Sem estrela, Atlético de Madri vira recordista e "descobre" brasileiro

Pegue um time que foi terceiro colocado no campeonato nacional, nove pontos atrás do vice-campeão. Tire a principal estrela, responsável por 28 dos 65 gols. Essa é a receita improvável do Atlético de Madri, que faz na temporada 2013/2014 o melhor início de sua história no Campeonato Espanhol. O time da capital espanhola testará o momento favorável nesta terça-feira, às 15h45 (horário de Brasília), quando visitará o Porto em duelo válido pela fase de grupos da Liga dos Campeões da Uefa.

O Atlético de Madri não bate o Porto desde 1963, quando fez 2 a 1 em Madri. O time português eliminou os espanhóis com dois empates nas oitavas de final da Liga dos Campeões da Uefa da temporada 2008/2009. Na temporada seguinte, os lusitanos venceram os dois duelos da fase de grupos da principal competição de clubes da Europa.

Todos esses números adversos, contudo, parecem pouco para o atual Atlético de Madri. No último sábado, o time da capital interrompeu um jejum de 14 anos sem triunfos no clássico contra o Real Madrid. Com isso, amealhou a sétima vitória consecutiva no Campeonato Espanhol.

A arrancada no torneio local é a melhor da história do Atlético, cujo principal reforço para a atual temporada foi o atacante David Villa. Aos 31 anos, o jogador deixou para trás um histórico de problemas físicos no Barcelona e custou 5 milhões de euros ao clube da capital.

Villa foi contratado para substituir Falcao Garcia, que havia marcado 28 dos 65 gols do Atlético de Madri na edição passada do Campeonato Espanhol. Contudo, não tem sido ele o grande artífice do bom desempenho da equipe. O maior destaque ofensivo do time é o brasileiro Diego Costa, que balançou as redes 12 vezes em 13 partidas desta temporada.

A ascensão de Diego Costa simboliza com perfeição o que é o Atlético de Madri desta temporada. Autor do gol que definiu a vitória sobre o Real Madrid no último sábado, o atacante foi elogiado pelo técnico, o argentino Diego Simeone, pela dedicação extrema.

“O melhor é a empolgação que ele tem. Diego é empolgação pura. É um dos corações do time, e isso passa para todos”, avaliou Simeone.

O técnico argentino, aliás, é outro dos pilares do Atlético de Madri. Quando era jogador, o argentino integrou o elenco da equipe na conquista do Campeonato Espanhol 1995/1996. Ele voltou como treinador no ano passado.

Simeone é descrito pelos espanhóis como um técnico meticuloso. Nesta semana, o jornal “El País” publicou uma reportagem sobre os hábitos espartanos do argentino, a quem a publicação atribui o hábito de viver “24 horas para o futebol”.

Ainda de acordo com o jornal, o treinador foi um dos motivos para o elenco do Atlético de Madri ter seguido no clube após a última temporada. Falcao migrou para o Monaco, mas outros “14 ou 15 jogadores”, segundo a publicação, tiveram propostas para sair.

“O Atlético é um time fortíssimo. Eles têm as linhas muito compactas, pressionam a bola e usam muita velocidade. Não há espaços. É um time que joga o Campeonato Espanhol, mas se comporta como italiano”, avaliou Paulo Fonseca, treinador do Porto.

O diário “Marca”, outro jornal espanhol, também usou o perfil de Simeone para explicar o bom momento do Atlético de Madri. A publicação disse que o compromisso dos atletas é uma das prioridades do treinador, e o exemplo disso foi o comportamento dos jogadores que ficaram no banco contra o Real Madrid.

Nesta terça-feira, Simeone terá de provar que o banco também serve para repor peças. Afinal, Diego Costa está suspenso e o zagueiro Godín é dúvida para o jogo contra o Porto, que não perde como mandante há 70 partidas.

“A ideia da equipe está clara, mas prefiro não dizer os nomes. O importante é que vamos jogar para ganhar”, finalizou Simeone.

O Atlético de Madri tem outros dois brasileiros entre os titulares: o zagueiro Miranda e o lateral esquerdo Filipe Luis. Nesta terça-feira, sem Diego Costa, o atacante Léo Baptistão é um dos candidatos à vaga no ataque.