussões para a imagem do clube podem tornar necessária uma mudanças de ares.

O Chelsea tem também um dos de elencos com a maior média de idade da Europa e um grupo de jogadores menor que o dos grandes times ingleses, algo que ficou evidente na final da Liga dos Campeões quando Di Matteo precisou improvisar Ryan Betrand, um jogador que em seis anos de clube jogara apenas oito partidas e fora emprestado para diversas equipes de divisões inferiores antes de ser reintegrado às pressas no final da temporada.

O grande ponto ainda é, curiosamente, o interesse de Abramovich. A maior parte do dinheiro por ele investido entrou no clube na primeira metade de seus nove anos de controle, e o bilonário nunca escondeu sua impaciência com a falta de resultados. Algo expressado pela degola de treinadores: foram sete em nove anos, incluindo o brasileiro Luiz Felipe Scolari. Di Matteo não tem permanência garantida, de acordo com os rumores circulando selvagemente pela mídia britânica.

O sucesso do Chelsea não foi barato e o clube tem dívidas da ordem de US$ 1,1 bilhão. Se Abramovich não mostrar pelas taças o mesmo apetite que tem pelo acúmulo de capital, aí sim o clube estará em apuros.