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Desvantagem e passado perdedor: Arsenal está em xeque na Liga dos Campeões

Arsene Wenger abaixa a cabeça durante a derrota do Arsenal para o Monaco, pela Liga dos Campeões - AP Photo/Matt Dunham
Arsene Wenger abaixa a cabeça durante a derrota do Arsenal para o Monaco, pela Liga dos Campeões Imagem: AP Photo/Matt Dunham

Do UOL, em São Paulo

17/03/2015 06h00

Você já ouviu falar em “Farsenal”? A origem do neologismo é incerta, mas ele dominou redes sociais e arquibancadas nos últimos anos como forma de provocar o Arsenal. O time inglês está entre os maiores faturamentos do planeta (o oitavo maior de 2014, segundo a consultoria Deloitte) e tem apostado numa combinação de jogadores promissores e estilo marcante (velocidade e muita troca de passes), com um mesmo técnico desde 1996 (o francês Arsène Wenger). E desde 2005, todo esse poder gerou apenas duas taças (a Copa da Inglaterra e a Supercopa da Inglaterra, ambas em 2014).

Nas últimas quatro edições da Liga dos Campeões da Uefa, o Arsenal caiu nas oitavas de final. Culpa do sorteio, diziam os torcedores da equipe inglesa, que pegou Barcelona (2010/2011), Milan (2011/2012) e Bayern de Munique (2012/2013 e 2013/2014).

A atual edição, contudo, virou ameaça para essa teoria. O time londrino foi o segundo colocado num grupo que teve o Borussia Dortmund como líder. Em vez de Bayern de Munique, Real Madrid ou Barcelona, pegou o Monaco nas oitavas de final. E logo no primeiro jogo, o Arsenal perdeu por 3 a 1 em pleno Emirates Stadium. Era a munição que os rivais precisavam para resgatar o “Farsenal”.

O Monaco é um time montado a partir de uma defesa extremamente eficiente (apenas dois gols sofridos na Liga dos Campeões, somando fase de grupos e a ida das oitavas de final). E o Arsenal precisa bater essa equipe por pelo menos três gols de vantagem nesta terça-feira (ou dois, desde que faça pelo menos quatro) se quiser avançar no torneio continental.

“Nós temos de pensar em seguir evoluindo. Vencemos oito dos últimos nove jogos e estamos mais fortes a cada dia”, opinou Wenger em entrevista coletiva depois da vitória por 3 a 0 sobre o West Ham no último sábado (14).

O problema é que o Arsenal, como lembrou o próprio Wenger, também vinha de uma sequência positiva antes do primeiro confronto com o Monaco: “Não fizemos o que queríamos, o que chegou a ser uma surpresa para um time que tinha vencido 12 jogos dos 14 anteriores. Não jogamos bem, mas a vida às vezes nos dá uma segunda chance. Teremos uma agora”.

A segunda chance do Arsenal não é apenas no confronto com o Monaco, mas na história recente. Wenger vinha sendo muito questionado até os títulos de 2014, mas as taças serviram para aplacar um pouco os apupos. Depois de o time ter voltado a ser campeão, contudo, a torcida também subiu o nível de expectativa. Sobretudo por não ter um rival de enorme poder finaceiro nas oitavas de final da Liga dos Campeões.

Entre os técnicos que nunca venceram a Liga dos Campeões da Uefa, nenhum tem mais partidas no torneio do que Wenger, de 65 anos. “Nós estamos há 17 temporadas seguidas na competição, e fácil nós sabemos que é uma palavra que não condiz com o torneio. Não vai ser fácil”, avaliou.

A história no Arsenal, aliás, não é o único motivo para Wenger ter uma tarde especial nesta terça-feira. Ele também vai reencontrar o Monaco, time que o projetou para o cenário europeu.

O Monaco contratou Wenger depois de uma conturbada passagem do técnico pelo Nancy, o primeiro time que ele dirigiu. O técnico acumulou um 12º, um 18º e um 19º lugar no Campeonato Francês em suas três temporadas iniciais na carreira, com um rebaixamento para a segunda divisão.

Até por isso, causou surpresa quando o Monaco escolheu um técnico que havia caído com o Nancy uma temporada antes. Wenger conduziu uma mudança drástica na equipe do Principado, que abriu espaço para nomes como Petit, Henry e George Weah. Era o início de um período prolífico, que rendeu títulos do Campeonato Francês (1987/1988) e da Copa da França (1990/1991).

Wenger foi demitido do Monaco por causa de resultados adversos, mas teve respaldo da diretoria do Arsenal desde que foi contratado. Também conduziu uma reformulação na equipe inglesa, que passou a ter um estilo extremamente marcante. A questão agora é dizer se esse estilo de jogo vai ser suficiente para afastar o fantasma do “Farsenal”.