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Exaltado na Liga dos Campeões, Marquinhos defende "esquecido" Lucas

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

17/12/2013 06h00

Apesar da tripleta de gols na partida contra o Celtic, na quarta-feira, Neymar ficou fora da seleção dos melhores jogadores da primeira fase da Liga dos Campeões da Uefa, divulgada pela entidade na quinta-feira passada. Uma ausência que tornou ainda mais interessante a presença do zagueiro Marquinhos, do Paris St. Germain, na lista – ao lado do também defensor Miranda, do Atlético de Madri, únicos brasileiros relacionados.

Aos 19 anos, o ex-corintiano não parece estar sentindo o peso das expectativas geradas por sua chegada milionária à equipe parisiense, que em julho pagou 31 milhões de euros para tirá-lo do Roma. Se no campeonato francês ele foi titular em apenas 9 dos 17 jogos do PSG, Marquinhos foi usado em todos os seis compromissos do clube na fase de grupos Liga dos Campões, e apenas no jogo contra o Olimpiakos (Grécia), no último dia 27, começou no banco.

Tal facilidade de adaptação não passou despercebida por Luiz Felipe Scolari, que convocou Marquinhos para os amistosos da seleção brasileira contra Honduras e Chile, no mês passado. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o zagueiro fala da surpresa com a velocidade dos acontecimentos, mas aproveita também para defender um companheiro de PSG que parece ter sido esquecido por Felipão – o atacante Lucas Moura.

UOL Esporte: Você tem sido um dos melhores brasileiros na Liga do Campeões e ainda fez dois gols, apenas um a menos que o Neymar. Nada mal para um zagueiro e estreante no torneio, não?

Marquinhos: A gente fica feliz com o que está acontecendo. Tive a oportunidade de participar desses jogos e trabalhei duro para que o treinador tivesse confiança para me utilizar. Mas foi apenas a primeira fase do torneio, não dá para sentir algo mais do que um pouco de satisfação. É uma indicação de que o trabalho está rendendo. Mas isso também cria expectativas. Agora tenho que manter o nível, não adianta ir bem apenas numa fase.

UOL Esporte: Você chegou ao PSG em meio a um festival de contratações milionárias e provocou a saída do zagueiro Sakho, ídolo da torcida. Como foi lidar com a pressão provocada por sua chegada?

Marquinhos: Não foi algo tão assustador como se eu tivesse vindo do Brasil. Já tinha jogado meia temporada do Campeonato Italiano pela Roma, o que me ajudou muito na adaptação à Europa. O salto não foi tão complicado na hora de ir para a França. Ao mesmo tempo, sabia que os valores envolvidos na minha contratação iriam chamar a atenção. Fui muito bem recebido no clube, mas é claro que eu tinha de mostrar serviço, ainda mais chegando no lugar de um jogador querido. Pus na cabeça que as dificuldades eram algo que precisava enfrentar para crescer como jogador e como pessoa.

UOL Esporte: A temporada também marcou sua primeira convocação para a seleção. Você esperava chamar a atenção quando sobram zagueiros mais “rodados”?

Marquinhos: Foi uma recompensa pelo meu trabalho e um oportunidade espetacular de ver de perto jogadores que admiro bastante. Claro que ajudou um pouco eu já jogar no PSG com meu ídolo, o Thiago Silva, mas para um garoto de 19 anos estar na seleção é algo mágico. Fica a esperança de poder chamado de novo, mas isso vai depender do que fizer em campo, não adiante ficar só sonhando.

UOL Esporte: Apesar da pouca idade, você tem entrosamento com o Thiago e até o substitui em jogos do PSG quando ele esteve machucado. É vantagem na disputa pela quarta na vaga no grupo de zagueiros da seleção?

Marquinhos: Poderia estar numa posição pior (risos). Jogo num time grande, disputo uma competição do porte da Liga dos Campeões e atuo ao lado de grandes jogadores. Isso me encoraja, mas é com trabalho que vou disputar uma vaga. Há muitos bons zagueiros brasileiros que podem ser chamados também. Taí o Miranda, que vem jogando bem no Atlético de Madri e já foi até chamado pelo Felipão também.

UOL Esporte: Outro companheiro seu de PSG, Lucas Moura, parece ter perdido terreno por uma vaga, mas começou a jogar bem melhor pelo clube. Dá tempo de voltar?

Marquinhos: O Lucas conseguiu dar uma acelerada, está fazendo gols. É um cara que boto muita fé. Vejo o cara treinar todo o dia e ele tem um dom. Poucos jogadores têm o talento do Lucas. Ele saiu jovem do Brasil e veio para a França, um país que nã tem muito em comum  com o Brasil, a adaptação dele foi um pouco mais longo. Claro que ele não ficou feliz por não ter sido chamado para os últimos jogos da seleção, mas acho que a ausência deu mais motivação para que ele trabalhe duro. Ele pôs a faca no dente, e em nenhum momento vi o cara baixar a cabeça ou ficar fazendo bico no canto.