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Barcelona remonta carrossel e transforma a decadência em virada

David Villa comemora o terceiro gol do Barcelona sobre o Milan - AFP PHOTO / LLUIS GENE
David Villa comemora o terceiro gol do Barcelona sobre o Milan Imagem: AFP PHOTO / LLUIS GENE

Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

13/03/2013 06h00

Pouco antes do jogo com o Milan, o mosaico da torcida do Barcelona nas arquibancadas do Camp Nou mostrava a inscrição: "Somos uma equipe", por cima da tradicional "Mais do que um clube". De fato, o time barcelonista voltou a ser uma equipe - ou "A equipe" - e transformou a sua suposta decadência em uma recuperação histórica, a primeira dessa atual formação vitoriosa.

"Essa geração precisa de uma virada histórica e gostaríamos de fazê-la", analisou Xavi, pouco após perder por 2 a 0 para o Milan, pela primeira partida das oitavas de final da Liga dos Campeões. Esse resultado foi revertido pelo placar de 4 a 0 em favor do time local, nesta terça-feira.

Foi apenas a quinta vez que um time reverteu uma desvantagem de dois gols no primeiro jogo eliminatório da Liga dos Campeões. Foi apenas a segunda vez que o Barcelona goleou o Milan no torneio. Foi a primeira vez que essa geração barcelonista se classificou diante de um grande time após situação de clara desvantagem no primeiro jogo, como não ocorrera diante do Chelsea ou da Inter de Milão.

Explica-se: o atual Barcelona acostumou-se a ganhar com facilidade e estabelecer uma hegemonia. Basta olhar para os números da atual temporada, na qual supostamente ocorre uma decadência. Foram 121 gols até agora em 43 jogos, uma média de 2,81 por partida. Quando havia problemas, o time, em geral, tinha dificuldades de reação.

E os barcelonistas tinham identificado várias questões em seu time. Messi corria por todos os setores, mas a rotação entre as posições do ataque não funcionava como antes. Messi fez 49 gols na temporada, mas Alexis Sanchez e David Villa não acertavam o pé nas conclusões. Messi furava as defesas adversárias, mas seus zagueiros abriam espaços nos próprios flancos para contra-ataques.

Nesta terça, com Xavi e Iniesta de volta à boa forma, a equipe voltou a girar no ataque, sem posições fixas. A alternância foi capaz de furar o bloqueio de duas linhas de quatro homens do Milan. Pela estatística da Uefa, o time dominou a bola por 66% e chutou 14 vezes a gol, mais do que o dobro do time italiano. Os mapas de movimentação das equipes mostram o Barcelona quase sempre no ataque, e a equipe milanesa, quase sempre na defesa.

"O mais importante é que voltamos às origens", explicou Mascherano. "Por tudo que temos passado nos últimos tempo, e por encadear partidas que não fomos bem, nossa confiança e maneira de jogar não era a mesma."

A derrota diante do Milan foi a lição para que o Barcelona recuperasse sua forma jogar. "Nós sabíamos exatamente como tínhamos que jogar esse jogo", explicou Jordi Alba, autor do quarto gol. Havia um sentimento de que "os jogadores não esqueceram como jogar futebol", como afirmou o diretor esportivo do clube, Zubizarreta.

Tanto que prescindiram até de seu técnico, Tito Vilanova, que ainda se recupera de problemas de saúde. A recuperação estava nos pés dos atletas, que mostraram ser "muito especiais", segundo o assistente Jordi Roura, treinador ao lado do campo.

A virada histórica e a recuperação de uma certa forma de jogar tornaram o Barcelona, novamente, temido. A ponto do técnico do Milan, Massimiliano Allegri, voltar a classificá-lo como o "melhor time do mundo".  Parece ser o mesmo sentimento dos jogadores barcelonistas. É o que ficou claro quando foram questionados sobre o sorteio das quartas de final para a Liga dos Campeões, que será na sexta-feira.

"Quando você passa por uma noite como essa, todos os maus dias são esquecidos. Depois do que experimentamos hoje, não nos importa com quem vamos jogar nas quartas", resumiu David Villa.