Liga dos Campeões faz surgir novo Fàbregas. Só falta vencer
Aos 10 anos, Cesc Fàbregas conheceu Lionel Messi. Viraram companheiros em La Masia, as categorias de base do Barcelona, nas quais o pequeno torcedor do clube catalão começava a jogar. Naquela mesma turma de garotos, que depois ficaria conhecida como a turma de 1987, estavam também o zagueiro Gerard Piqué e o atacante Pedro, espanhóis. O destino, no entanto, separaria o quarteto com uma diferença nada sutil: títulos nacionais, internacionais e, principalmente, da Liga dos Campeões da Europa para três dele, e quase nada para Fàbregas, o mais precoce de todos: nenhum título da Liga, e fracasso em âmbito internacional.
Fàbregas hoje joga no Chelsea do técnico português José Mourinho e é um dos melhores jogadores da atual edição da Liga dos Campeões. Foi talvez o mais importante jogador do time inglês na primeira fase da competição, conquistando 14 pontos em seis jogos. O meia espanhol marcou dois gols e deu três assistências – só o compatriota Koke, do Atlético de Madri, deu mais passes para gols.
A história que conta a separação da turma de 87 e que sela a sina pouco afortunada de Fàbregas na Liga dos Campeões começa em 2003, ano em que o jovem meio-campista decidiu deixar o clube catalão. Acreditando que não teria muitas oportunidades, transferiu-se para o Arsenal, em Londres.
Foi uma sensação. Depois de um ano de adaptação e algumas oportunidades, Fàbregas apareceu como titular absoluto aos 17 anos do time campeão inglês. Sua chegada coincidiria, porém, com o início do fracasso de Wenger à frente do Arsenal. Depois de sua titularidade, não haveria mais títulos do Campeonato Inglês. O requinte de crueldade viria em 2006: Fàbregas, titular, perderia uma final de Liga dos Campeões da Europa para o Barcelona, nos minutos finais da partida em Paris, após gol do brasileiro Belletti.
Fàbregas se manteve no Arsenal até 2011. Aos 21 anos, antes, em 2008, já assumira a braçadeira de capitão deixada pelo francês Thierry Henry. O Arsenal, no entanto, despencava e deixava o espanhol cada vez mais distante das taças – o clube inglês jamais erguei a taça da Liga dos Campeões.
Até 2011, os momentos não tão bons do Arsenal prejudicaram Fàbregas na seleção espanhola. De destaque precoce, passou a ser reserva de quem brilhava justamente no Barcelona: Xavi e Andrés Iniesta. Quando Fàbregas venceu, nunca foi protagonista. Quando foi protagonista, não venceu. Foi quando o meia decidiu voltar a seu clube de origem.
O retorno de Fàbregas ao Barça marcou o reencontro da turma de 87. Gerard Piqué havia seguido o exemplo do amigo e se transferido ao Manchester United em 2004. Conquistara, com o escocês Alex Ferguson, um título da Liga dos Campeões e mais duas taças da competição após voltar ao Barcelona, em 2008. Pedro e Messi, que do Barça nunca saíram, conquistaram as mesmas duas taças da Liga no clube, sob o comando de Pep Guardiola. Quis o destino que nem a volta às origens fizesse com que Fàbregas conquistasse tal título.
No Barcelona, Fàbregas não teve como tirar Xavi e Iniesta do time. Jogou em todas as posições do meio de campo e do ataque, menos na sua função de origem, como meia central. Foi primeiro volante, ponta direita, ponta esquerda e falso 9 – chegou a ser considerado o reserva imediato de Messi quando o argentino teve mais problemas com lesões. Foram três temporadas, todas abaixo do que o meia havia jogado pelo Arsenal.
Atualmente, Fábregas faz aquela que é talvez a melhor temporada de toda sua carreira. Redescobriu-se com José Mourinho no Arsenal após participação pífia na Copa do Mundo de 2014 – foi um dos piores jogadores da seleção espanhola, em um time que teve muitos piores. No Chelsea, como segundo volante, atuando da área de defesa à área de ataque, virou o coração de um time muito bem montado. É um dos melhores do Campeonato Inglês, dos melhores da Liga dos Campeões e voltou a ser o grande protagonista da nova geração da seleção espanhola.
Hoje, no Chelsea, Fàbregas tem a maior chance de conquistar a Liga dos Campeões que já teve na carreira. Joga como nunca, no melhor nível desde que surgiu para o futebol, está num clube que, diferentemente do Arsenal, já superou o trauma de nunca ter conquistado a liga e é comandado por um treinador que já venceu a competição duas vezes, por dois times inferiores: o Porto, em 2004, e a Inter de Milão, em 2010.
Em fevereiro, o Chelsea e Fàbregas enfrentam o Paris Saint-Germain pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Chegam ao duelo como favoritos, mesmo diante da megalomania do clube francês. Oportunidade para Fàbregas vencer como protagonista e começar a reescrever o próprio destino.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.