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Perda de mala salvou vencedor de duas Ligas dos Campeões de acidente aéreo

Panucci defendeu a seleção italiana em 57 ocasiões -  EFE/Daniel Dal Zennaro
Panucci defendeu a seleção italiana em 57 ocasiões Imagem: EFE/Daniel Dal Zennaro

Do UOL, em São Paulo

13/02/2015 06h00

Christian Panucci conquistou duas Liga dos Campeões. A primeira veio em 1994 com o Milan numa goleada de 4 a 0 sobre o Barcelona de Romário, Guardiola, Stoichkov, Laudrup e Johan Cruyff como técnico. A segunda taça só foi possível porque ele perdeu o voo 800 da extinta TWA entre Nova York e Paris.

O lateral direito foi cortado da seleção italiana que disputava as Olimpíadas de Atlanta em 1996 por causa de uma contusão. Deveria estar no avião, mas perdeu a bagagem e embarcou em outro voo, da Alitalia. Sorte. O Boeing 747 da TWA explodiu ainda sobre o espaço aéreo americano matando 230 pessoas.

A coincidência permitiu que em 1998 Panucci entrasse em campo pelo Real Madrid para enfrentar a Juventus na final da Liga dos Campeões. O time venceu por 1 a 0, em gol de Mijatovic, que teve a participação de Roberto Carlos. No final do ano, o lateral levaria o Mundial de Clubes ao bater o Vasco por 2 a 1 em Tóquio.

Panucci foi um dos melhores laterais direitos do mundo na década de 1990 e começo dos anos 2000. Uma época em que a Itália tinha uma campeonato nacional muito forte e seus times tradicionais entravam como favoritos em qualquer disputa internacional. Com personalidade forte, o jogador sempre disse o que pensava, comportamento que rendeu brigas nos tempos de Real Madrid. Houve discussão com a diretoria, o treinador Guus Hiddink e até torcedores.

Mas com o técnico Fabio Capello firmou longa parceria, pelo menos enquanto era jogador. Foi o treinador quem levou o então promissor atleta de 20 anos para o poderoso Milan em 1993. O time teve uma das defesas mais celebradas da história do futebol com Baresi, Maldini, Costacurta e Panucci. O lateral direito ganhou o Prêmio Bravo como melhor jogador sub-23 da Europa e vestiu a camisa da seleção 57 vezes na carreira.

Capello e Panucci ainda trabalharam juntos no Real Madrid e Roma, sempre com sucesso. Na época de Real, o time era apontado como dono de uma das melhores duplas de laterais do mundo: Roberto Carlos e Panucci. A dobradinha entre técnico e jogador continuou na Roma, para onde ele se transferiu em 2001 e ficou até 2009.

Encerrada a carreira, Capello chamou o ex-atleta para trabalhar como seu auxiliar técnico na seleção russa em 2012. A trajetória da dupla ruiu depois da Copa do Mundo no Brasil. Após a eliminação na primeira fase do Mundial, o ex-jogador trabalhou por alguns meses sem receber salário. Aguentou alguns meses e explodiu.

Saiu 'cuspindo marimbondos' e sobrou para Capello, classificado pelo jogador como dono de um comportamento vergonhoso. Panucci acusou o treinador de não ter feito o suficiente por ele e por outros membros da comissão técnica. Ouviu do ex-chefe o argumento de que a federação russa não estava pagando ninguém, mas evitou dar mais explicações para não alimentar o assunto.

Não foi a primeira saída conturbada de Panucci. Em 2012, o presidente do Palermo, Maurizio Zamparini, revelou que estava à procura de um vice-presidente. Alguns órgãos de imprensa publicaram que era diretor esportivo, cargo ocupado pelo ex-lateral direito. Ele entregou o cargo na hora, antes do mal-entendido ser esclarecido.

Continuou apenas como comentarista da Sky na Itália. Na frente das câmeras, continuou a dizer o que pensava e declarou que considerar Mario Balotelli craque é prova do baixo nível do futebol italiano atual. Esta não a única experiência na televisão. Ele participou do programa “Bailando com as estrelas” e terminou em quinto lugar. Nem precisava deste título. Já tem na prateleira duas Liga dos Campeões, mundial de clubes e dois Campeonatos Italianos.