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Depois do 'Allianzazo', Bayern procura motivos e culpados em revés na Liga

Fãs do Bayern lotaram a Allianz Arena, mas título da Liga dos Campeões não veio - John Macdougall/AFP Photo
Fãs do Bayern lotaram a Allianz Arena, mas título da Liga dos Campeões não veio Imagem: John Macdougall/AFP Photo

Fernando Duarte, de Munique (Alemanha)

20/05/2012 12h20

Com uma festa preparada para marcar não apenas o fim de um jejum de 11 anos na Liga dos Campeões, mas um triunfo diante de sua fanática torcida, o Bayern de Munique acordou no domingo com uma ressaca possivelmente mais miserável que a exibida pelos torcedores se arrastando por alguns dos principais pontos da cidade.

O desfecho do que estava sendo exibido em camisetas e pôsteres como a “Finale Dahoam”(final caseira, no dialeto da Bavária) foi considerado ainda mais cruel diante do fato de a equipe ter desperdiçado inúmeras oportunidades e ter ainda pela primeira vez perdido uma disputa de pênaltis num torneio europeu.

A mídia alemã se fartou de lamentar a má sorte e lembrar estatísticas como o domínio absoluto de posse de bola e em quesitos como chutes a gol (24 contra seis) e escanteios (20 contra um, ironicamente o lance em que Drogba empatou o jogo para o Chelsea aos 43 minutos do segundo tempo).

Mas o ar também era de uma apreensão semelhante a que afetou os brasileiros depois do baile aplicado pelo Barcelona sobre o Santos na final do Mundial Interclubes. Nada menos que sete jogadores do Bayern estão na seleção alemã que disputará a Eurocopa, no mês que vem, incluindo Bastian Schweinsteiger, que desperdiçou uma das cobranças na disputa de pênaltis.

“Estou sem palavras após esse jogo. Como poderemos nos concentrar apropriadamente enquanto essa partida estiver na memória dos jogadores?”, questionou o presidente da Federação Alemã de Futebol, Wolfgang Niersbach. Um trabalho a mais para o treinador da seleção, Joachim Low, que ao menos tem a vantagem de conhecer muito bem os jogadores com quem trabalha desde a década passada – foi auxiliar-técnico de Jurgen Klinsmann no Mundial de 2006.

CHELSEA É CAMPEÃO EUROPEU

  • Dylan Martinez/Reuters

    Ao melhor estilo futebol de resultado, o Chelsea conquistouo inédito título da Liga dos Campeões. Contra o Bayern, o time de Londres colocou sua retranca  para funcionar, arrancou o empate por 1 a 1  e ganhou nos pênaltis por 4 a 3.

Porém, se sobrou solidariedade – na capa do tabloide Bild, a manchete era “Choramos com você, Schwein, numa alusão às lágrimas do jogador - críticas não faltaram. A começar pelo próprio treinador do Bayern, Jupp Heynckes: ele revelou que diversos jogadores, entre eles o holandês Arjen Robben, que perdeu um pênalti na prorrogação, se recusaram a bater na disputa. Foi por isso que o goleiro Manuel Neuer acabou tendo de entrar na lista, convertendo a terceira cobrança.

“Não poderia obrigar ninguém a participar, mas entendo que alguns jogadores estavam desgastados depois de 120 minutos de jogo. Robben, por exemplo, não se sentiu confiante e é um sentimento legítimo. Teríamos evitado tudo isso caso aproveitássamos as chances que criamos. Só temos nós mesmos a culpar”, disse ele.

Comentaristas também não se esqueceram de que é a segunda temporada consecutiva em que o mais rico e mais bem-sucedido time alemão não conquista um troféu sequer, algo piorado pela goleada sofrida diante do Borussia Dortmund (5 a 2), na final da Copa da Alemanha, na semana passada.

Um diagnóstico em comum foi a falta de mais estabilidade no comando do time. “Tivemos três treinadores com diferentes filosofias nos últimos quatro anos. Falta mais continuidade, em vez de um percurso em zigue zague. O Bayern não precisa jogar tudo fora, mas é necessário analisar atentamente a falta de sucesso nas duas últimas temporadas”, disse, num editorial a Kicker, principal revista de futebol do país.

Ironicamente, a derrota não impediu que o Bayern vencesse o jogo financeiro. Pela 20ªtemporada consecutiva, o time registrará lucro e sua receita bruta comercial (254 milhõesde euros) superou mesmo a de marcas poderosas como Real Madrid, Barcelona e Manchester United.

“É um prêmio de consolação importante, pois mostra ao menos que o time está fazendo coisas certas fora do campo”, afirma Matt Hannagan, consultor de marketing esportivo da consultoria Brand Finance, de Londres.