No intervalo da final da Liga dos Campeões da temporada 1986/1987, o técnico do Porto, Artur Jorge, pediu para que o atacante brasileiro Juary aquecesse. O Porto perdia do Bayern de Munique por 1 a 0 em Viena e o treinador abria mão de de sua arma, àquela altura nem tão secreta, para tentar a improvável virada. Sempre que ele queria um time mais veloz, Juary não decepcionava.
Para isso, ousou, ao tirar o volante Quim para a entrada do brasileiro. O Porto, que havia sido dominado no primeiro tempo pelos alemães, aos poucos foi equilibrando a partida. Coube a Juary desequilibrá-la. A virada veio em 3 minutos. Aos 32, lançado pela direita, Juary deslocou o goleiro e viu o argelino Madjer, mesmo marcado, empatar o jogo, com um gol de calcanhar.
Dois minutos depois, os papéis se inverteram. Madjer arrancou pela esquerda e, em velocidade, deu um drible desconcertante no defensor do Bayern. Dentro da pequena área, Juary se antecipou e, de primeira, fez o gol do primeiro título europeu do Porto.
A explicação para Juary frequentar o banco de reservas é que a concorrência no ataque do Porto era qualificada, com Paulo Futre, Fernando Gomes e Madjer em grande fase. Juary era considerado um "reserva de luxo".
A confiança do treinador vinha das quartas-de-final. O Porto havia vencido em casa, o Brondby, da Dinamarca por 1 a 0. No jogo de volta, aos 36 minutos, os dinamarqueses abriram vantagem. Coube a Juary marcar aos 25 minutos do segundo tempo e classificar a equipe para as semifinais.
Nesse jogo, Juary entrou logo aos 15 minutos do primeiro tempo, no lugar de outro brasileiro, o atacante Casagrande. Ao ajudar na marcação e dar um carrinho no campo de defesa do Porto, Casagrande sofreu uma fratura no tornozelo esquerdo, que o tirou do restante da temporada.
Estrela da primeira geração de Meninos da Vila, Juary foi artilheiro e Campeão Paulista com o time santista. Além de ser um artilheiro nato, Juary era conhecido por comemorar os seus gols sambando em volta da bandeira de escanteio.
Em 1980 ele deixou o Santos e se transferiu para o futebol mexicano, para atuar pelo Universidad Guadalajara. A partir de 1982, ano a ano, jogou por quatro times italianos, com relativo sucesso apenas o Avelino. Depois de uma boa temporada pelo clube, ele chamou a atenção da Inter de Milão, onde não se destacou. A partir daí a Inter o emprestou para Ascoli, Cremonesi e posteriormente, em 1986, foi emprestado ao Porto para o Porto. Ali, mesmo sendo um reserva de luxo, viveu seu melhor momento na Europa.
Lá, ganhou todos os títulos de sua carreira após deixar o Santos. Foi campeão português duas vezes (1986 e 1988), venceu a Liga dos Campeões da Europa, a Supercopa da Europa e o Mundial de Clubes em 1987. E ganhou a Copa de Portugal em 1988.
No mesmo ano, se transferiu para a Portuguesa, clube em que disputou um Campeonato Paulista apagado. Depois disso ainda voltou ao Santos e jogou no Moto Club, do Maranhão.
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