Ele venceu a Liga dos Campeões, mas virou especialista em "trabalhos sujos"

O cronômetro já marcava 46 minutos do segundo tempo, e o Manchester United perdia a final da Liga dos Campeões por 1 a 0, diante do poderoso Bayern de Munique, no Camp Nou. Os ingleses tinham um escanteio a seu favor: o desespero era tanto que o goleiro Peter Schmeichel foi para a área. A bola passou longe do dinamarquês, mas encontrou os pés de Teddy Sheringham, que empatou a partida.

Dois minutos depois, contra tudo e contra todos, o impossível aconteceu: em novo escanteio, Solskjaer marcou o segundo. Dessa vez Schmeichel ficou em seu lugar, mas as piruetas da sua comemoração se tornaram um símbolo do título mais importante de sua carreira e do auge de um time considerado o maior United de todos os tempos.

Conquistar uma Liga dos Campeões é o ponto máximo na carreira de qualquer jogador a serviço de um clube – para os europeus, mais importante até do que o Mundial de Clubes. Assim como o gol de Solskjaer, a possibilidade de levantar o troféu apareceu para Schmeichel nos acréscimos: aos 35 anos e 9 meses, o então capitão do Manchester conquistou a Europa no último segundo de sua última partida com a camisa vermelha.

Alegando que seu corpo não permitia mais suportar em alto nível a maratona de jogos em Manchester, o goleiro partiu para Portugal, levando consigo cinco títulos ingleses, três títulos da Copa da Inglaterra e uma Liga dos Campeões. Foi eleito o melhor goleiro da Europa em quatro temporadas.

Apesar do currículo impressionante, as conquistas do dinamarquês – e de toda a fantástica equipe do United da década de 90 – dificilmente ficariam marcadas na história com a mesma força sem a Liga. Fazia 25 anos que um time inglês não vencia a competição, e, pela primeira vez na história, uma equipe da Terra da Rainha venceu a Tríplice Coroa (Campeonato Inglês, Copa da Inglaterra e Liga dos Campeões).

A apoteose no United de Alex Ferguson transformou Schmeichel em uma verdadeira estrela na Europa. Apesar do jeito tímido, o gigante de 1,91m já foi comentarista, dono de um clube de futebol e apresentador de televisão.

Surpreendentemente, mesmo aposentado, admirado e milionário, o ídolo passou boa parte dos últimos anos realizando serviços sujos pela Europa. O nome do programa que apresentava, do canal Discovery, era Dirty Jobs (trabalhos sujos). Nele, viajava pelo continente se colocando na pele de trabalhadores com tarefas bem pouco agradáveis.

Nas suas viagens, Schmeichel empalhou animais, estripou peixes e limpou esgotos. A única coisa que poderia ter manchado sua imagem porém, foi ter terminado sua carreira jogando uma temporada pelo Manchester City,  maior rival do United. Ao falar sobre o assunto em outubro à BBC, o ex-jogador se complicou: disse que atualmente jamais defenderia o rival azul, já que hoje trata-se de um clube grande, maior do que os Red Devils.

Felizmente para o dinamarquês, mesmo gerando uma boa dose de caras feias, a declaração infeliz é muito pouco diante da sua história em Old Tratford.